A greve nacional dos petroleiros, que começou no dia 1º de fevereiro, entra em uma semana decisiva da luta, já que pode começar a impactar a produção e o processamento de petróleo no Brasil. Tudo isso, apesar da baixa disposição de luta das direções sindicais, que parecem não querer uma greve de verdade.
Os sindicatos respeitaram os contingentes mínimos e as plantas operaram “normalmente” na semana passada, porém os trabalhadores do contingente mínimo começam a ficar esgotados fisicamente. Esses precisam ser substituídos por trabalhadores descansados, caso contrário as unidades operacionais precisarão entrar em um regime mais lento de produção ou até mesmo entrar em hibernação.
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Já são 39 plataformas, 18 terminais, 11 refinarias e mais outras 20 unidades operacionais em greve em todo o Brasil. Três bases administrativas pequenas também aderiram, dando sinais que até mesmo as grandes bases administrativas do Rio de Janeiro podem fazer o mesmo. Essa demora nas bases do Rio de Janeiro reflete o atraso da participação da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), já que as Federações não conseguem e não querem atuar conjuntamente.
Apesar de forte, a greve não se encontra no mesmo patamar da ocorrida em 1995 ainda, quando a produção parou e impactou violentamente toda a situação política do país. Além disso, diversas outras categorias de estatais e servidores cruzaram os braços junto com os petroleiros naquele ano.
Hoje, se o número de plantas paralisadas aumentasse, a produção de óleo, gás e derivados seria impactada e a força da greve não poderia mais ser escondida pelo governo, nem mesmo pelos grandes meios de comunicação que a têm ignorado solenemente.
Diferente de 1995, a situação é outra atualmente. As direções das centrais sindicais desviam da razão central da greve – a luta contra a privatização e contra as mil demissões –, impedem o crescimento para as demais categorias e solicitam negociação com o governo e a direção da Petrobras. Na nota das centrais sindicais lê-se o seguinte:
“As centrais sindicais se solidarizam com os companheiros e companheiras petroleiros, em greve desde o dia 1º de fevereiro, e veem (sic) a público pedir sensibilidade da direção da Petrobras e do governo para a abertura de um diálogo democrático visando uma solução negociada”.
É como pedir que um tigre passe a comer salada.
As direções do PSOL e do PT praticamente ignoram os petroleiros e jogam um papel similar ao da direção da CUT.
A repressão à greve tem chegado através das liminares do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que exigem 90% dos trabalhadores nos locais de trabalho, multas milionárias aos sindicatos e autorização à direção da Petrobras para contratar trabalhadores temporários para assumir os postos dos grevistas. Esta última medida é extremamente perigosa, pois é impossível formar um operador de plataforma ou refinaria da noite para o dia, o que traz grandes riscos para a vida dos trabalhadores e ao entorno das bases operacionais da Petrobras, que podem ser vítimas de um grande acidente.
Ao contrário da direção da CUT, este governo não negocia. A única possibilidade de derrotá-lo é levar a luta até o seu final. Para tanto, a CUT deveria chamar todas as demais categorias a cruzarem os braços e realizarem assembleias e atos em apoio aos petroleiros em todo o Brasil. Esse poderia ser o começo do fim do governo Bolsonaro.