Artigo abaixo analisa o fracasso do partido comunista grego, nas eleições de maio, explicando os motivos que o levaram a não crescer e a perder a referência de partido comunista esquerda para o Syriza.
O resultado eleitoral do Partido Comunista Grego (KKE) revela objetivamente um sério fracasso político. Seus resultados de 8,48% (26 cadeiras parlamentares) representam um aumento de sua força eleitoral de meros 0,94%, em uma situação na qual centenas de milhares de trabalhadores e jovens estão se movendo para a esquerda. Enquanto o SYRIZA aumentou sua votação em 800 mil votos, o KKE aumentou somente em 18.823 votos.
A razão deste resultado decepcionante se deve à persistente recusa da direção do partido em oferecer uma perspectiva visível de solução do poder, de um governo alternativo, para as massas. Fizeram tudo isto sob a desculpa da “imaturidade das condições” e da “necessidade de uma forte oposição”.
A liderança do KKE usou todo tipo de truques em sua tentativa de separar governo e autoridade, identificando qualquer governo de esquerda com a autoridade do capital. Ao invés de aceitar o apelo de SYRIZA para a unidade e combinar isto com a apresentação de um programa revolucionário correto que um governo de esquerda pudesse realizar, comportam-se e se reivindicam como comunistas “ortodoxos”, recusando-se até mesmo a abrir discussões sobre a constituição desta unidade. Em vez disso, eles fazem referência a um abstrato “poder popular”, a ser estabelecido em algum momento no futuro.
As massas trabalhadoras, portanto, tinham que escolher nas eleições entre dois tipos de Esquerda. Havia o KKE, que apresentou todas as lutas por um governo de esquerda neste parlamento como ultrapassadas e sem sentido. E havia SYRIZA que, com a palavra de ordem por um governo de esquerda, ofereceu uma perspectiva concreta de um governo alternativo – embora com um programa obscuro, contraditório e insuficiente.
Confrontado com esta escolha, as massas no fim, em vez de passividade e fatalismo, preferiram a esperança política. Dessa forma, a tática da liderança do Partido Comunista, na prática, provou ser o maior obstáculo ao desenvolvimento da força eleitoral do partido.
Foi a classe trabalhadora, em particular, quem condenou a tática da liderança do Partido Comunista de forma visível nas grandes áreas de aglomeração da própria classe e nas municipalidades de Atenas e Pireus. Dessa forma, enquanto em todo o país o partido ganhou um ligeiro aumento, no segundo colégio eleitoral de Atenas perdeu 1,2%; no segundo colégio eleitoral de Pireus, perdeu 0,59% e, indicativamente na municipalidade de Nea Ionia (um enorme bairro da classe operária de Atenas), perdeu 1,7%; na municipalidade de Peristeri, 0,5% e, na municipalidade de Perama, 0,8%.
Os resultados eleitorais mostraram que se houvesse uma aliança eleitoral KKE-SYRIZA, a formação de um governo de coalizão da Esquerda teria sido inteiramente possível. E consideramos que esta aliança teria atraído ainda mais votos que os resultantes da soma dos dois partidos, em separado.
A abordagem sectária da liderança do KKE em relação ao apelo por um governo da Esquerda teve três consequências devastadoras. Devido a isso, uma oportunidade histórica para um governo que poderia arrancar o capitalismo pela raiz foi perdida. Essa liderança decepcionou a base do Partido Comunista e impediu qualquer novo aumento da influência do partido entre as mais amplas massas. Também serviu como desculpa para a liderança de SYRIZA procurar aliados na ala direita da Esquerda Democrática ou, mesmo no desespero, na direção dos Gregos Independentes, alterando fundamentalmente as características revolucionárias de um governo de esquerda.
Os pobres resultados do Partido Comunista são, além disto, uma forte confirmação da urgente necessidade de uma mudança política. Os militantes de base do partido e a Juventude Comunista devem exigir que o partido retorne ao caminho do genuíno leninismo que apresentou a demanda por um governo dos trabalhadores, um governo da Esquerda com um programa socialista, seguindo a tática de uma Frente Única dos Trabalhadores.
Traduzido por Fabiano Adalberto