Em nome de quem o Zé defende a divisão do Pará?

 

Em postagem do dia 17 de fevereiro, Zé Dirceu, em seu Blog, resolve defender a divisão do Pará.
Os argumentos a favor de tal divisão são simples: o tucano governador não atende o povo e divisões que foram feitas em outros estados foram positivas (Mato Grosso do Sul e Tocantins). 
Francamente falando, a proposta de divisão do Pará é uma fraude sobre as reivindicações populares. Eu acompanhei de perto, quando estava em Brasília, o desmembramento dos municípios de Luziânia em GO nas várias cidades dormitórios que pululam ao lado da BR 040-50 que liga Brasília a Belo Horizonte e São Paulo. A maioria das cidades nasce sem a parte rural que marcava Luziânia, com um pequeno território sem receita suficiente para se manter, mas com toda a burocracia municipal para sustentar: prefeito, câmara de vereadores, etc.
A história da divisão do Pará é semelhante. Mas carrega algo pior: a influência da empresa privatizada Vale do Rio Doce.
Quando a Vale era uma empresa estatal, desenvolvia milhares de projetos sociais que se incorporavam às cidades onde ela atuava. Sim, com todos os males que conhecemos: corrupção, dinheiro mal empregado, favorecimentos, etc. Depois de privatizada fechou ou entregou às cidades estas obras. E o que sobrou? A cara feia de toda empresa privada: o corruptor, o destruidor do meio ambiente, o explorador do trabalho, o propagador da terceirização para pagar mal os contratados fora do abrigo do contrato de trabalho da grande empresa.
A proposta de criação do Estado de Carajás é o exemplo disso: um estado que nascerá totalmente dependente da Mina de Carajás. Em outras palavras, o Estado ideal da Vale, que mandará de cima em baixo na economia e no estado. É verdade, nada tenho em defesa do governador do Pará que, aliás, só entrou na campanha contra a divisão porque sentiu que perderia popularidade se honrasse o seu compromisso de deixar que a divisão acontecesse.
Mas a divisão proposta não é “contra o PSDB”. Ou a favor do PT. Ou a favor da população local, enganada com a estória de que a divisão vai melhorar sua vida. A divisão tem um alvo e uma perspectiva: melhores condições para a Vale explorar a população local, flexibilização da fiscalização, etc.
Sinto muito Zé. Você torce pela Vale e pela divisão. Eu torço pelos trabalhadores e pela maioria do povo. Felizmente o povo votou no plebiscito: Não à divisão!