É preciso lutar de verdade contra Temer, o Congresso e suas reformas

O governo Temer, débil desde o primeiro dia, completou um ano com apenas 9% de aprovação. Ou seja, uma popularidade mais baixa do que a do governo Dilma na época do impeachment. 71% da população rejeita a Reforma da Previdência, cuja votação é adiada diante da dificuldade do governo em garantir os 308 votos necessários para sua aprovação na Câmara dos Deputados.

Enquanto isso, o movimento de jovens e trabalhadores demonstra força e disposição de luta. Tal ânimo foi visto uma vez mais na Greve Geral de 28 de abril, com a paralisação de importantes categorias e manifestações massivas – mesmo a maior central sindical do país, a CUT, não incentivando a participação nos atos, lançando a orientação “Greve Geral 28 de abril é dia de ficar em casa”. 

Cortina de fumaça

Em um momento de crescente mobilização contra o governo, a burguesia e sua imprensa buscam desviar o foco novamente para a Operação Lava Jato. O novo episódio foi o espetáculo armado em torno do depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro, tratado como a luta entre dois adversários em um ringue.

Nossa posição é clara: repúdio total às medidas totalitárias de Moro e do judiciário, contra as acusações e prisões sem provas, contra os ataques às liberdades democráticas que abrem precedentes para a criminalização do movimento operário, nenhum apoio à Lava Jato e aos seus objetivos políticos e econômicos pró-burgueses. Ao mesmo tempo, não estamos em defesa de Lula, muito menos da política que ele defende. Lula e PT se adaptaram ao jogo burguês de governar e administrar o capitalismo, incluindo a relação promíscua com o grande capital. 

Só o que pode vir num eventual novo governo Lula é mais conciliação de classes e a continuidade dos ataques a serviço da preservação do capitalismo. Por isso apoiamos que o PSOL tenha candidato a presidente próprio em 2018 e o lance com a maior rapidez possível para não permitir que a candidatura de Lula desponte como a única alternativa visível contra os partidos tradicionais de direita.

O depoimento em Curitiba revelou também o fracasso da direita, com as pífias manifestações convocadas para apoiar a Lava Jato. Tais desenvolvimentos da situação desmontam os argumentos daqueles que só viam uma onda conservadora dominando a sociedade.

A luta que importa e o papel das direções sindicais

As massas estão certas. Até nas redes sociais a maioria que se manifesta trata das reformas, não da Lava Jato. Isso apesar de toda a propaganda feita nos jornais e TVs. O povo sabe muito bem o que vai atingi-lo: a destruição da previdência e dos direitos trabalhistas. 

Temer não está parado. Realiza uma série de negociações, incluindo anistias a débitos previdenciários para garantir apoio à Reforma da Previdência. 

As centrais sindicais recusam-se a organizar verdadeiramente a luta para derrubar Temer e barrar as reformas. Ao que parece, estão mais interessadas em negociar o “imposto sindical” e outras formas de “contribuições” obrigatórias dos trabalhadores para os sindicatos, do que em derrubar as reformas que atacam os direitos e conquistas da classe trabalhadora.

Estaremos presentes e estamos mobilizando para a Marcha a Brasília do dia 24/5 convocada pelas centrais sindicais. Esta marcha é um passo importante, mas insuficiente para garantir a vitória, ainda mais se não é acompanhada de uma greve geral que viabilize a participação da base.

Também não bastam greves gerais de um ou dois dias que, aliás, foram utilizadas à exaustão na Grécia para aliviar a pressão sobre as direções e cansar a base. É uma tarefa de nosso movimento construir as condições para uma greve geral por tempo indeterminado.

Para ganhar as massas e organizá-las para o combate, nós propomos que as centrais sindicais, a começar pela CUT, convoquem um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora envolvendo o movimento sindical, estudantil e popular, avançando na unidade, dando voz e voto para a base decidir os caminhos e rumos desta luta.

É plenamente possível derrubar Temer, o podre e desmoralizado Congresso Nacional, derrotar as contrarreformas e abrir caminho para uma nova sociedade. Esta é a nossa luta.