Foto: ACLU, Twitter

Horror sem fim: Pais de 545 crianças separadas na fronteira dos EUA não foram encontrados

Por meio de um tuíte publicado na tarde de ontem (20/10), a associação de direitos humanos American Civil Liberties Union (ACLU) informou que “os pais de 545 crianças – separados à força pela cruel prática de separação da família da administração Trump – ainda não foram encontrados”. A crise dos refugiados ganha mais um trágico capítulo, expondo ainda mais a podridão do sistema capitalista e sua incapacidade de continuar existindo sem causar o sofrimento aos trabalhadores e seus filhos.

As imagens revoltantes de imigrantes enjaulados por tentarem atravessar ilegalmente a fronteira dos EUA ganharam repercussão internacional e, em junho de 2018, uma juíza federal da Califórnia determinou que as 2.700 famílias separadas naquele ano fossem reunidas, entretanto, isso só foi possível porque os pais estavam mantidos sob custódia nos EUA.

De acordo com artigo da NBC News, a política de imigração “tolerância zero” do governo Trump aplicada oficialmente em 2018, já estava em “fase de testes”, por meio de um programa piloto, em 2017. Mais de mil famílias foram separadas em 2017, sendo que, muitos desses pais já haviam sido deportados antes mesmo da decisão pela reunião das famílias. Para piorar a situação, as buscas realizadas por voluntários e associações de direitos humanos foram interrompidas devido a pandemia.

A declaração de Lee Gelernt, membro da ACLU, à NBC News mostra a gravidade da situação:

“As pessoas perguntam quando vamos encontrar todas essas famílias e, infelizmente, não posso responder. Simplesmente não sei. (…) A trágica realidade é que centenas de pais foram deportados para a América Central sem seus filhos, que permanecem aqui com famílias adotivas ou parentes distantes.”

Crise dos refugiados

A mídia burguesa trata a crise dos refugiados que buscam a salvação de suas vidas na Europa de uma forma distinta em relação aos que tentam entrar ilegalmente nos Estados Unidos. Entretanto, a situação não é muito diferente no continente americano. O colapso econômico e social de muitos países latino americanos é o que empurra os milhares que veem nos EUA uma possível fuga da violência do crime organizado, das milícias, da falta de perspectiva em melhorar as suas vidas. Enquanto essas desumanas condições existirem, haverá pessoas desesperadas tentando encontrar uma saída do pesadelo em que estão forçadas a viver.

Além disso, é preciso considerar as condições sub-humanas que vivem os migrantes que de alguma forma conseguiram permanecer nos EUA, vítimas de racismo, xenofobia, forçados a trabalhar em empregos precários ­­­ — e com baixa remuneração —, e as prisões da Imigração e Alfândega dos EUA que são verdadeiros campos de concentração de imigrantes.

Necessidade do socialismo

Por mais que a política reacionária de Trump tenha sido a causa da separação dessas famílias, agora impossibilitadas de se reencontrar, é preciso compreender que essa situação não irá melhorar caso um candidato como Joe Biden ganhe a corrida eleitoral em curso nos EUA.

Como já explicamos anteriormente, “ninguém, além das pessoas mais desesperadas, embarcaria numa longa marcha através de condições difíceis e perigosas, para escapar de condições ainda piores. (…) Somente garantindo trabalho, moradia, saúde e educação dignas de seres humanos, o problema pode ser resolvido.

Essa é uma questão que o capitalismo não pode resolver, seja na América Latina, nos EUA ou no mundo. Somente a planificação da economia sob o controle dos trabalhadores é que poderá mudar essa realidade.