Intervenção federal no Rio: contra o proletariado e o povo pobre

As praias são bonitas, e nelas trabalham vendedores no sol sem nenhuma proteção. No asfalto, o calor é de mais de 30ºC. Os que nele quase correm carregando e entregando mercadorias dificilmente ganham o salário mínimo. Nas estatísticas, ai de ti Copacabana, mas o Rio de Janeiro é um dos estados com o maior desemprego, com falta de professores nas escolas, onde postos de saúde e hospitais não funcionam e onde se morre porque qualquer chuva derruba casas e interrompe a eletricidade nos hospitais.

Aqui surgem como cogumelos os donos de ônibus (“os Baratas”) e também as empresas diversas, de joalherias a concessionárias de serviços públicos, que têm isenção de impostos estaduais e municipais, “a bem do serviço público”. E esse “bem mal” todos sofrem. Se os servidores civis não recebem salários, o governador do Rio chegou ao cúmulo, em um estado burguês, de atrasar os salários das próprias forças de repressão!

Para Pezão (governador do Rio) a intervenção federal de Temer confere força para administrar o caos econômico, social e administrativo. Como argumento os peemedebistas valeram-se da crise de segurança. No entanto o estado está em 10º lugar no ranking de mortes nacional. Temer deseja contornar as consequências do capitalismo no Rio de Janeiro e salvar seu próprio pescoço, que continua na linha de corte quando não conseguiu o capital suficiente para pagar os deputados e aprovar a “reforma da previdência”.

Temer aciona o Exército para enviar a mensagem de estar dentro do tabuleiro político, de possuir fôlego e que busca reverter sua impopularidade.

Tanto a intervenção federal quanto os episódios da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) ocorrem dentro do “Estado Democrático de Direito”. A atuação das tropas militares no Rio de Janeiro tem como objetivo aumentar a repressão à população das favelas e demais bairros proletários. São expressão disso os mandados de busca coletivos e a reprodução da atuação das tropas brasileiras no Haiti.

Premeditadamente, o artigo 2º do decreto afirma: “O cargo de Interventor é de natureza militar.” Ou seja, a natureza da intervenção tem um componente militar claro, mas a primeira nota que esclarece a posição do interventor é publicada pelo Comando Militar do Leste assinala, ironicamente, que a intervenção é civil!

Apesar da intervenção, a burguesia teme perder o controle da situação, como expressou o comandante do Exército, general Villas Boas, ao mostrar seu temor sobre o surgimento de uma Comissão da Verdade sobre a intervenção.

Somente com o proletariado tendo uma organização independente, que se contraponha aos traficantes, às milícias do crime e à PM, será possível ter uma saída que solucione seus problemas diante da situação atual.