No último sábado (26/5) foi realizada mais uma atividade do Mulheres pelo Socialismo em Curitiba. Dando sequência às ações do movimento, o tema desse encontro foi história da luta das mulheres, apresentada a partir das reflexões desenvolvidas pela companheira Simone, em conjunto com a Comissão de Mulheres da Esquerda Marxista, cuja análise, publicada em sete partes, apresenta as três ondas do movimento feminista a partir de uma análise marxista.
A atividade foi conduzida pelas militantes da Esquerda Marxista Paulla e Meire e iniciou com a apresentação das reivindicações organizadas na “Plataforma política de luta pela emancipação da mulher trabalhadora“. Paulla seguiu apresentando a importância da compreensão da história da luta das mulheres como parte da história da humanidade, apontando o equívoco em separar essas lutas da luta da classe trabalhadora. Partindo da concepção materialista, compreendemos que a história da questão da mulher foi se transformando, juntamente com as mudanças nas relações sociais de produção. As alterações a partir da acumulação do excedente de produção e da adoção da linhagem paterna, bem como a inserção da mulher na fábrica, durante a Revolução Industrial, foram fatos fundamentais para o surgimento da questão da mulher.
Nesse contexto, surge a chamada primeira onda do feminismo, que possuía aspectos reformistas e burgueses. Os limites desse movimento estavam na ausência da luta contra o fim da propriedade privada e a falta de conexão com as demais lutas dos trabalhadores. Essa onda foi fortemente marcada pelo movimento sufragista, que exigia o direito das mulheres ao voto.
Na década de 1960 inicia-se a segunda onda, com reivindicações de liberdades individuais, mas que ainda possuía limites, ao considerar que todas as mulheres deveriam se unir e também pela falta de articulação, de parte do movimento, com as lutas dos trabalhadores. Muitas das conquistas desse período, que entre seus slogans afirmava que “o pessoal é político”, só foram possíveis em função do crescimento econômico, após a Segunda Guerra Mundial e do estabelecimento do estado de bem estar social na Europa.
Nesse momento surge, dentre as diversas correntes feministas, o chamado “feminismo socialista”, ou “feminismo marxista”, que, ao adotar essa terminologia, apresentava, contraditoriamente, a crítica de que o marxismo, até então, não teria dado conta da questão da mulher. Nesse ponto é importante ressaltar que, usar esse tipo de nomenclatura é uma contradição, pois, nós, marxistas e comunistas, lutamos cotidianamente pelo fim das opressões. Essa luta deve buscar a articulação entre as reivindicações imediatas das mulheres e a luta pela superação do capitalismo, rumo à construção do socialismo. Portanto, não cabe a afirmação de que somos “feministas marxistas”.
Com a queda do Muro de Berlim, em 1989, símbolo do colapso do stalinismo, surgem as teorias que, diante desse novo período histórico e ancoradas na teoria do “fim da história”, passam a questionar e “superar” as teorias totalizantes e as metanarrativas, indicando o suposto fracasso do marxismo e do socialismo.
Esse período, a terceira onda, inclui organizações feministas ligadas ao feminismo da diferença, ao multiculturalismo, à tecnocracia e ao pós estruturalismo. Cada um desses grupos, com suas teorias próprias, ao fim e ao cabo, estão permeadas pelo pessimismo, pelo abandono da luta revolucionária e pela substituição da classe trabalhadora como motor da história. A substituição da classe pelas “novas vanguardas”, do que há de comum nos trabalhadores pelas identidades e o abandono da luta pelo socialismo faz com que esses grupos, inseridos nas universidades e nos aparelhos sindicais, ao invés de lutar pela transformação social, passem a reivindicar a ocupação dos espaços de poder, da “representatividade” e da “discriminação positiva” como objetivo final de cada grupo.
Essas teorias fortalecem o capitalismo, sendo sabiamente utilizadas por setores da burguesia, com o objetivo de apaziguar a luta de classes. Em vez de derrubar o Estado burguês, propõem a adaptação a ele, para a busca de um lugar ao sol! Além disso, essas teorias têm desempenhado um papel de combate à teoria marxista e às formas tradicionais de luta e organização dos trabalhadores. Mais do que combater o marxismo, essas perspectivas causam um retrocesso na própria ciência, que ao longo de séculos vem superando o subjetivismo, buscando a universalidade e a compreensão da realidade a partir de fatos concretos.
Encerramos a atividade reforçando a importância, atualidade e necessidade da teoria marxista para a compreensão e intervenção na realidade, buscando sua transformação radical. Somente organizadas, lado a lado com os homens da sua classe, as mulheres trabalhadoras serão capazes de buscar sua verdadeira emancipação.
Junte-se ao Movimento Mulheres pelo Socialismo e ajude a construir um novo mundo!