Glauber Braga defende independência do PSOL frente ao Governo Lula

O deputado federal Glauber Braga (RJ) concedeu uma entrevista dia 10, ao canal Opera Mundi, em que foi perguntado sobre a avaliação da conjuntura e a posição do PSOL diante do futuro Governo Lula.

Glauber explicou que, desde quando foi pré-candidato a presidente pelo PSOL, defendeu que as bandeiras socialistas não fossem abaixadas no período eleitoral. E não concordou com a tese de que a vitória de Lula e da esquerda sobre Bolsonaro foi determinada por uma aliança mais ampla com a direita. Exemplo disso é que Lula já despontava na dianteira das pesquisas antes do 1º turno. Glauber reconhece que a vitória de Lula foi importante para os trabalhadores respirarem um pouco mais e seguirem a luta política num novo patamar. Mas chama a atenção para Alckmin que já se apresenta não só como figura decorativa, mas sim como um dos organizadores das alianças e articulador do Governo de Transição.

Quando perguntado sobre o partido, Glauber se mostrou contrário ao PSOL participar do Governo de Transição e contrário também à participação do PSOL no Governo Lula. O lugar do PSOL, segundo Glauber, é atuar com independência política combatendo pelas reivindicações dos trabalhadores e por mais liberdades democráticas. Em suas palavras:

“Todo movimento que o governo fizer para enfrentar a extrema direita, garantir ganhos materiais para a classe trabalhadora, que tenha capacidade de ampliar a consciência política, vai contar com nosso apoio. (…) Mas se ganha peso o Centrão, a direita liberal, aqueles que querem implementação de uma agenda econômica de desmonte, nosso papel é, com independência política, fazer o enfrentamento a esses grupos. Para que eles não tenham a força determinante para fazer sua agenda prevalecer.”

Glauber criticou também a reeleição de Arthur Lira para Presidente da Câmara. Lembrando que Lira esteve a frente de processos de votação como a independência do Banco Central, privatização dos Correios, privatização da Eletrobras, articulador do Orçamento Secreto. E insistiu que nosso caminho deve passar pelo processo de mobilização organizada dos trabalhadores, nossa grande arma contra um Congresso Nacional de maioria de direita. 

A crítica de Glauber é importante porque essas alianças com os representantes do capital, incluindo até bolsonaristas, indicam o tipo de governo que veremos. Afinal, como colocar em prática um programa de atendimento das reivindicações dos trabalhadores de mãos dadas com aqueles que querem manter o pagamento a dívida pública e seus encargos, aprofundar as privatizações, aprofundar as reformas que retiram direitos e estrangular os serviços públicos?

A Esquerda Marxista esteve presente na campanha pela reeleição do companheiro Glauber Braga e apoia suas críticas e declarações sobre o Governo Lula e sobre o partido. A Esquerda Marxista está coletando adesões numa Carta Aberta ao Diretório Nacional do PSOL para que o partido não se integre ao futuro Governo Lula. Quem desejar ler e aderir ao documento, clique aqui.