No dia 20 de fevereiro, foi realizada uma assembleia dos professores da rede estadual do Rio de Janeiro, que tinha como pauta central discutir o início de uma greve da categoria. As centenas de educadores presentes votaram pelo inicio da greve no dia 2 de março.
No dia 20 de fevereiro, foi realizada uma assembleia dos professores da rede estadual do Rio de Janeiro, que tinha como pauta central discutir o início de uma greve da categoria. As centenas de educadores presentes votaram pelo inicio da greve no dia 2 de março.
As principais pautas da greve estavam concentradas nos ataques aos direitos que os servidores estão sofrendo recorrentemente: atraso e parcelamento de salários e 13º, mudança de calendário de pagamento, congelamento do salário, propostas de aumento da contribuição previdenciária (de 11 para 13%), péssimas condições de trabalho, demissões dos colegas terceirizados e todo tipo de assédio moral.
Todos esses motivos (e mais alguns outros) fizeram com que muitos professores que nunca tinham aderido à greve se convencessem de participar desta vez. Essa indignação generalizada, unida ao bom trabalho de base, realizado por muitos professores convencidos a lutar, fez com que a assembleia do dia 2 de março tenha aumentado de tamanho exponencialmente em relação às anteriores.
Além dos milhares de professores e funcionários, centenas de estudantes estiveram presentes, prestando apoio aos seus educadores. Inflamaram a greve com uma energia típica da juventude e garantiam um animado ato unificado entre servidores, estudantes e apoiadores. Todos juntos lutando contra os ataques do governador Pezão.
Essa tal de crise, o que é exatamente?
A palavra crise foi uma das mais escutadas durante as falas no ato.
Muitos entendem que a crise é apenas uma invenção para assustar os trabalhadores. Outros afirmam que a crise é seletiva, ou seja, que está afetando apenas parte da população, no caso os mais pobres. Outros ainda seguem a linha dos economistas burgueses e dizem que a crise é de “confiança” e que por isso devemos continuar consumido normalmente, “confiando” na capacidade de gestão da presidente Dilma e dos governadores de Estado. Esses últimos acham que assim, em breve, essa crise vai ser superada, as bolsas de valores ficarão em alta novamente e todos voltaremos a ser felizes como sempre fomos.
Piada de mau gosto né? Típica de quem não sabe como é a vida de um trabalhador assalariado. Típico de quem não sabe que, quando um trabalhador recebe o 13º parcelado ou tem o salário atrasado em alguns dias, isso desmorona toda estabilidade financeira de uma família de classe pobre.
É preciso explicar a raiz dessa crise, da qual tanto se fala.
Essa não é uma crise local. Já explodiu em outros estados e agora afeta mesmo os estados mais fortes economicamente, como Rio de Janeiro. A verdade é que é uma crise mundial que tem atingido muitos outros países pelo mundo e que chega com força às economias dominadas como o Brasil. Ela tão pouco nasceu agora. Desde 2008 ela se anuncia, e os governantes vinham fazendo de tudo para abafá-la. Mas uma hora a conta bate.
Aquela marolinha que o Lula falou, agora virou Tsunami e passa carregando e destruindo tudo pelo caminho.
A política que está sendo aplicada no Estado para “solucionar” essa crise é um reflexo da política aplicada nacionalmente. O chamado ajuste fiscal aplicado pelo Governo Federal, estados e municípios é o verdadeiro golpe que está sendo implantado e pouca gente se dá conta. O ajuste fiscal é a máxima de que “os ricos fazem a crise, e os pobres pagam por ela”.
A presidente Dilma, a criadora do slogan “Pátria Educadora”, garante que a dívida pública vai ser paga a todo custo. Essa é sua solução. Mas de onde vai vir o dinheiro para pagar os banqueiros? Do bolso dos trabalhadores, claro. Aumento de impostos, inflação, CPMF, ampliação do tempo pra se aposentar etc.
Pra ter ideia, cerca de 40% da receita nacional vai para pagar a tal da dívida pública interna e externa. Enquanto isso cerca de apenas 5% vai para educação. Daí podemos ver a quem serve a nossa presidenta e quais são suas prioridades.
É preciso dar nome às coisas. Esta não é apenas uma crise de gestão, de representatividade ou financeira. Esta é uma crise de um sistema político-econômico, que se chama capitalismo. É uma crise de acúmulo de capital, de superprodução.
E a única solução é quebrar essa lógica de exploração dos trabalhadores. Não são os trabalhadores e seus filhos que devem pagar pelo descaso dos governantes e seus aliados. É necessário construir uma unidade entre todos os servidores públicos, entre todos que defendem os serviços públicos como transporte, saúde e educação para toda a população. E tudo isso de forma pública, gratuita e irrestrita.
Com essa unidade, poderemos derrotar esses inimigos da educação, inimigos do povo. Vamos aprender com os secundaristas de São Paulo e mostrar que o povo unido é forte e sabe lutar.
Essa conta não é nossa e não podemos pagar por ela.
Ø Greve geral dos servidores públicos do Rio de janeiro
Ø Condições dignas para educadores e estudantes
Ø Educação pública, gratuita e para todos
Felipe Araujo é professor de Filosofia da rede pública estadual e milita na Liberdade e Luta.
Contato : felipe.araujo87@hotmail.com