Em meio à crise econômica, conflitos políticos se acirram no Senado e quando o coronel Sarney não cai, é defendido pelo PT e ainda continua garantindo cargos pra sua família, o povo começa a pensar que o Brasil não tem mais jeito. Mas tem jeito!
Crise econômica
Muitos trabalhadores estão acreditando que o pior da crise já passou aqui no Brasil. Afinal, todo o esforço do Governo e da imprensa é para nos convencer disso. E como depois da Embraer não houve nenhum outro processo de demissão em massa, cresce o sentimento geral de que as coisas vão melhorar.
Mas a verdade é que foram mais de meio milhão de empregos destruídos no setor industrial, só no estado de São Paulo. Na metade de 2009, já temos 3 milhões de desempregados só nas seis principais regiões metropolitanas. E o emprego industrial cai todos os meses. O aumento em serviços não compensa a queda.
Em 2008, a produção industrial no setor automobilístico e no setor de mineração caiu 22,5%. A Produção Industrial Mensal acumulada no 1º semestre de 2009 já registra o desastre para os trabalhadores: retração de 13,4% em relação aos 6 primeiros meses de 2008, a maior queda semestral em 34 anos! E a exportação de produtos industrializados caiu mais de 30%!
Hoje diminuem as horas extras, mas não se contrata ninguém. E se contratam é por salário inferior aos dos trabalhadores que demitiram. Apenas aumentam a exploração dos trabalhadores.
Durante as grandes crises, a queda não ocorre de maneira linear e ininterrupta. Pelo contrário, historicamente os processos de crise sempre foram cheios de contradições, com alguns períodos de calmaria ou até de aparente reaquecimento da economia, só para alguns momentos depois voltar a desabar. E, na história, nesses breves momentos de calmaria, a imprensa e os governos sempre buscaram convencer os trabalhadores de que o pior já tinha passado. Fazem isso para deixar os trabalhadores tranqüilos, pois têm medo de nossa revolta.
Crise das instituições burguesas
A atual crise no Senado é expressão deste pavor dos patrões. Todos os senadores burgueses ali sempre souberam dos podres uns dos outros. Mas para melhor explorar o povo, eles precisam ficar unidos. Eles se contém e atacam seus adversários eleitorais de maneira limitada. Entretanto, como sabem que a crise veio para ficar e que durante o próximo período muitas empresas podem quebrar e muitos deles podem perder dinheiro, eles se descontrolam e começam a passar dos limites na hora de disputar as partes do aparelho de Estado. Estão em crise entre eles. Suas acusações chegam a provocar asco em grandes setores da sociedade e eles sabem que isso é perigoso. Não querem que o povo perca a confiança e a ilusão nas instituições burguesas, na atual democracia. Por isso que, depois de se atacarem muito, pedem desculpas. E não gostam de performances como a do companheiro Suplicy que começou a usar um “cartão vermelho” para simbolizar sua posição pela renúncia de Sarney.
Mas o que envergonha mesmo os trabalhadores é o companheiro Lula, ex-metalúrgico, defendendo um patrão-coronel como o Sarney. Lula ainda é para a maioria dos trabalhadores deste país o nosso representante lá, mas muitos companheiros, com razão, não conseguem engolir o Lula abraçando o Collor, chamando-o de grande homem e apoiando sua candidatura ao governo de Alagoas.
Quando Lula tenta justificar suas alianças com esses inimigos históricos da classe trabalhadora, alguns companheiros equivocadamente aceitam o argumento de que sem estas alianças Lula não conseguiria governar. Mas isso está mudando à medida que fica mais claro para os trabalhadores que o político burguês de Brasília com quem o Lula faz aliança é o mesmo que o patrão da fábrica em que trabalha. Elegemos Lula pra combater os patrões e não para defendê-los.
Alguns companheiros dizem: “Mas esses caras estão no poder há 500 anos! O Lula não pode com eles!”. E certamente o Lula sozinho não pode. Mas quando um sindicalista é ameaçado por um patrão o melhor a fazer é chamar assembléia e explicar para a base o que está acontecendo. Os trabalhadores fazem greve contra o patrão e em defesa de suas lideranças sindicais ameaçadas. No Governo é a mesma coisa. Ao invés de se render a Sarney, Collor e outros bandidos, Lula deve pedir ajuda para o povo que o elegeu. Nós todos juntos podemos varrer essa corja pra sempre com uma greve geral organizada pela CUT e seus sindicatos. Mas o companheiro Lula tem que parar de fazer o jogo deles e chamar o povo pra assembléia, pras ruas!
É por isso que dentro do Partido dos Trabalhadores, junto a centenas de companheiros de 18 estados do Brasil, impulsionamos a chapa “Virar à Esquerda! Reatar com o Socialismo!”. Essa chapa que irá disputar as eleições internas do PT em 22 de Novembro propõe que Lula e o PT rompam as alianças com Sarney, Collor, Maluf e todos os partidos dos patrões, e se apóie na CUT, no MST, na UNE e nas organizações e mobilizações dos trabalhadores para constituir um verdadeiro governo dos trabalhadores do campo e da cidade.