Ao longo dos séculos, a grande arma dos marxistas sempre foi a superioridade de seu programa. Desde os tempos de Marx e Engels, a bandeira do socialismo científico enfrenta a resistência de outras que surgiram no alvorecer da sociedade capitalista, quando a classe operária ainda não estava plenamente constituída (como o anarquismo), bem como a hostilidade permanente da burguesia e de seus agentes, que jamais deixaram de propagar toda a sorte de distorções e mentiras contra o marxismo. Diante de tamanha hostilidade, os verdadeiros revolucionários sempre foram capazes de se sobressair graças à superioridade absoluta de suas análises, as únicas que ofereceram e seguem oferecendo explicações concretas e, principalmente, uma saída real para o impasse que o capitalismo impõe à humanidade.
A atualidade do socialismo, bem como a necessidade de defendê-lo diante daqueles que pretendem enterrá-lo sob uma pilha de calúnias, é ainda maior hoje do que foi em qualquer outro tempo histórico. Muito mais do que nos anos 1930, a crise enfrentada pelo capitalismo nos tempos atuais, agravada pelo surgimento da pandemia do novo coronavírus, faz com que um número cada vez maior de trabalhadores e jovens comecem a questionar a legitimidade de um sistema socioeconômico em que uma minoria de multibilionários enriquece ainda mais enquanto o desemprego alcança a cifra de dezenas de milhões, mesmo nos países mais avançados do mundo, e as vítimas da Covid-19 se contam às centenas de milhares. Por toda a parte, o descontentamento e a revolta preparam o terreno para uma intensificação da luta de classes.
Consciente do perigo que se aproxima, a burguesia não permanece inerte. E assim como fez em outros momentos, prepara suas tropas para a guerra em várias frentes, entre as quais uma das mais importantes está a ideológica. Por ideologia pode-se ler marxismo. Na atualidade, além do já conhecido arsenal de calúnias, os capitalistas contam com novas trincheiras para proteger seu sistema do espectro que o ronda mais do que nunca. Desde os anos 1970, quando foram criadas pelas mãos da administração do presidente americano Richard Nixon e da Fundação Ford, as chamadas “políticas identitárias” propõem fracionar o combate às diferentes formas de opressão criadas ou adaptadas pelo desenvolvimento histórico do capitalismo e assim canalizar o ódio da juventude para direções que não ofereçam perigo à burguesia.
A adesão a essas ideias alheias à rica trajetória de luta da classe trabalhadora por parte de quase todos os setores da esquerda, mesmo aqueles que se proclamam revolucionários e até mesmo “marxistas”, pode ser explicada pelo enorme pessimismo que tomou conta de quase todas as direções do movimento operário e estudantil, pela descrença no potencial revolucionário da classe trabalhadora e, sobretudo, pelo abandono completo da defesa de um programa socialista e revolucionário. Enquanto alguns desses dirigentes já tornaram explícita sua rejeição ao marxismo, chegando inclusive a combatê-lo publicamente em alguns casos, outros adotaram o identitarismo e outras ideias pequeno-burguesas venenosas enquanto insistem, da boca para fora, que são marxistas.
Nesse cenário onde a revolução torna-se uma ameaça cada vez mais iminente para a burguesia, que por sua vez procura defender-se de todas as formas, mesmo que isso signifique recorrer a figuras sinistras como Trump e Bolsonaro, a necessidade de defender e propagar as ideias do marxismo é ainda mais premente. Por isso, a Corrente Marxista Internacional (CMI), organização marxista presente em mais de 40 países, mantém-se firme na difusão do marxismo, utilizando-se de diferentes meios para divulgar suas análises. Um deles é a revista semestral América Socialista, fruto do trabalho conjunto de diversas sessões da CMI pelo continente americano. Em seus artigos, os camaradas se desdobram sobre a situação política que se vê por toda a América, desde o Canadá até a Argentina.
Nesta edição, o leitor poderá ter acesso a textos detalhados sobre a situação política atual no Brasil e no resto do mundo em um informe detalhado escrito para o 7° Congresso da Esquerda Marxista, sessão brasileira da CMI. Além do informe, artigos sobre a onda revolucionária que varreu a América Latina, levando a grandes explosões sociais em países como o Equador e o Chile, onde os presidentes quase caíram, e sobre o desenvolvimento da luta de classes no coração do capitalismo mundial, os Estados Unidos, relacionando os fatos do presente com o passado e provando — ao contrário do que imaginam os ignorantes pequeno-burgueses — que a classe trabalhadora americana possui uma longa tradição de luta revolucionária.
Mais do que uma simples coletânea de artigos, nossa revista é um instrumento de construção das forças do marxismo na América. Os textos escritos por nossos camaradas têm como objetivo oferecer análises e propostas para serem aplicadas na luta. Da mesma forma, a venda da revista tem como objetivo financiar a construção das forças do marxismo, tarefa essencial para manter vivas as esperanças de revolução. Por isso convidamos todos os leitores do nosso jornal a comprar nossa revista, ler seus artigos e a conhecer nossa organização.