Intervimos nos sindicatos municipais dos trabalhadores em educação da cidade de São Paulo e de outras cidades do Estado no espírito que Lenin conclamava os comunistas a intervir em “Esquerdismo, doença infantil do comunismo”. As orientações de princípio assinaladas por Lenin a esse respeito concentram a concepção marxista sobre disputa de ideologias e conquista das massas para uma consciência revolucionária. Retomar essas ideias e reafirmá-las constitui importante suporte para resistir às pressões de capitulação oportunista e realizar as tarefas de nossa época.
Nossa orientação fundamental é trabalhar obrigatoriamente onde está a massa. Hoje nas categorias em que atuamos ela se agrupa e se relaciona com os sindicatos e associações sindicais existentes no Brasil. Por isso, enquanto esquerdistas e desmoralizados se desfiliam e recusam-se a participar dessas entidades, nós estamos filiados e desenvolvemos um trabalho político nelas. Assim, defendemos nossas posições e buscamos intervir e conquistar os trabalhadores para nossa influência. Parte desse esforço é participar das greves da categoria, ainda que com métodos e reivindicações distintos de nossas propostas, utilizando-se desses momentos para ampliar nossa força.
Ao dizer que intervimos no espírito da obra de Lenin, precisamos levar em conta o desenvolvimento histórico ocorrido e como a questão se coloca hoje. No início do século 20, a II Internacional com sua concepção sobre sindicatos era um enorme obstáculo ao movimento operário. Nos dias de hoje, lidamos com expressões no Brasil de outro fenômeno surgido na luta de classes algum tempo depois: o fascismo e sua concepção dos sindicatos fascistas como braço do Estado.
O que Lenin definia naquele momento, no entanto, era um princípio, e não uma tática circunstancial. Aos comunistas cabe levar a cabo uma propaganda e uma agitação sistemáticas, tenazes, perseverantes e pacientes nas instituições, associações e sindicatos onde esteja a massa proletária ou semiproletária. E isso deve ser feito por mais reacionárias que sejam esses espaços e suas direções. Enquanto Lenin elencava vários líderes sindicais traidores do proletariado do início do século 20, nós podemos elencar todos os atuais líderes sindicais brasileiros.
Realizamos uma luta contra as direções atuais do movimento dos trabalhadores pois entendemos sua maioria absoluta como expressões diretas ou indiretas, mais à direita ou à esquerda, de uma mesma aristocracia operária corrompida pela burguesia imperialista. E a corrente política e filosófica a que todas essas vertentes sindicais terminam por recorrer é o oportunismo, que significa fundamentalmente a subordinação dos interesses de classe do proletariado à burguesia.
Lado a lado com isso, devido às características do desenvolvimento histórico do movimento operário brasileiro, travamos uma luta contra a estrutura de inspiração fascista e semi-estatal do sindicalismo CLT brasileiro. Ele representa o baluarte jurídico e material sobre o qual se ergue toda a estrutura reacionária dos sindicatos de hoje em nosso país. Sem a libertação da tutela do Estado e das fontes materiais de corrupção do modelo sindical, a massa está sujeita ao controle da burguesia.
A propaganda e a agitação em nome da massa proletária serve para atraí-la para nosso lado. A isso deve servir a luta contra as direções atuais e contra a estrutural sindical CLT. Em outras palavras, precisamos introduzir a consciência revolucionária entre essas massas. Essa é a vocação da Esquerda Marxista, de suas células por decorrência e do Coletivo Educadores Pelo Socialismo como sua organização sindical.
Aqui faz-se importante insistir no conteúdo e na forma dessa agitação e propaganda. A vida da massa sob o capitalismo a faz desenvolver consciência sobre sua realidade e a instintivamente comportar-se como classe. Essa é a base da sociedade de classe. A consciência decorrente disso, entretanto, é uma consciência espontânea. Todo o oportunismo, sendo ele próprio uma vertente do pensamento burguês, se baseia nessa consciência espontânea. A agitação e propaganda dos marxistas trabalha outro tipo de consciência, revolucionária.
O aparato sindical semi-estatal brasileiro, o Estado brasileiro e o arco-íris do movimento político de direita ao reformista consiste numa poderosa pressão sob nossa célula para capitulação ao oportunismo. Uma pressão que não é evidente, uma pressão sutil, porém contínua. Como um grande cerco a uma fortaleza revolucionária. Uma pressão por fazer sindicalismo tradicional, por reduzir nossa discussão a um economicismo, por evitar desenvolver nossas análises da conjuntura até o final, por não cumprir decisões democraticamente decididas, por intimidar-se ao invés de desenrolar o fio que conecta a reivindicação local ao descalabro geral da sociedade capitalista em decomposição; em uma palavra, por temer contrapor a ideologia dos trabalhadores à ideologia socialista.
Consciente de todos esses elementos, afirmamos nosso compromisso com a intervenção nos sindicatos contrarrevolucionários com base no espírito – nos princípios – do que defendia Lenin.
Iremos apresentar as verdades teóricas do marxismo para os trabalhadores para desmascarar os líderes traidores das massas e destruir a estrutura CLT dos sindicatos. Faremos isso sem timidez e com sensibilidade ao grau de consciência de cada trabalhador. Agiremos como comunistas que intervém no sindicato, ao invés de pretender ser sindicalistas revolucionários. Nesse esforço, nossa prioridade em todas as ações é recrutar aqueles mais avançados para a Esquerda Marxista, para junto a nós propagar consciência revolucionária sob a bandeira do Coletivo Educadores Pelo Socialismo.
Conforme ampliamos nossa força simultaneamente ampliamos nossa influência. Tornamo-nos mais capazes de cumprir a missão de arrancar da influência dos chefes reacionários as massas trabalhadoras insuficientemente desenvolvidas ou atrasadas, destruir a estrutura CLT dos sindicatos e implementar sindicatos livres, classistas e de base. Preparamos assim as condições para que a classe trabalhadora como um todo dê o passo seguinte de sua luta política, que consiste em colocar em questão o poder político geral da sociedade.