Em 2018 teve início um movimento chamado #FridaysForFuture. Seu despertar foi motorizado por uma jovem secundarista sueca de 15 anos, Greta Thunberg. Ela se recusou a ir para a escola às sextas-feiras exigindo mudanças na política do governo local em relação às mudanças climáticas. O pano de fundo foram as discussões em torno do Acordo de Paris. A partir de então esse movimento envolveu milhões de jovens pelo mundo, em greves pelo clima. Dia 20 de setembro há uma nova greve mundial marcada para acontecer.
Esse movimento é apoiado por setores das burguesias imperialistas, assim como por empresas, personalidades e lideranças provenientes da grande e da pequena burguesia. Eles tentam controlar e desviar um movimento que envolve milhões de jovens, orientando-o para reforçar as ilusões em um suposto “capitalismo sustentável”. Buscam controlar a onda de revolta para que ela acabe em espuma, assegurando a sobrevivência do capitalismo
Ainda assim, milhões de jovens estão participando das mobilizações que estão acontecendo em dezenas de países. Esse movimento confirma nossa análise sobre a unidade internacional da luta de classes e do surgimento de movimentos por fora das organizações tradicionais do proletariado. Sua base consiste em jovens radicalizados, que estão tendo seu primeiro contato com a vida política, buscando um canal de expressão independente.
Vimos o potencial desse tipo de iniciativa no Brasil com a mobilização espontânea de milhares de jovens pelo Brasil em agosto, questionando os incêndios na Amazônia. A Corrente Marxista Internacional intervém nesse movimento em dezenas de países nos quais está presente. A Esquerda Marxista, sua seção brasileira, e a Liberdade e Luta, organização de jovens que impulsiona, também atuam onde esse movimento acontece no Brasil, apresentando uma perspectiva baseada na luta de classes, de que a luta pela sobrevivência do planeta é uma luta pela mudança do sistema, é uma luta que passa por uma revolução socialista.
Os problemas ambientais são uma questão urgente, exigindo ações urgentes. Apenas 100 monopólios e corporações são responsáveis por mais de 70% das emissões de carbono no planeta. É o sistema capitalista na sua busca por lucros que é o responsável pela degradação dos padrões ambientais, dos padrões de vida e das condições de trabalho. As políticas apresentadas por representantes burgueses como Macron e Angela Merkel são falsas saídas, uma vez que criticam aspectos da destruição ambiental brasileira, porém, com o fim de afirmar seus interesses no regime social que avança a mudança climática.
Para parar as mudanças climáticas e a destruição ambiental no Brasil e no mundo, precisamos de um plano socialista de produção, uma economia baseada nas necessidades da sociedade e não nos lucros. Isso deve envolver a propriedade pública e o controle dos trabalhadores das principais alavancas econômicas, incluindo bancos, transportes, setor de energia, serviços públicos e os principais monopólios industriais. Para combater a degradação ambiental é preciso um programa socialista ambiental ousado. Neste momento, esse programa deve ser encabeçado pela reivindicação Fora Bolsonaro.
A convocatória de greves mundiais como a do dia 20 e 27 de setembro permitem o diálogo com os jovens atentos à mobilização internacional, assim como o despertar da consciência política entre aqueles que sentem a destruição capitalista em marcha ao seu redor. Devemos explicar que o movimento carrega contradições. Existe o aspecto positivo de milhões de jovens ao redor do mundo agirem em unidade para questionar um dos efeitos do capitalismo sobre o planeta. E ao mesmo tempo que criticamos a destruição causada pelo regime capitalista e seus governos, propomos um conjunto de reivindicações transitórias audacioso. Ele deve envolver:
- Prisão dos que provocam queimadas ilegais e confisco de suas terras.
- Estatização do transporte, incluindo ferrovias, ônibus e serviços de carona. Investimento em larga escala em transportes públicos ecológicos, acessíveis e integrados.
- Reestatização das empresas de eletricidade, gás e água. Investimento em massa em energias renováveis.
- Estatização dos bancos, terrenos de especulação e grandes empresas de construção, a fim de construir habitações sociais de qualidade e realizar um programa de restauração dos edifícios existentes.
- Nenhuma compensação para ex-proprietários de empresas estatizadas.
- Controle e gestão democrática dos trabalhadores das indústrias estatizadas.
- Um plano, liderado por trabalhadores, para fazer a transição de setores poluentes para indústrias não poluentes.
Os responsáveis pela atual situação são os líderes políticos burgueses e reformistas e o regime social que eles defendem. Nenhuma confiança deve ser depositada neles para a solução definitiva dos problemas. Através da mobilização e organização exigimos que as reivindicações sejam atendidas. Os jovens em luta contra o regime capitalista devem confiar apenas em suas próprias forças, em aliança com os trabalhadores, na luta por suas próprias reivindicações e contra a destruição do planeta.