Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Governo Bolsonaro corta R$ 4,2 bilhões da educação

Em anúncio realizado no dia 10 de agosto, o Ministério da Educação e Cultura (MEC) afirmou que para 2021 o corte de orçamento deve chegar a R$ 4,21 bilhões. Isso afetaria diretamente a pesquisa e o funcionamento não só das universidades, mas das escolas públicas de ensino básico de todo o país. Na mesma declaração, especificaram que para a rede federal é previsto o corte de R$ 1 bilhão em despesas, mas em um cenário geral, a situação é bem pior. 

O sucateamento da educação vem se aprofundando cada vez mais, só no ano passado houve o corte de bolsas em todos os níveis para as graduações a nível federal. Esses cortes se deram com a justificativa de que o governo daria prioridade para o que fosse necessário, mas na prática nada se safou, sendo cortado também de pesquisas da saúde e desenvolvimento tecnológico, que havia sido jurado de pé junto que não afetaria em nada. 

No ano passado a justificativa do ex-ministro Abraham Weintraub era de parar com a balbúrdia nas universidades públicas. Balbúrdia essa que aparentemente está presente somente no governo Bolsonaro e com todos seus agentes a mando do fim dos serviços públicos e de todas estatais. Mas nesse ano a justificativa é mais absurda ainda, pois colocam a necessidade do corte devido a crise gerada pela pandemia, ou seja, em um cenário onde toda pesquisa é necessária, tiram a lança de São Jorge e o deixam com as mãos atadas contra o dragão. 

A necessidade de investimento em ciência, algo que já sabíamos desde sempre, agora é questão de morte e vida. O pagamento da dívida segue sendo feito religiosamente, enquanto todas as formas de proteger a classe trabalhadora e a juventude são ignorados. 

E a direção no movimento estudantil?

Novamente as direções do movimento estudantil ficam caladas diante ao direto ataque a toda educação. No site oficial da Une até o momento não há nada que fale sobre esse corte ou que mobilize os estudantes para lutar contra mais um ataque. É importante recordar que nas mobilizações do ano passado, a bandeira levantada pela entidade era de todos pela educação, mas em momento nenhum “Fora Bolsonaro” ou “por educação pública, gratuita e para todos”, fazendo um coro conciliador entre “não é nem direita, nem esquerda, agora a luta é pela educação”.

Seguindo toda essa situação, a atual direção da UNE não propõe nenhuma saída para o momento de pandemia, muito menos um plano de luta que atinja toda sua base de estudantes. Em diversos lugares há estudantes sem acesso à internet, sem computador, não conseguindo acessar o básico do ensino. Mas a discussão central parece estar nas pautas identitárias, onde são visíveis as prioridades da entidade, em defender o “empoderamento” das supostas minorias, junto do capital, mas não dar condições materiais para mudar o sistema e todos seus ataques.

A luta nesse momento deveria estar sendo central em barrar todo corte na educação, além do fim do pagamento da dívida pública e garantia de todo investimento necessário para à educação, saúde e pesquisa. Pela contratação de mais professores em todos os níveis, para liberar os profissionais que estão atuando durante a pandemia e acabam sobrecarregados com planos ineficazes feitos pelos governos estaduais e pelo federal. Além de um combate ferrenho e incansável pelo não retorno as aulas presenciais até que exista uma vacina que chegue a todos.

É inaceitável colocar a juventude e a classe trabalhadora como bala de canhão da burguesia em troca do “novo normal” quando o normal está sendo a morte de milhares diariamente por irresponsabilidade do governo e das direções que não combatem esses absurdos.

Como fica a situação da educação com a pandemia?

Estamos vivendo um período inédito na história da humanidade. Essa é uma pandemia que mata principalmente devido a irrensposabilidade de governos, que minimizam o impacto do vírus, e da burguesia que para manter seus lucros, obriga milhares a trabalharem sem oferecer qualquer segurança. Se um trabalhador não se contamina no próprio trabalho, provavelmente irá no transporte coletivo.

Foto: Gerd Altmann, Pixabay

Um corte de verbas em um momento como este, quando o Estado deveria estar oferecendo computadores, internet – para estudantes e professores–, capacitação profissional, suporte aos professores etc., só piora uma situação que já se encontrava precária. Reduzir orçamento de pesquisa e da educação em um momento de tranquilidade já é um absurdo, agora se torna crime contra a humanidade. 

Nos Estados Unidos, houve o retorno às aulas presenciais. O resultado disso foi que em duas semanas já havia mais de 95 mil crianças contaminadas pela Covid-19. Os governos querem a todo custo fingir que está tudo normal e a vida pode seguir normalmente, mas a realidade está longe de ser essa.

Se a situação na grande potência imperialista ficou assim em duas semanas, quem dirá no Brasil, onde as escolas estão caindo aos pedaços literalmente e os corte a cada ano só aumentam. A realidade seja no Sul do país ou no Norte é a mesma. Falta professores, falta material, falta livros, falta água, papel higiênico, não há ar-condicionado que possua estrutura para desinfecção do ar. Dizer que vão preparar as escolas para o retorno com R$ 4,2 bilhões de corte é um absurdo.

Nesse momento, grande parte dos governos dos Estados levantam a famosa frase “contaminação de rebanho” que assusta muitas pessoas, mas na prática vem acontecendo de forma descarada. De fato, quem está protegido do vírus são os representantes da burguesia, que estão em suas mansões enquanto a classe trabalhadora precisa se expor à Covid-19 para sobreviver em meio à pandemia.

E agora, o que fazer?

A necessidade de uma organização que faça o trabalho de lutar não somente contra os cortes, mas também pela vida da juventude e da classe trabalhadora é fundamental. Enquanto as direções fingem que está tudo bem e seguem em ritmo de festa e “férias”, muitos jovens estão angustiados sem saber sobre o dia de amanhã e a cada corte esse sentimento aumenta ainda mais. 

A Liberdade e Luta se propõe a ser essa direção, que luta a favor da vida da juventude e da classe trabalhadora, por um sistema onde a vida seja a prioridade acima do lucro, que as pessoas possam viver de forma plena sem medo de não ter onde dormir ou de ver a sua universidade privatizada ou até mesmo fechada devido ao governo cortar verba a todo momento. 

Organize-se com a Liberdade e Luta, leia e assine nosso manifesto e participe das atividades dos comitês pelo fora Bolsonaro organizados pelo país todo. 

  • Todo dinheiro para educação e ciência!
  • Pelo fim do pagamento da dívida pública!
  • Volta às aulas, só com a vacina!
  • Não ao corte de R$4,2 bilhões!
  • Por educação pública, gratuita e para todos em todos os níveis!
  • Fora Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais!