Relatos de uma delegação brasileira presente em Agosto no país mostram que em resposta ao golpe militar, o povo hondurenho se levantou para não mais baixar a cabeça. Em difíceis condições, a revolução começou em Honduras!
O Jornal Luta de Classes, que desde o dia 29 de agosto (um dia após o golpe gorila em Honduras) publicou uma Declaração de solidariedade ao povo hondurenho, contra o golpe e exigindo a restituição de Zelaya, soma-se aos esforços de todos os que se lançam nesta luta.
Para os marxistas é claro que as conseqüências da vitória ou da derrota do golpe terá repercussões em toda a América Latina, especialmente na Venezuela e na Bolívia, pontos avançados da revolução americana.
Por isto publicamos abaixo trechos de relatos feitos por uma delegação constituída por Amauri Soares (Deputado Estadual-SC), Ivan Pinheiro (Secretário Geral do PCB) e Marcelo Buzetto (dirigente nacional do MST). Os informes dos companheiros dão uma importante dimensão da resistência popular e da situação em Honduras.
COMUNICADO 2
Hoje, 11 de agosto, Honduras foi palco de grandes manifestações populares.
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Milhares de trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade se uniram numa mobilização que reuniu cerca de 50 mil pessoas na capital, Tegucigalpa. Estavam presentes camponeses/trabalhadores rurais da Via Campesina, membros da Confederação Nacional Indígena-COPIN, diversos setores do movimento operário-sindical (com destaque para os professores que mantêm uma greve por tempo indeterminado), Federação Universitária Revolucionária-FUR e outros setores do movimento estudantil, Frente dos Advogados Contra o Golpe, Feministas Contra o Golpe, setores do Partido Liberal, setores da igreja católica, Igreja Luterana, parlamentares e militantes do Partido da Unificação Democrática – UD, do Movimento Nova Democracia e inúmeras outras entidades dos movimentos social-operário-popular-estudantil.
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A esposa e a filha de Zelaya também falaram nos atos.
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A marcha foi impedida de se aproximar da Casa Presidencial, e aí se viveu um momento de impasse. A polícia iniciou uma negociação para que ocupássemos uma faixa da avenida e seguíssemos por uma rua próxima da Casa, mas o exército foi contra e mandou mais soldados para fortalecer a barreira criada pelas forças da repressão.
… um grupo de policiais atirou, …, num jovem militante. Então setores do povo reagiram … A polícia aproveitou para desencadear a repressão disparando contra o povo. O resultado foi aproximadamente 50 presos.
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Fortalecer as marchas e mobilizações, fortalecer a unidade na Frente, defender em qualquer situação uma Assembléia Constituinte, parecem ser essas as tarefas principais desse momento.
COMUNICADO 3
Com a impressionante ampliação da resistência popular, após 46 dias de golpe, a repressão de ontem para hoje atingiu seu mais elevado nível, de acordo com nossos interlocutores e a própria imprensa burguesa.
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A nossa delegação foi carinhosamente recebida pelos manifestantes. … Deixamos claro que estamos aqui em representação de diversas instituições políticas e sociais brasileiras, solidárias com a resistência. Desfraldamos na manifestação uma bandeira brasileira, que apareceu em toda a cobertura da televisão e da imprensa em geral.
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À noite, o governo decretou a volta do toque de recolher. De madrugada, a sede da Via Campesina foi alvo de um atentado a tiros por parte de agentes golpistas.
Apesar desta ofensiva da direita, nova manifestação se deu hoje, com dezenas de milhares de pessoas … Chegando ao destino, a passeata foi cruelmente reprimida pela Polícia Nacional e pelo Exército. Milhares de soldados, em grupos de cerca de trinta, percorreram as ruas do centro da cidade dispersando violentamente os manifestantes.
Grande parte dos manifestantes dirigiu-se então à Universidade Pedagógica, a fim de se reagruparem e se reorganizarem. No entanto, o Exército e a Polícia já haviam ocupado o campus universitário. Neste momento, a sede da Via Campesina, de alguns sindicatos e de organizações ligadas à Frente Nacional Contra o Golpe de Estado estão ocupadas pelas forças repressoras.
Quando escrevíamos este informe, ainda não se conhecia o número de vítimas da repressão que, entre presos e feridos, certamente se contam às centenas.
Amanhã devemos voltar ao Brasil, após realizarmos contatos políticos com as forças que impulsionam a resistência, de forma que possamos em nosso país dar continuidade à solidariedade.
Conclamamos todas as forças progressistas brasileiras a cerrarem fileiras em torno da solidariedade ao povo hondurenho. Até porque, pelo que sentimos aqui, a resistência deste valoroso povo não se curvará aos oligarcas locais e ao imperialismo.
Tegucigalpa, 13 de agosto de 2009
Amauri Soares
Deputado Estadual (SC)
Ivan Pinheiro
Secretário Geral do PCB
Marcelo Buzetto
Dirigente Nacional do MST