A parcialidade da mídia burguesa e seus decrépitos mercenários não medem esforços para se alinharem como capachos do próximo governo e subverterem a chamada opinião pública aos desmandos e devaneios da extrema-direita. Em um caluniador comentário no rádio, também registrado em seu blog, o jornalista Cláudio Humberto classificou como fascistas os universitários que rechaçaram a vil manifestação que um grupelho de 30 apoiadores de Bolsonaro, sendo um pequeno número de universitários, tentou promover na Universidade de Brasília na segunda-feira (30/10). Diz o dito jornalista:
Brigadas fascistas muito semelhantes aos “camisas negras” de Mussolini, cujo candidato a presidente foi derrotado nas urnas, impediram ontem, com violência, que alunos da Universidade de Brasília fossem às aulas vestidos de camisetas verde e amarelo[1].
Ainda completa em outro comentário:
Aqueles que se apresentaram na campanha presidencial como ‘defensores da democracia’ são os primeiros a desrespeitá-la: não aceitam a vontade soberana dos brasileiros que elegeram Bolsonaro[2].
Não causa estranheza a posição deste que já foi assessor de Collor e acusado de extorsão, mas vamos aos fatos.
No domingo, horas após o anúncio do resultado matemático das urnas em favor de Bolsonaro, durante a comemoração de seus correligionários na Esplanada dos Ministérios, foi anunciado, no trio elétrico que embalava a comemoração, a realização de um ato na Universidade de Brasília para demonstrar que a “universidade não é lugar de comunista”, conforme registrado por Helena Mader em seu perfil no Twitter[3]. Seguiu-se durante a madrugada de domingo para segunda-feira e o início da manhã, várias mensagens com ameaças de “caça a comunistas” ligadas a convocação do ato. Também murais e paredes do Instituto Central de Ciências, prédio popularmente conhecido como “Minhocão”, foram vandalizados com centenas de adesivos com a imagem do presidente eleito e outros com o dizer: “quem vota em corrupto, corrupto é”[4].
Alguns professores preferiram anunciar o cancelamento das aulas na segunda-feira. Contudo, ao invés de se intimidarem, prontamente a comunidade estudantil se organizou e, no horário marcado para o ato, centenas de universitários se encontravam na entrada do prédio com palavras de ordem, repelindo o grupelho que ainda tentou provocar estudantes para promover um confronto, contido por professores e também por outros universitários.
A verdade é que a resposta da comunidade universitária veio à altura das ameaças proferidas que, felizmente, não encontraram eco, considerando a patente falta de mobilização dos apoiadores do Capitão demagogo para o ato. Demonstração clara da pouca reverberação do discurso desses grupelhos na base e da disposição dos estudantes no combate às suas ameaças. Com este ímpeto e organização é que conseguiremos enfrentar as lutas que ainda estão por vir! E os estudantes são peça fundamental nessa tarefa, principalmente aliados aos trabalhadores e demais oprimidos, como nas importantes experiências vividas em 1968 na França e no México, por exemplo, assim como mais recentemente na Argentina.
A repercussão midiática de certos setores já mais afinados ao discurso e propostas do próximo governo – essa sim, perfeitamente dentro dos manuais de Joseph Goebbels[5], com a parcialidade que lhes interessa na indução da opinião pública na tentativa de fermentar tais grupelhos, dando-lhes áurea de “liberdade de expressão” sem mostrar as ameaças que configuraram os preparativos para seus atos – também deve ser veementemente combatida com as ferramentas que são próprias à organização proletária, tais como sua imprensa[6].
A resposta da classe trabalhadora e da juventude deve seguir o exemplo do ocorrido na Universidade de Brasília: sempre à altura das ameaças proferidas, com unidade na luta! Não nos intimidaremos!
[1] HUMBERTO, Cláudio. Revolta dos bichos. 30 out. 2018.
[2] HUMBERTO, Cláudio. Democratas de araque. 30 out. 2018.
[3] MADER, Helena. Manifestantes… 28 out. 2018.
[4] GÓIS, Fábio; Carvalho, Ana Luiza de. Professores da UnB cancelam aulas após ameaças de apoiadores de Bolsonaro. 29 out. 2018.
[5] Ministro da Propaganda de Hitler.
[6] Acerca disso leia o artigo Imprensa livre e de classe: a importância das tradições operárias.