O terremoto catastrófico de 2010 no Haiti deixou 250 mil mortos e 1,5 milhão de desabrigados. Foi classificado como 7,0 na escala Richter, ocorreu a 10km de profundidade e 22km de distância de Porto Príncipe. O terremoto que aconteceu em 14/08 foi maior (e vale lembrar que essa escala é logarítmica), recebeu classificação 7,2, ocorreu na mesma profundidade, mas o epicentro fica a 150km de Porto Príncipe. Ainda não sabemos sobre as vítimas desse último sismo.
Por ano, no mundo, ocorrem cerca de 20 terremotos de classificação 7,0. Mas diferente do Brasil que está localizado no meio de uma única placa tectônica, o Haiti fica num “encontro de Titãs”, isto é, a placa Caribenha, vizinha da placa Cocos, da placa Norte-Americana e da placa Sul-Americana. Por isso, é uma região com grande atividade sísmica. E o desenvolvimento da ciência ainda não foi capaz de conseguir prever terremotos.
Poderíamos agora apenas lamentar e discutir a reconstrução das cidades. Porém, o povo haitiano não enfrenta só a natureza, mas o capitalismo também. A vacinação contra a Covid-19 só foi iniciada no Haiti em julho. E até agora, somente 19.157 pessoas, equivalente a 0,2% da sua população de 10 milhões, receberam alguma dose da vacina. E somente 366 pessoas foram totalmente vacinadas. O Haiti, primeiro país da América Latina a conquistar a independência, foi o último da América Latina a iniciar a vacinação.
Essa é a monstruosidade da política imperialista que implementou seguidos golpes e ditaduras depois de 1804 quando os haitianos fizeram uma revolução e proclamaram a primeira república formada por escravos. O último episódio foi uma conspiração e complô que assassinou o presidente haitiano, Jovenel Moïse, no início de julho.
Sobre a situação política hoje no Haiti, a Corrente Marxista Internacional explica:
“(…) O que é realmente necessário no Haiti é uma ruptura total com este status quo burguês e imperialista em colapso. As massas devem romper radicalmente com o capitalismo. O caminho a seguir é a luta contra o capitalismo e pelo socialismo. As massas de trabalhadores, camponeses, pobres e jovens só podem contar com suas próprias forças e devem lutar por um programa político que possa atender às suas necessidades. Este programa deve incluir o fim da intromissão do Grupo Central imperialista e incluir a expropriação da oligarquia haitiana e dos imperialistas. Os oligarcas haitianos e os imperialistas compartilham os mesmos interesses de classe, e são esses interesses que mantêm as massas haitianas pobres e exploradas. O PHTK desencadeou uma onda de terror relacionado a gangues nas massas, na esperança de aterrorizar o movimento até a submissão.
As massas devem rejeitar o regime do PHTK e do Grupo Central e lutar pelo estabelecimento de um novo regime baseado na vontade das massas na forma de uma assembleia constituinte revolucionária, enraizada no movimento popular e nas organizações das próprias massas. (…) Comitês de ação revolucionária e defesa não só ajudarão a dar ao movimento uma estrutura organizada, mas também fornecerão as forças físicas que permitirão ao movimento proteger a si mesmo e suas realizações. Também fornecerá as forças físicas que permitirão à assembleia constituinte revolucionária agir politicamente, opor-se às gangues PHTK e ao Grupo Central e fazer cumprir o governo das massas.
O status quo da constituição de 1987, o status quo do regime burguês no Haiti, falhou. Não há solução para esta crise com base no capitalismo. As massas devem rejeitar os apelos para a renovação deste regime burguês falido e lutar para determinar seu próprio destino. A solução para a crise atual está nos métodos democráticos e na vontade das próprias massas, não da burguesia podre. A solução não está no regime burguês, mas na derrubada do capitalismo e da revolução socialista.
Abaixo o regime reacionário de PHTK! Fora imperialistas! Tirem as mãos do Haiti! Defenda a vontade democrática das massas! Por uma assembleia constituinte revolucionária! Rejeite o capitalismo e a burguesia falida pela revolução socialista!” (“Haiti: Assassinato de Moïse e o papel do imperialismo”)
E dessa política imperialista, que assola o Haiti há séculos, é preciso lembrar quem fez parte, como Lula e o PT, em 2004, quando o Brasil enviou tropas militares e comandou a Minustah da ONU. Hoje, os generais brasileiros treinados no Haiti ocupam cargos no governo Bolsonaro. Quais lições PT e Lula tiram dessa política?
Os marxistas afirmam: contra o capitalismo, só podemos nos proteger com a unidade da classe trabalhadora contra a burguesia. Em todos os países construímos partidos revolucionários e uma Internacional revolucionária. Hoje essa política no Brasil passa por lutar para derrubar Bolsonaro e construir um governo dos trabalhadores, sem patrões e sem generais.