*Flávio Almeida Reis
A campanha “Veta Dilma!” ganhou a boca do povo. A Presidenta ainda faz as últimas reuniões antes de anunciar sua decisão na sexta, 25/05. A comunidade científica não foi ouvida pelo Congresso. Importantes entidades, como a SBPC e ABC, têm muito a dizer sobre esta lei que toca em questões fundiárias e ecológicas. E já que a Presidenta ainda está disposta a reunir subsídios para fundamentar seu posicionamento sobre o tema, faria muito bem refletindo sobre a avaliação crítica das alterações nesta lei apresentadas pela SBPC e ABC em diversos momentos, sobretudo na carta enviada em 17/05.
É preciso lembrar que a bancada ruralista não perdeu nenhuma votação. Seu maior partido, o PMDB, ganhou todas as votações em que PT e PMDB estiveram em posições divergentes. A coalizão do PT com os partidos conservadores desarmou os petistas desde o início do embate.
Lembrem-se da declaração da Dep. Benedita (PT-RJ), ao final da derrotada sessão do dia 25/04, lamentando que os ruralistas não quiseram entrar num “grande consenso” com o PT. Afinal, que tipo de consenso seria possível construir com partidos burgueses? Quando a gente espera um consenso da burguesia a favor dos interesses dos trabalhadores o resultado é esse: ilusão e confusão entre quem são nossos inimigos e quem são nossos aliados.
A bancada ruralista está em recuo, ela sabe que foi longe demais. Eles tentaram roubar a vitória dos trabalhadores. E Dilma terá que ter pulso firme nesse momento. Todas as condições estão reunidas para Dilma dizer um sonoro NÃO a esses reacionários. Diante da campanha “Veta Dilma”, até mesmo Paulo Piau (PMDB-MG), relator do projeto da Câmara, pede que Dilma vete parte da proposta aprovada. (Estadão, 28/04/12) Afinal, por que uma Presidenta com 77% de aprovação precisaria se render a um congresso de Demóstenes, vendidos a ruralistas e cachoeiras? Sem esquecer também que é urgente realizar a reforma agrária, a alta concentração de terras sob um punhado de proprietários é o principal fundamento do poder político dos ruralistas.
Até esta sexta (25/05), Dilma precisará honrar seu compromisso de campanha, precisará vetar todas as alterações do Código Florestal e emendar a lei atual por Medida Provisória, como pedem os movimentos sociais. Um amplo apoio da CUT, MST e da respeitada comunidade científica brasileira lhes dá este respaldo. E a mais importante lição desse episódio que a militância de esquerda pode aprender é que precisamos romper com essa base aliada de direita. O DEM está sumindo. O PSDB não tem mais nada a dizer ao povo. A direta mais forte está organizada no interior do Governo na forma de “base aliada”.
Acorda PT! Veta tudo Dilma!
Este artigo é um pequeno extrato de um texto de fundo publicado no nosso site. Para tanto, indicamos a leitura do artigo intitulado “Código Florestal: as ilusões na ‘base aliada’ e a postura firme que os trabalhadores esperam de Dilma”. Clique aqui
*Flávio Almeida Reis Militante da Esquerda Marxista – RJ.