A Câmara dos Vereadores de São Paulo realizou na última quarta-feira (23) a primeira votação do Projeto de Lei do “Arrocho Salarial” (PL nº 416/2025), que prevê um reajuste de 2,6% em maio deste ano e 2,55% em maio de 2026 para os servidores públicos do município. A votação ocorreu durante a greve dos servidores, dirigida por Sindsep, Aprofem, Sinpeem, Sedin e Sinesp, e com paralisações de trabalhadores terceirizados da limpeza, que estão com atrasos de salários.
O significado da votação do PL do “Arrocho Salarial”
Em 2024, os servidores públicos de São Paulo tiveram um reajuste de 2,16%, abaixo da inflação do período, que fechou em 4,83%. Em março deste ano, a inflação acumulada dos últimos doze meses está em 5,48%, o que significa que o reajuste proposto por Nunes (MDB) e acatado por seus aliados, mais uma vez, está abaixo da inflação. Para 2026, a previsão da inflação já está em 4,5%. Na prática, como os reajustes de 2023, 2024 e 2025 estão abaixo da inflação, somados, há uma perda salarial de cerca de 7,5%!
Enquanto isso, em novembro do ano passado (2024), os vereadores de São Paulo aprovaram — com sete votos contra e uma abstenção — um aumento de 37%, passando a receber, desde fevereiro deste ano, R$ 26.080,98. A pífia “justificativa” é que seus salários, anteriormente em R$ 18.991,68, estavam defasados desde o último aumento em 2016.
Na foto acima, estão os vereadores Amanda Vettorazzo (União Brasil), Cris Monteiro (Novo), Lucas Pavanato (PL), Adrilles Jorge (União Brasil) e Rubinho Nunes (União Brasil), que seguravam placas com os dizeres “GREVE É VAGABUNDAGEM”, insultando os servidores públicos que acompanhavam a sessão na Câmara. Esses vereadores, que recebem supersalários, querem impor o arrocho salarial contra os servidores, que realmente trabalham pela cidade. Por isso, os comunistas defendem que todo representante do povo não deve receber um salário maior do que o salário médio de um trabalhador qualificado.
Cris Monteiro (Novo) iniciou sua fala na sessão parabenizando o governo do Estado, Tarcísio (Republicanos), pela remoção da Favela do Moinho, que ela caracterizou como “Quartel General do Tráfico”. As ações truculentas conduzidas pela PM de Tarcísio nas comunidades periféricas e pobres são de amplo conhecimento e têm gerado muita indignação, mas nada disso parece comover a vereadora, que foi diretora em grandes bancos de investimento, com mais de 30 anos no mercado financeiro. Ela deve estar muito interessada na “remoção” da Favela do Moinho, uma vez que recebeu R$ 201 mil de doações de pessoas ligadas ao mercado imobiliário para sua campanha.
Outro vereador estimado pelo Setor Imobiliário é Rubinho Nunes (União Brasil), que recebeu doações que somam R$ 155 mil apenas de pessoas ligadas ao mercado imobiliário. Esse “senhor” é o autor do Projeto de Lei que propunha multar aqueles que doassem comida aos mais pobres — quem se esqueceu? Rubinho é “filhote” do Movimento Brasil Livre (MBL), “movimento” cujo nível intelectual e político dispensa comentários.
Amanda Vettorazzo (União Brasil), coordenadora nacional do MBL, é apoiadora do massacre de Israel contra o povo palestino e gravou um vídeo ironizando a situação, dizendo que os apoiadores dos palestinos devem viajar para a Faixa de Gaza e encontrar seus “amigos terroristas”. Após ter sua casa pichada com frases como “Palestina Livre” e “Fascista”, tentou se passar por vítima na mídia burguesa.
Adrilles Jorge (União Brasil), defensor da anistia para os golpistas do 8 de janeiro e demitido da Jovem Pan após fazer gesto supostamente nazista — depois, recontratado —, tem como um de seus projetos a implementação de escolas cívico-militares e outro que, na prática, busca impedir que assuntos como racismo, homofobia, transfobia, etc. sejam discutidos abertamente.
Lucas Pavanato (PL) criticou os professores em greve, insinuando que têm salários altos. Diga-se de passagem, o “salário” de Pavanato, em média, poderia ser usado para pagar seis professores! Seria muito interessante entender a “utilidade pública” de um sujeito tão fixado com o tema do “aborto”. Já são seis projetos de lei ligados ao tema! Um deles propõe exigir Boletim de Ocorrência atestando o caso de estupro quando a vítima solicita o aborto legal; outro obriga o sepultamento de fetos — em caso de aborto legal — e natimortos, com a obrigatoriedade de emitir Certidão de Óbito constando o nome dos responsáveis e o motivo da morte.
O que todos esses vereadores têm em comum é seu desprezo pelos trabalhadores e pelos mais pobres. Partidos como o PL e o Novo são conhecidos por defenderem a escala 6×1, que massacra milhões de trabalhadores, enquanto seus parlamentares mal trabalham por um dia completo. O que todos esses senhores e senhoras têm em comum é que recebem altos salários para legislarem sobre seus próprios privilégios.
Segundo um levantamento do Portal UOL, cerca de 60 projetos, entre aproximadamente 280 apresentados em janeiro e fevereiro, estavam ligados a temas relevantes para os paulistanos, como educação, saúde, habitação, segurança e enchentes. Essa é a Câmara de Vereadores da cidade com o maior PIB do Brasil.
A tática da derrota usada pelas direções sindicais
Antes da votação de quarta na Câmara, havia assembleias e atos marcados para esta semana. No entanto, a Coeduc (Sinpeem, Sedin, Sinesp) cancelou as ações para “focar” na próxima sessão da Câmara, em 29 de abril, deixando o movimento grevista dos professores à reboque da reacionária Câmara de Vereadores. Essa é a mesma tática que levou à derrota do movimento no ano anterior. Nada diferente pode ser dito da “oposição” que compõe a direção sindical e “deixou passar” essa tática em silêncio, ajudando a repetir os mesmos erros e manobras utilizadas pela direção majoritária para desmobilizar os grevistas e insistindo na fracassada “pressão parlamentar” em cima dos vereadores.

Desde o início da greve, os trabalhadores notaram a total falta de unidade no movimento, situação que é imposta pelas ações divisionistas das direções sindicais. Na terça-feira (22), durante ato “em unidade” em frente à Prefeitura, com caminhada até a Câmara dos Vereadores, em vez de fortalecer a ação comum de todos os servidores, os dirigentes sindicais preferiram ficar se “alfinetando”. Não estamos lutando somente por um reajuste digno. Está mais do que na hora de levantar demandas políticas, como: abaixo as privatizações; educação pública, gratuita e para todos; fora Nunes e fora Tarcísio!
O cancelamento dos atos e assembleias previstos para esta semana ajudou a confundir a base dos servidores, deixando-os sem perspectiva sobre os próximos passos. Diante disso, alguns decidiram deixar a greve, desiludidos quanto à possibilidade de vencer a política reacionária de Nunes e sua corja. Por isso, não temos nenhuma dúvida de que a verdadeira força e unidade na luta devem surgir da base.
Hoje (25), está prevista a realização da assembleia geral dos professores da Apeoesp, com indicativo de greve. Na educação estadual, a perspectiva de luta e as traições das direções sindicais não são muito diferentes do que relatamos aqui. Na verdade, as condições de trabalho estão ainda mais precárias, e a descrença com as direções é ainda maior.
Diante da adaptação das direções sindicais à burocracia e à conciliação de classes, a resposta e a mobilização devem surgir da base! Por isso, os Professores Comunistas continuarão ajudando a difundir ações junto à base dos servidores públicos e construindo iniciativas para ajudar a organizar todos aqueles e aquelas que estão fartos do sistema capitalista e querem construir uma nova sociedade, livre da opressão e da exploração. Ajude-nos a construir as próximas ações!
- 25/04 (sexta-feira): Ato às 15h, na Praça do Ciclista. Construiremos um bloco de servidores municipais para nos dirigirmos ao MASP, onde estará acontecendo a assembleia da Apeoesp.
- 26/04 (sábado): Reunião de balanço às 13h, online.
Os Professores Comunistas convidam todos os interessados de todas as categorias para avaliar os últimos acontecimentos da greve e ajudar a elaborar e construir as próximas ações de luta. - Dias e horários diversificados: Visitas dos comandos de greve nas escolas.
Interessados e interessadas podem entrar em contato conosco. - 29/04 (terça-feira): Ato e assembleia às 9h30, na Câmara dos Vereadores.
Ato unificado dos servidores públicos municipais. Levantamos as bandeiras de defesa dos serviços públicos, gratuitos e para todos; abaixo a privatização; fora Nunes e fora Tarcísio!
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