Este artigo analisa os desdobramentos da greve dos trabalhadores da LG iniciada na semana passada e que foi suspensa ontem (19/4). Em breve publicaremos uma análise sobre a suspensão da greve e os próximos passos.
A LG se tornou a terceira maior fabricante de telefones celulares do mundo, em 2013. Mas nos últimos anos sua divisão de smartphones tem lutado em meio a uma competição acirrada em um mercado que inclui Apple, Motorola e Huawei. Os obstáculos foram tantos que a empresa anunciou nesse ano, no dia 05 de abril o fechamento definitivo de seu negócio de telefonia celular em todo o mundo.
Em janeiro, a gigante sul-coreana de eletrônicos já havia dito que estava considerando todas as opções gestoras, depois de registrar quase seis anos de perdas, totalizando cerca de US$ 4,5 bilhões (R$ 25 bilhões). Até junho de 2020, a LG detinha 4,5% do mercado latino-americano, muito longe dos 42,5% da líder, a Samsung. No Brasil, será fechada a fábrica de celulares da LG em Taubaté – SP, onde trabalham mil funcionários e será transferido o setor de monitores e notebooks para a fábrica de Manaus – AM. Ao todo, cerca de 700, dos mil funcionários diretos, devem perder o emprego. Com o encerramento da linha de celulares, computadores e notebooks a empresa vai demitir 400 funcionários do setor de celulares e 300 dos setores de notebook e monitores. Além das demissões diretas, outros 400 postos de trabalho devem ser encerrados nas empresas terceirizadas.
As empresas ficam em Caçapava e São José dos Campos e, segundo o sindicato da categoria, não teriam como manter a produção sem a demanda da LG. A decisão de fechamento afetará todas as regiões em que está presente — inclusive a América Latina, seu terceiro maior mercado. A LG informou que negociava com o sindicato a adoção de compensação adicional aos direitos já vigentes, avaliando todas as possibilidades, como realocação, transferência ou rescisão. Claro está que, os únicos beneficiados com a saída da LG do mercado, serão a rival sul-coreana Samsung e empresas chinesas como a Oppo e a Xiaomi.
Os trabalhadores da fábrica da LG em Taubaté, no interior paulista, entraram em greve após rejeitar a proposta de indenização aos trabalhadores que serão demitidos com o fechamento da fábrica. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e Região (Sindmetau), a paralisação tem adesão de 700 empregados das linhas de celulares e monitores. A LG ofereceu valores adicionais nos acordos de rescisão entre R$ 8 mil e R$ 35,9 mil, calculados a partir do tempo de trabalho na fábrica que foram rejeitados em assembleia, no dia 12 de abril.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos informa ainda que também estão paralisados, os funcionários de três empresas fornecedoras da multinacional em Caçapava e São José dos Campos, pela manutenção de 430 postos de trabalho nessas linhas de montagem.
Segundo Marx, na sociedade capitalista as relações sociais de produção definem dois grandes grupos dentro da sociedade: de um lado os capitalistas, chamados por ele de burgueses, que são aqueles que possuem os meios de produção, como as máquinas, ferramentas e capital, necessários para transformar a natureza e produzir mercadorias; do outro, os trabalhadores, também chamados, no seu conjunto, de proletariados, aqueles que nada possuem, a não ser o seu corpo e sua disposição para o trabalho. A produção na sociedade capitalista só se realiza porque os burgueses e proletários possuem uma relação de dominação e exploração.
A greve é o fenômeno social que melhor representa a luta de classes e se tornou a forma de reivindicação predominante, assim que os trabalhadores adquiriram maior consciência de classe, pois com as paralisações, os trabalhadores passaram a se reconhecer como iguais e em oposição à outra classe. No entanto, esse importante instrumento de pressão sobre as classes dominantes caiu drasticamente no ano passado, em cerca de 46%, no Brasil. Se por um lado isso aconteceu devido à pandemia do novo coronavírus e agora atinge patamares ainda mais alarmantes, por outro, há o papel covarde e traidor das direções sindicais (CUT etc.), que não organizam as categorias e negociam diretamente com a patronal (fazendo sempre valer o interesse dos patrões).
Apesar dessa tendência de queda, a greve na LG deve ser acompanhada de perto pelos sindicatos de outros setores também, para que o movimento não perca sua relevância, subjugado pelas pressões capitalistas. E urge que a educação marxista cresça no meio proletariado, balizando as relações de trabalho, de forma a se reduzirem as desigualdades. A greve é a forma primária de revolução, deve ser abraçada por todos os setores, para num crescente contínuo, mudar o contexto socioeconômico desse país.
A direção do sindicato precisa organizar uma greve forte com o apoio de todos as categorias para salvar todos os empregos. As direções sindicais não podem apenas negociar as condições das demissões e ficar inertes a mais este ataque contra a classe trabalhadora em plena pandemia.
- Em defesa de todos os empregos!
- Abaixo o governo Bolsonaro, por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!
- Trabalhadores do mundo, uni-vos!