A Esquerda Marxista lançou neste último sábado (17/6) no Rio de Janeiro a Revista América Socialista n° 10, edição que comemora a Revolução Russa de 1917. O evento realizado no Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (SEPE) foi o primeiro da série que compreende desde a Revolução de 1905, passa pelo ano de 1917 até chegar à compreensão do colapso da URSS. No centenário da revolução que colocou a classe operária no poder, é preciso compreender as condições materiais que possibilitaram a ditadura do proletariado e o avanço das forças produtivas como jamais visto em qualquer país capitalista.
A mesa desse primeiro evento contou com a presença do coordenador nacional do Movimento Negro Socialista (MNS), Felipe Araújo, que apresentou a revista. Quem apresentou o tema foi Leo Mendes, que abordou a contradição entre o conteúdo burguês democrático e os métodos e programas proletários da Revolução Russa de 1905, na Rússia tzarista. Através dessa contradição foi possível compreender as diferenças de tendências internas do Partido Social Democrata Russo entre bolcheviques e mencheviques. Esse foi um debate que se estendeu para a realidade de hoje no Brasil contextualizando as Greves Gerais de 28 de abril e 30 de junho de 2017.
A discussão sobre as greves de massas na Rússia desde 1896 possibilitou o amadurecimento da consciência de classe do operariado russo até a grande explosão de 1905 e a criação dos Conselhos (Sovietes). Os Sovietes foram forjados no calor da Greve Geral, que aumentou estrondosamente o número de grevistas de um ano para o outro, de 25 mil em 1904, para 1 milhão e 843 mil em 1905. Em torno desta descoberta se organizou algo que progressivamente era reconhecido como um governo provisório capaz de opor a massa de trabalhadores à autocracia czarina. A descoberta dos Sovietes foi um passo irreversível na marcha do proletariado para a tomada do poder e para a construção da Revolução Socialista, ela saltou importantes degraus na construção da consciência de classe.
A Revolução de 1905 resultou de uma série de vitórias e derrotas parciais do movimento grevista, que, depois de duras conquistas, via seu esforço escoar com a repressão da reação. O aprendizado da luta, a verdadeira educação das massas, como dizia Lênin, deixava claro que a conquista de melhores condições de vida não podia prescindir da construção de organizações de trabalhadores, capazes de tornar as vitórias mais duradouras e as derrotas menos destrutivas, já que durante o processo muitos perdiam seus empregos e outros suas vidas. Manter as conquistas era o melhor monumento construído em memória de tantos personagens sem nome dessa História.
As diferentes pessoas que participaram e contribuíram com a discussão ressaltaram que diante dos ataques das contrarreformas trabalhista, da previdência e do ensino, os trabalhadores brasileiros têm importantes lições a serem tomadas do conhecimento acumulado por sua classe, sobretudo quando esse ataque recai sobre seus direitos históricos, sobre seus partidos, seus sindicatos e os movimentos sociais em geral. Partir em defesa de Outubro neste ano de 2017 no Brasil é muito mais do que comemorar um dos maiores eventos da história universal da humanidade, é antes de mais nada, intervir na luta de classes hoje com os métodos proletários para ajudar os trabalhadores a encontrarem o seu caminho para a superação do capitalismo.
Todos os extremos dessa oposição classista sabem que a época de conciliação acabou. Por parte da Esquerda Marxista, acreditamos que nem mesmo as Diretas Já serão capazes de aliviar a desmoralização do Congresso e o desmoronamento do sistema. Nesse sentido, as ricas intervenções e o franco debate com os companheiros presentes permitiu clarificar que na atual conjuntura brasileira, necessitamos de uma Greve Geral que dure até a derrota das contrarreformas e da derrubada do Governo Temer e do Congresso Nacional. E durante essas greves é importante trabalharmos pela realização de um Encontro Nacional da Classe Trabalhadora, para munir a base de meios políticos contra a burocratização das suas entidades. E construir uma Assembleia Popular Nacional Constituinte, sem qualquer forma de conciliação com a burguesia.
Em várias partes do mundo a fraqueza da democracia burguesa e do modo de produção capitalista se agrava, por isso precisamos de rigor e criatividade para avançar no trabalho resignado de construir um corpo proletário vigoroso. A Revista América Socialista é uma contribuição dos militantes da Esquerda Marxista e demais camaradas da Corrente Marxista Internacional (CMI) nessa direção, pois, como é seu lema, “Sem teoria revolucionária não há movimento revolucionário”!