Assassinato de estudante por policial grego desencadeia revolta da juventude às vésperas da Greve Geral convocada pelas centrais sindicais.
No sábado (6/12) pela noite, em Exarchia (próximo a Atenas), um oficial das forças especiais da polícia grega assassinou um jovem estudante de 15 anos, Alexandros Grigoropoulos (a apenas 200 metros de onde fica nossa sede). Esta é a forma moderna e “democrática” em que um policial respondeu às consignas habituais contra a polícia de um pequeno grupo de estudantes secundaristas, normais e totalmente desarmados, que se encontrava diante dele. O oficial da polícia disparou contra o grupo de estudantes em uma zona onde há muitos cafés cheios de gente e, às nove da noite, quando se reúnem na região muitos jovens, para passar a noite.
Este ataque fascista brutal por parte da polícia grega criou um sentimento extenso e profundo de repugnância em toda a sociedade grega. Isso faz lembrar a todos as ações criminosas das forças policiais gregas no passado, os anos sombrios da ditadura dos coronéis (1967-1974), mas, também, serviu para recordar à maioria das pessoas os métodos brutais da polícia grega durante os últimos quatro anos de governo da direita. Há dois anos, em Tesalónica, seis oficiais da polícia golpearam brutalmente e sem piedade um estudante chipriota, provocando-lhe danos graves, tanto físicos como psicológicos. No mesmo período um oficial de polícia feriu gravemente um jovem professor utilizando um punho de ferro. Regularmente muitos imigrantes são golpeados pela polícia grega, sobretudo nas estações de Atenas, como demonstram muitos vídeos que foram transmitidos em distintas emissoras de televisão gregas. Tudo isto são só alguns exemplos das ações “democráticas” do Estado burguês grego, nos últimos anos de governo do partido Nova Democracia (ND).
Este assassinato teve um grande impacto sobre todos os trabalhadores e, em particular, sobre a juventude grega. Na noite do assassinato, milhares de jovens se mobilizaram espontaneamente em Atenas, Tesalónica e Patras, para demonstrar sua fúria. Houve enfrentamentos com a polícia durante toda a noite. Hoje (08/12) está planejada outra concentração no centro de Atenas, que terá uma participação maior que a de ontem.
Desde as primeiras horas da manhã, os estudantes ocuparam muitos institutos por todo o país. No momento em que escrevemos este artigo, os estudantes universitários estão reunidos em massivas assembléias gerais para decidir o que fazer. O Sindicato de Estudantes Secundaristas decidiu convocar uma greve de três dia e os sindicatos primários também decidiram sair amanhã à greve. O KKE (Partido Comunista Grego) e o Syriza, frente de esquerda do Synaspismos, também decidiram participar hoje na concentração.
Um elemento importante a destacar é que na quarta-feira da semana passada, antes do assassinato, a Confederação de Sindicatos de Trabalhadores Gregos no setor privado e público (GSEE e ADEDY) decidiu convocar uma greve geral contra a pobreza e a ameaça do desemprego para a classe operária grega. Sem dúvida, a greve geral será muito distinta depois do assassinato do jovem Alexandros.
O governo grego tentou acalmar a população prometendo um “castigo exemplar” para o oficial da polícia implicado no tiroteio, mas o ambiente que existe na sociedade faz que este tipo de promessa tenha um caráter muito limitado. As últimas enquetes demonstram que ND está 6-7% atrás do PASOK [socialista]. O voto combinado dos partidos operários supera os 60%. Existem todos os fatores para que no próximo período caia o governo.
Nós, marxistas, apoiamos energicamente e participamos ativamente no grande movimento contra o terror policial, mas também explicamos que o assassinato do jovem Alexandros não foi um acidente, mas sim é a expressão da natureza reacionária do Estado burguês e do atual governo do ND. O terrorismo de Estado, para a classe dominante, é uma arma necessária que apóia o sistema capitalista. A violência policial é a alma gêmea da pobreza, a exploração e as privatizações.
A brutalidade policial é um método da guerra de classe contra os trabalhadores. A classe dominante organiza a violência de classe contra os jovens e trabalhadores e, por isso, devemos reagir. Todo o movimento operário deve se mobilizar utilizando os métodos da luta de classes. Se as organizações de massas da classe operária não mobilizam todas suas forças, cometerão um sério erro, deixando o movimento nas mãos dos anarquistas e grupos ultra-esquerdistas, que insistem em métodos cegos e aventureiros. A queima de automóveis e lojas como “método de luta” tem o efeito contrário do que se deseja. Estes métodos dão razão à polícia, que busca se apresentar como “a protetora da propriedade do povo”. Ajuda a desviar a atenção da responsabilidade que tem a polícia e criminaliza a juventude.
Cremos que os sindicatos, os partidos operários, o PASOK, o KKE e o Synaspismos, as organizações de massas da juventude, devem se unir imediatamente em uma frente única tanto contra o governo como contra o ataque generalizado lançado pela burguesia grega. O objetivo da greve geral deve ser derrubar o governo e começar a luta por um governo socialista de esquerda, que se baseie no movimento operário, nos pobres da cidade e do campo, para poder acabar com as instituições repressoras do Estado, acabar com a opressão e aplicar um verdadeiro programa socialista. Só com a expropriação das principais empresas capitalistas e as colocando sob controle operário, poderá erradicar de uma vez por todas a violência e escravidão capitalistas.
* Marxistiki Foni é o órgão de imprensa da seção grega da Corrente Marxista Internacional.