“O ano de 2011 iniciou com muitos protestos em várias cidades do país. Em todas, o motivo foi o mesmo, o aumento da tarifa de transporte público coletivo.”
O ano de 2011 iniciou com muitos protestos em várias cidades do país. Em todas, o motivo foi o mesmo, o aumento da tarifa de transporte público coletivo. Das dez maiores regiões metropolitanas do Brasil, pelo menos 6 aumentaram a tarifa. Mais de 56 milhões de pessoas que vivem nas regiões com grande densidade populacional estão sendo afetadas pelos reajustes das passagens.
A cidade cujo preço ficou mais alto foi São Paulo (SP), que subiu de R$ 2,70 e chegou a R$ 3,00, uma reajuste de 11,11% na tarifa, muito acima da inflação acumulada no período na cidade que foi de 5,83%, segundo cálculo da FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em 2010. E as tarifas do Metrô e Trens subirão de R$2,65 para R$2,90 no dia 13 de fevereiro.
Nos municípios da região metropolitana de São Paulo, o valor ultrapassa R$ 2,70, em Guarulhos (R$2,90), Santo André (R$2,90), São Caetano (R$2,75) e Diadema (R$2,80). Outros estados também foram afetados, entre eles Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Piauí, Santa Catarina, Paraíba, Rio Grande do Sul…
As empresas e as prefeituras aproveitam justamente as férias e o recesso escolar para aumentarem as tarifas, para que não haja mobilizações contra esses abusivos aumentos. E quando há mobilizações, entra em cena o aparelho repressivo do estado para criminalizar as manifestações e garantirem assim os lucros das máfias dos transportes por todo o país.
Anualmente as empresas de transporte coletivo tentam justificar pedidos de aumento por meio de planilhas. Afirmam que as despesas são muito altas, mas, na realidade, os reajustes têm o objetivo de não deixar diminuir – e aumentar ainda mais – o lucro sobre um serviço que deveria ser público. Joinville é uma boa ilustração: de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a inflação em 2010 foi de 6,47%. Já o aumento concedido pela Prefeitura foi de 10,9%. Em todos os anos anteriores, com exceção de 2007 – último ano de governo do antigo prefeito, o reajuste foi maior do que a inflação.
É uma política que atende apenas ao interesse da iniciativa privada. Prova disso é que, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 30% dos brasileiros têm deixado de utilizar o transporte coletivo para se locomover por causa do alto custo.
Este caso pode ser observado na cidade de São Paulo, na qual uma passagem de transporte coletivo sai mais caro que um litro de gasolina, e isso somado ao sucateamento dos ônibus, a horários escassos e pouca quantidade de linhas, o desconforto e a lotação, temos o resultado de ainda mais caos no trânsito das grandes cidades, limitação no acesso à educação, esporte e cultura (como se já não tivéssemos muita) e dificuldades à vida dos trabalhadores, que passam horas e horas no trânsito para venderem sua força de trabalho para os patrões.
O transporte público tem que ser tratado como um direito, assim como saúde, alimentação e a educação. Para chegar a um hospital e ser atendido, você precisa do transporte. Para estudar, você precisa do transporte. Para ir ao mercado, você precisa do transporte. O transporte tem que ser garantido a todos.
A classe trabalhadora, ao lado da juventude, precisa se organizar para cobrar dos governos o acesso a esse serviço essencial. O melhor sistema a ser aplicado em todas as regiões do país é o que elimina a iniciativa privada do processo. O poder público deve administrar diretamente as empresas de transporte, eliminando o lucro dos atravessadores, garantindo um preço que atenda apenas as demandas do próprio sistema, garantindo passe livre aos estudantes e oferecendo um serviço de qualidade.
A Juventude Marxista, em seus locais de atuação, na UNE, UEEs, nas UMEs e Grêmios Estudantis, lutará com todas as suas forças contra o aumento da tarifa do transporte público, pelo Passe Livre Estudantil, contra a privatização do transporte; junto aos trabalhadores do transporte, contra as terceirizações e levantará bem alto a bandeira da estatização do sistema de transporte público.
Sabemos que só conseguiremos reverter os aumentos, acabar com a exploração privada do transporte público, conquistar o passe-livre estudantil se muito mais gente se mobilizar e parar as cidades, ocuparem os prédios das prefeituras e outras ações do tipo. Só com luta, unidade e muita mobilização venceremos e imporemos derrotas aos prefeitos e seus amigos donos das empresas de transporte.
* Evandro Colzani e João Westin são membros da Coordenação Nacional da Juventude Marxista