Imagem: SINDOIF/ANDES

Espírito Santo: a Secretaria de Educação insulta a comunidade escolar e coloca a vida de todos em risco!

Desde o dia 01/07 as atividades não presenciais passaram a ser consideradas no total de horas letivas na rede estadual pela Secretaria de Educação (SEDU). Com muito esforço de toda a comunidade escolar, algumas escolas alcançaram um avanço na adesão dos alunos às atividades não presenciais, mas o quadro geral é ainda desolador. Os casos de estudantes cujos pais perderam o emprego na pandemia se multiplicam, sem contar aqueles estudantes que também trabalham ou trabalhavam e que não tem aparelhos nem acesso à internet com qualidade mínima para dar seguimento ao ensino remoto. Diante desse misto de frustração e engajamento de professores, alunos e corpo pedagógico, o Governo do Estado apresentou, no dia 08/08, um protocolo de retomada das aulas presenciais no estado com a perspectiva de retorno no mês de setembro e na terça-feira da semana seguinte publicou o calendário oficial que oficializa o sequestro do recesso de julho.

A sensação de frustração se alastra entre o corpo docente e discente, pois a dedicação de ambas as partes em superar os limites materiais para garantir o isolamento social e manter um processo de aprendizagem, mesmo que com débeis interações, parece ser uma grande perda de tempo. Todo o planejamento feito com Atividades Não Presenciais escoa pelo ralo.

Maquiando a realidade com falsas afirmações, endossadas pelas mídias locais, o governador Casagrande e seus secretários aparecem em lives defendendo uma estabilidade e uma falsa normalidade e faz coro com o governo federal, demonstrando a unidade da burguesia contra a classe trabalhadora. Não é novidade que o governo federal foi pontual na sua política de morte que visa flexibilizar as medidas sanitárias o quanto antes com a intenção de “salvar a economia”. O incentivo ao descumprimento das normas de distanciamento social, o negacionismo e o charlatanismo da cloroquina também fizeram parte dessa política picareta e obscurantista.

Essa necessidade escancarada de abrir as escolas é, na verdade, uma necessidade de um governo capitalista e parasitário que se apoia nas alianças com empresários que buscam de forma ostensiva uma privatização em massa da educação brasileira. Esse é mais um componente da série de ataques que têm sido desferidos contra a educação pública e que atinge majoritariamente a classe trabalhadora. O que expressa o conjunto desses ataques de maneira mais explícita é o corte de R$ 4,2 bilhões da educação em 2021, enquanto aumenta em 16 % o investimento na defesa.

O insulto

“Havendo óbitos de alunos ou de profissionais da escola, pode-se organizar ritos de despedida, homenagens e memoriais” (SEDU).

Com esses dizeres a SEDU deixa explícito seu desprezo por toda a comunidade escolar, deixa claro que mesmo a educação pública não passa de uma mercadoria cujo valor é maior do que a vida de professores, estudantes, corpo pedagógico, técnico e demais servidores que atuam na escola. Essa é a face de górgona do capitalismo que assusta e paralisa muitos que contribuíram com a consulta pública feita pela Secretaria de Educação sobre o Plano de Retorno das Atividades Presenciais previsto para outubro deste ano. Paralisado parece estar o SINDIUPES, mas só parece.

Esse ataque do Governo do Estado do Espírito Santo só é possível por conta da capitulação imensa do SINDIUPES e demais representantes da categoria, que, em vez de cumprirem seu papel de mobilizar a classe, passam seu tempo propagandeando o novo FUNDEB e discutindo como vão administrar as migalhas sobram para a educação. Desde o início do Atividades Não Presenciais na rede pública, o governo do estado, prefeituras municipais e seus secretários de educação têm gerado uma sobrecarga de trabalho nos professores e corpo pedagógico, que incide também sobre as famílias dos estudantes.

Na tentativa de superar suas direções, os professores auto-organizados no coletivo Luta Unificada dos Trabalhadores da Educação (LUTE-ES) e Resistência e Luta Educação encaminharam na última sexta-feira 11/09 uma carta à direção do SINDIUPES solicitando a realização de uma Assembleia Geral Extraordinária, tendo como pauta  “a greve geral sanitária da categoria, nas redes municipais e estadual, em defesa da saúde e da vida das trabalhadoras e trabalhadores da educação e demais membros da comunidade escolar, e contra a ameaça de retorno às aulas presenciais feita pelos governos Estadual e Municipais do Espírito Santo”. O SINDIUPES, em resposta, bloqueou e apagou de sua página oficial os comentários que reivindicam a realização dessa assembleia, inclusive comentários daqueles que estão filiados ao próprio sindicato.

Aparelhos de celular e computadores antiquados, falta de uma internet adequada, entre a escassez de emprego e das condições mínimas de subsistência e de proteção contra o coronavírus, essa é a realidade da grande massa de trabalhadores e seus filhos. Esses cínicos administradores da educação estão alheios ao bem estar dos trabalhadores e dos estudantes e ignoram aquilo que amplamente a comunidade científica tem afirmado e que a experiência já comprova: o retorno às atividades presenciais só pode ocorrer após a vacinação.

Na proposta apresentada pelo Governo do Estado, o retorno às aulas presenciais aparentemente conviverá com o ensino remoto, trazendo ainda mais sobrecarga de trabalho para os docentes. Os protocolos de segurança são inviáveis em boa parte das escolas do estado do Espírito Santo, além de o Plano de Retorno responsabilizar os indivíduos quanto à preservação da própria saúde. Nesse plano proposto pela SEDU, entre outras coisas, há o acolhimento e a ajuda aos alunos que apresentem problemas emocionais por conta do isolamento, o que exige praticamente que os profissionais da Educação assumam função de psicólogo e orientador para vida (para tanto tem sido o usado o nome de “tutoria”), ignorando que os próprios professores além de não terem formação para isso,  também estão submetidos às mesmas pressões psíquicas, sem contar aqueles acometidos pela Covid, que perderam amigos e familiares…

No entanto, isso parece não ter a menor importância, pois, segundo a SEDU, não precisamos nos preocupar, pois serão permitidos ritos fúnebres. Isso é um insulto sem tamanho, é uma bofetada na cara dos professores que deve insuflar o ódio de classe necessário para combater com unhas e dentes esse sistema.

A escola se descola cada vez mais do seu papel republicano dentro do capitalismo de socializar o conhecimento acumulado pela humanidade e passa a ser uma verdadeira máquina de moer a carne dos professores e de alienação, sobretudo com a nova organização do Ensino Médio pela SEDU, que inova com o retorno da divisão entre ensino técnico e científico, segregando dentro de seu próprio seio aqueles que vão ser direcionados ao ensino superior e aqueles outros que serão destinados ao limbo da sociedade entre a criminalidade e os subempregos.

Como declara em seus próprios documentos orientadores, a SEDU ignora toda a observação científica das experiências de retorno no mundo e no Brasil e tal como as seitas neopentecostais e pós-modernos mergulham no discurso mais conveniente para manter seus cargos e acordos com a iniciativa privada. Infelizmente o sindicato tem o papel sujo de se sentar à mesa com os burgueses para aliviar moralmente essa sujeira. Fato é que alguns países que retomaram as atividades escolares já tiveram que retroceder com a emergência de novos surtos, sem contar a experiência de Manaus, cujo retorno das aulas gerou um aumento da média móvel e um número grande de infecções de professores e demais funcionários.

Lidamos cotidianamente com a péssima infraestrutura das escolas, salas mal ventiladas e superlotadas, além de faltar suprimentos de higiene como sabonete e papel higiênico. Não passa de um deboche o que o governo tenta imputar o Programa de Retorno. Insinuar que existirá uma disponibilidade de máscaras e álcool quando não conseguem suprir nem sequer essas demandas básicas e dizer que estamos quase prontos para o retorno, como afirmou recentemente Vitor de Ângelo, secretário de Educação, não passa de uma tentativa de enganar a todos. Sabemos que o ambiente físico das escolas não permite o distanciamento e o comportamento social de jovens e crianças tampouco respeitam esse limite

Devemos lutar para garantir todo o dinheiro necessário para a educação por meio de um movimento que derrube esse governo e esse sistema podre e ineficaz. A direção do SINDIUPES, em uníssono com as principais centrais sindicais, se furta e ao seu papel histórico. Cabe nós trabalhadores organizados lutar pela superação dessas direções adaptadas e por isso nos dedicamos a transformar o ódio de classe em combustível para a construção de um partido revolucionário. Junte-se ao nosso comitê #forabolsonaro e contribua com a organização dos trabalhadores contra esses governos reacionários.

Pela vida dos professores, dos estudantes e seus familiares!

Em defesa da educação pública, gratuita e para todos!

Não à reabertura das escolas!

Pelo direito ao isolamento absoluto!

SINDIUPES e demais entidades mobilizem os trabalhadores!

Preparar a greve da categoria!

Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores, sem patrões nem generais!