8 de Março na Avenida Paulista. Foto: Johannes Halter

Ecos do 8 de março

Artigo publicado no jornal Foice&Martelo 132. Clique aqui, para assinar, receber e ler online o conteúdo completo de todas as edições.

Em 2018 se repetiram os massivos atos das mulheres em todo o mundo. Relembrando as lutas daquelas que nos antecederam e pautando as batalhas que enfrentamos nos dias de hoje, milhares de mulheres foram às ruas no último dia 8 de março.

O movimento Mulheres pelo Socialismo esteve nas ruas, nas atividades e nos atos do 8M levando sua posição de classe e seu programa de luta contra o governo Bolsonaro.

Além dos atos, temos nos construído através de consistentes formações teóricas, fundamentais para a compreensão da realidade e para a organização da classe trabalhadora. Assim, ao longo do mês de março, diversas atividades estão sendo realizadas em todo o país com a temática da luta das mulheres e com o lançamento da brochura “O marxismo e a luta contra as ideias estranhas à classe trabalhadora”.

Nas diversas cidades onde estivemos presentes, além das pautas ligadas à questão da mulher trabalhadora, a infame proposta de reforma da previdência esteve na ordem do dia, de forma mais ou menos central, mas presente. Como apresentamos em nossa declaração, é preciso ter clareza em relação àquilo que estamos enfrentando. O governo Bolsonaro, reacionário e demagogo, construiu sua imagem a partir de uma suposta novidade e pelo fim da velha política, mostrando agora sua real faceta de moralista sem moral e de continuidade dos ataques à classe trabalhadora e dos velhos hábitos da política burguesa.

O principal objetivo desse governo é atacar os trabalhadores, aprofundando a reforma trabalhista e resolvendo a questão da reforma da previdência, que se arrasta – graças à lutas dos trabalhadores – desde o governo Dilma. Nesse sentido, fomos às ruas denunciar, conversar e explicar às mulheres trabalhadoras e jovens que o 8 de março era uma data importante e um instrumento fundamental para a organização da classe trabalhadora.

Assim como fizemos história na Revolução Russa, podemos continuar fazendo a história e construir uma potente greve geral, alimentada através de fortes manifestações e organizada a partir de cada local de trabalho, a fim de impedir o fim da previdência e da assistência social.

Nós mulheres seremos uma parcela da população fortemente atacada se essa reforma for aprovada. Nosso tempo de contribuição aumentará drasticamente, com a redução dos valores da aposentadoria e a diminuição do acesso e do recebimento de benefícios como as pensões por morte. Nós mulheres somos a parcela da classe trabalhadora que mais trabalha quando observadas as horas de trabalho por semana – considerando as jornadas duplas e triplas –, sendo aquelas que recebem salários inferiores aos dos homens.

Fruto da barbárie capitalista que se aprofunda, somos vítimas cotidianas da violência e, no dia da mulher trabalhadora, somos obrigadas a ouvir da Ministra da Família que apanhamos porque os meninos estão aprendendo que somos iguais a eles e que, portanto, também podem nos bater. Essa fala, como inúmeras outras que são proferidas todos os dias por esse governo, demonstra o caráter reacionário e atrasado daqueles que assumiram o Estado, mas não podem nos desviar da luta que é central nesse momento: derrotar a reforma da previdência e derrubar esse governo!

Para que isso seja possível, é preciso tomar o exemplo das mulheres que lutaram antes de nós e que tinham a certeza de que nenhum direito é garantido no sistema capitalista, e que, portanto, somente uma luta que vislumbra a superação desse sistema pode ser vitoriosa. É preciso manter acesa a disposição de luta das mulheres trabalhadoras e nos organizarmos, junto à nossa classe, para enfrentar os ataques que se aprofundam, construindo uma nova sociedade: uma sociedade socialista.

Por fim, retomando grandes revolucionárias da nossa história e reafirmando o 8 de março como dia de luta da mulher trabalhadora, tomamos as palavras de Aleksandra Kollontai e Clara Zetkin:

Enquanto a mulher não tomava parte direta na produção de mercadorias,     enquanto sua atividade se limitava principalmente à manufatura de    ‘produtos de uso doméstico’, não podia haver nem sombra da questão     feminina como ela é colocada hoje. Mas, a partir do momento em que a           mulher pôs os pés na estrada do trabalho, em que o mercado mundial     reconheceu seu trabalho, que para a sociedade ela passou a significar   uma unidade de trabalho por si só, a secular ausência de direitos na       sociedade, a antiga escravização no seio da família, os velhos grilhões que restringiam sua liberdade de movimento tornaram-se para ela         duplamente pesados, duplamente insuportáveis…” (Kollontai, “A mulher    trabalhadora na sociedade contemporânea”)

A emancipação humana integral de todas as mulheres depende,      portanto, da emancipação social do trabalho; o que somente pode ser realizado pela luta de classes contra a exploração da maioria. Portanto, nossas mulheres socialistas se opõem fortemente ao credo das mulheres           burguesas de que seus direitos são os direitos das mulheres de todas as    classes e por isso deve ser um movimento apolítico, neutro, exclusivamente pelos direitos das mulheres.” (Clara Zetkin, “O movimento    das mulheres socialistas na Alemanha”)

  – Contra a Reforma da Previdência!

Por uma previdência pública e solidária!

 – Fora Bolsonaro!

 – Viva o 8 de março!

 – Viva a luta das mulheres trabalhadoras!

 – Viva a luta pelo socialismo!