Certamente devemos repudiar energicamente as maquinações golpistas de Bolsonaro e outros sacripantas da mesma laia. Um golpe de Estado como o que foi desvelado pelas investigações da Polícia Federal poderia ter instalado um regime de exceção, colocando em questão as liberdades democráticas tão caras ao proletariado em luta por sua emancipação.
Entretanto, não podemos fazer coro com a mera “defesa da democracia” tal como está posta hoje no Brasil. Que democracia? A democracia formal burguesa nada mais é do que uma das formas com que se apresenta a ditadura do capital.
É democrático que metade das receitas do Estado brasileiro sejam destinadas ao pagamento da dívida interna e externa, que não foi o povo que fez? Uma dívida fraudulenta que já foi paga várias vezes? Uma dívida que nada mais é do que um esquema de transferência trilionária de recursos públicos para os bolsos de especuladores e donos do capital financeiro? E isso enquanto milhões trabalham de sol a sol, sem folga, sem direitos trabalhistas, sem seguridade social alguma? E os outros milhões que trabalham com carteira assinada se vem obrigados a se submeter a condições de trabalho cada vez piores, com apenas um dia de folga na semana (escala 6×1)?
Que democracia é essa em que o governo Lula-Haddad anuncia um pacote de cortes bilionários que atinge justamente os que recebem salário mínimo, os idosos, os mais pobres e os trabalhadores mais precarizados? Enquanto isso são preservadas as isenções (mais de 700 bilhões de reais) das multinacionais, das companhias aéreas, de petróleo, do “agronegócio”?
Que democracia é essa em que a polícia mata impunemente o proletariado, principalmente sua parcela pobre e preta das periferias das grandes cidades, seja nos estados governados pela direita bolsonarista (como em SP), ou governados pela “esquerda” (como na Bahia)?
O primeiro direito democrático é o direito à vida. O regime político atual é incapaz de garantir esse direito elementar. A violência se espalha como um câncer na sociedade. As ditas forças de segurança são as primeiras a promovê-la. São milhares e cotidianos os “casos isolados” divulgados e tantos outros que talvez jamais saberemos.
E é preciso cobrar a responsabilidade de Lula. Se por um lado, todos votamos pela derrota de Bolsonaro nas últimas eleições presidenciais, Lula eleito vem aplicando a mesma política econômica do governo anterior e acolhe em seus ministérios figuras de extrema-direita, abertamente bolsonaristas, mesmo depois das tramas golpistas reveladas!
São as ditas “democracias” dos EUA e da Europa que promovem e financiam a guerra e a barbárie no Oriente Médio, no continente africano e no Leste Europeu. Lula fala em democracia no Brasil e critica o genocídio na Palestina, porém, seus atos são de cumplicidade e manutenção das relações comerciais com o Estado sionista de Israel.
Esta “democracia” não nos serve e nós não a defendemos. Lutamos para derrubá-la e para construir uma sociedade verdadeiramente democrática, em que tudo seja decidido pela maioria, que são os que trabalham, produzem e reproduzem a sociedade. Lutamos pelo comunismo no Brasil e no mundo. Junte-se à OCI, seção brasileira da Internacional Comunista Revolucionária!