Greve na USP: estudantes e trabalhadores em luta pela universidade pública

Na assembleia geral ocorrida dia 12 de maio, os estudantes da USP decidiram deflagrar a greve por tempo indeterminado. A decisão vem com base na série de medidas que visam sucatear a Universidade em todos os âmbitos. Nesta nota, a Liberdade e Luta analisa os eixos aprovados, relaciona a greve no contexto político do país e apresenta propostas para o movimento vencer.

Na última assembleia geral, ocorrida nesta quinta, dia 12, os estudantes da USP decidiram deflagrar a greve por tempo indeterminado. A decisão vem com base na série de medidas que visam sucatear a Universidade em todos os âmbitos. Algumas destas medidas são os cortes em Iniciação Científica, cortes nos auxílios-moradia da EACH, proposta de desvinculação do Hospital Universitário, cortes nas creches, fechamento do MAC no campus Butantã, só pra citar alguns exemplos. Além da greve estudantil, o Sintusp (Sindicato do Trabalhadores da USP) também entrou em greve por reajuste salarial de acordo com o Dieese e contra o pedido de retirada de sua sede feita pela reitoria. Em alguns cursos a greve ocorreu antes de toda a universidade entrar, tal caso foi no curso da Letras, onde há também uma ocupação feita pelos próprio estudantes por cotas, permanência estudantil e mais contratações de professores.

Os eixos aprovados na greve estudantil foram Por cotas Já, permanência estudantil e contratação de professores. A Liberdade e Luta mantêm acordo com os dois últimos eixos e acredita que é fundamental lutar por vagas para todos na USP. Também se faz necessário lutar por mais vagas nas moradias estudantis, tendo em vista que não temos vagas no CRUSP o suficiente para a demanda, os “bandejões” correm risco de serem terceirizados, os circulares estão lotados e são pouquíssimos, além da contratação de novos professores efetivos estar congelada. Diante da situação de crise política e econômica nacional, onde só no ano passado foram cortados pelo menos R$ 8 bilhões da educação para serem revertidos a pagamento de juros e amortizações da Dívida Pública (dívida da qual não fizemos e nem devemos pagá-la) e apenas pouco mais de 9,5 mil vagas foram ofertadas para 142, 6 mil inscrições na Fuvest em 2016 – ou seja, mais de 50% dos inscritos ficam de fora da USP – é necessário lutar pela inclusão de todos. Esses dados mostram apenas aqueles que podem pagar pela taxa de inscrição e realizar o vestibular, nem contamos com os que não prestam a Fuvest porque sabem que não vão passar devido a péssima qualidade no ensino público nas escolas! O número dos ficam de fora aumenta ainda mais! Por tal motivo, o eixo correto, em vez de “Por cotas Já”, seria de “Vagas para todos”. É isso que tem potencial mobilizador e que unifica a luta de todos os estudantes em todos os níveis.

Os secundaristas nos mostraram e estão nos mostrando uma grande disposição de luta contra o fechamento de escolas, contra a repressão violenta da PM, contra o roubo da merenda promovido pelo Governo Estadual, algo que não pensaríamos há alguns anos. Isso é reflexo de uma mudança na situação política aberta com as mobilizações de Junho de 2013 e que se intensificou após um processo de Impeachment, abrindo caminho para o Governo Temer declaradamente em prol dos banqueiros e empresários, do qual pretende privatizar uma série de serviços públicos. Esse é o tom no mundo inteiro: instabilidade e ajustes promovidos pela burguesia. A juventude está farta de tanta retirada de direitos e repressão aos que lutam. É o que demostram os jovens estudantes da França ocupando praças públicas nas “noites em claro” contra o sistema, os secundaristas do RJ, SP, CE e RS, é o que vimos em 2011 no Occupy e na Espanha com o Movimento dos Indignados, momento que foi um embrião para uma nova organização nascer e ser reconhecida como algo diferente de toda a podridão dos partidos anteriores daquele país.

Dentro deste contexto, a Liberdade e Luta aponta que é necessário unidade dos trabalhadores e estudantes contra o sucateamento, ampliar a mobilização de outros cursos, realizar comandos de greve em cada assembleia de cada curso, fortalecer a ocupação da Letras com calendários de atividades, atos unificados com os secundaristas e outras universidades estaduais (entre elas a UNICAMP que também está em greve) contra o sucateamento promovido pelo Governo Alckmin e pela educação pública, gratuita e para todos, debates sobre a necessidade de uma Assembleia Popular Nacional Constituinte, que varra esse Congresso e abra caminho para um novo governo, voltado para as reais necessidades dos trabalhadores e da juventude.

Pela universidade pública, gratuita e para todos!
Chega de sucateamento da Universidade!

Junte-se a nós!
Liberdade e Luta – USP

Publicado originalmente em 16 de maio, na página da Liberdade e Luta na USP.