Joinville: aumento do lucro para as grandes empresas e miséria para os trabalhadores

Joinville sempre se destacou no cenário brasileiro por ser um forte pólo metal mecânico, com grandes indústrias e um bom desenvolvimento capitalista. Em suas casas, muitos brasileiros têm algum produto fabricado na cidade, já que várias multinacionais de “sucesso” e fama nacional e internacional tem seus parques fabris na chamada “Manchester catarinense”. Mas o brilho da pujante cidade do norte de Santa Catarina não se reflete na vida do trabalhador.

Empresas como a Tupy, a maior empregadora da cidade, obtiveram um lucro de mais de R$ 89 milhões só no último trimestre do ano passado. A frequente manipulação do câmbio, desvalorizando o real frente ao dólar, feita propositalmente pelo governo Bolsonaro e seu ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes, faz com que o valor da mão de obra diminua consideravelmente. Isso se dá pelo fato de muitas mercadorias produzidas na cidade serem negociadas internacionalmente em Dólar e os salários dos operários serem pagos em real. Os números dão conta de uma alta de 29,33% da moeda americana sobre a brasileira no último ano.

A ideologia dominante nos faz acreditar que a alta do dólar é um problema exclusivo da alta classe média, que vai ter que gastar mais dinheiro para viajar para outros países. Mas a valorização da moeda norte-americana atinge com mais violência os trabalhadores das classes mais baixas.

A incapacidade do Brasil de produzir tudo que consumimos faz parte dos produtos necessários à vida dos brasileiros, como a farinha de trigo, ser comprada no exterior em dólar. Se o real perde valor frente à moeda norte-americana, será necessário mais dinheiro para comprar o pão. 

Em um exemplo hipotético, se antes os moinhos brasileiros gastavam R$ 60 para comprar uma saca de trigo, hoje se gasta R$ 90. Esse gasto é passado às padarias e fábricas de alimentos, chegando consequentemente aos consumidores. 

Há ainda o caso de ficarmos reféns da especulação do próprio mercado, pois os produtores muitas vezes encontram preços mais favoráveis no mercado internacional, deixando vários itens da cesta básica mais caros. Os dados mostram que os produtos da cesta básica subiram 15% em pleno ano de pandemia. Se o dólar sobe, e não é reajustado o salário, o trabalhador perde seu poder de compra, ficando consequentemente mais pobre. 

Contrariando todo o discurso liberal, o aumento da qualidade de vida vem da luta dos trabalhadores por mais direitos, e não de um suposto desenvolvimento do sistema. A indústria capitalista não faz caridade nem pensa na qualidade de vida do seu trabalhador. Por isso, todo lucro possível é sempre acumulado e nunca repassado aos seus trabalhadores. 

O resultado direto do domínio capitalista sobre a sociedade que vivemos é o aumento da desigualdade social na cidade “mais rica” de Santa Catarina.  As mais recentes pesquisas sobre as condições dos joinvilenses mostram que a miséria aumentou em Joinville no último ano. O número de pessoas em extrema pobreza cresceu de 17,3 mil no início de 2020, para 20,3 mil em 2021. Segundo o governo federal, para uma família estar em situação de extrema pobreza, a renda per capita deve ser inferior a R$ 89 por mês, isto é: o dinheiro que a família recebe todos os meses deve ser menos que míseros R$ 89 por pessoa.

Para identificar que Joinville e outras cidades do Brasil passam por uma grave crise humanitária, não precisaríamos nem checar as pesquisas. Um atento observador vê que o número de pessoas morando nas ruas, pedindo alimentos para manter suas famílias, tem aumentado nos últimos anos. E mesmo na rica Joinville a população tem sofrido com a acumulação capitalista promovida pelo sistema nos últimos anos. 

Os trabalhadores que arriscam suas vidas trabalhando em meio à pandemia, ao ir ao mercado notam que hoje o dinheiro não dá mais conta das compras básicas, tendo que escolher por vezes qual tipo de alimento comprar. Uma vida muito diferente de seus patrões, que ostentam lucros e uma vida regada a luxo.

A luta vem debaixo

O marxismo nos ensina que “na luta política de uma classe contra a outra, a organização é a arma mais importante” (Engels, 1881). A ferramenta que os trabalhadores usam para lutar por melhores salários e condições desde os tempos da Revolução Industrial são os sindicatos. É com eles que lutamos por uma vida melhor para todos. Porém, se por um lado vemos que as direções burocratizadas, sem ação, se tornaram obstáculos na luta dos trabalhadores contra seus patrões. Por outro, entendemos que a luta exclusiva por melhores salários é limitada, já que não são os baixos salários, mas o salário em si mesmo que constitui o mal fundamental do sistema”.

A única saída é a organização da classe trabalhadora, agindo na base do movimento, educando os operários para os combates, lutando por uma sociedade sem explorados nem exploradores. Com a grande insatisfação que vemos entre a população, é certo que o próximo período será de muita luta. 

Se você se sente indignado com a perda da renda e o aumento da miséria, junte-se à Esquerda Marxista. Vamos juntos travar essa luta contra o capitalismo e o governo Bolsonaro.

Referências:

<https://www.nsctotal.com.br/colunistas/saavedra/extrema-pobreza-cresce-na-pandemia-e-atinge-203-mil-pessoas-em-joinville>

<https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/03/04/lucro-da-tupy-sobe-187percent-no-4o-trimestre-para-r-86-milhoes.ghtml>

<https://economia.uol.com.br/cotacoes/noticias/redacao/2020/12/30/fechamento-dolar-ibovespa-30-dezembro.htm#:~:text=Cota%C3%A7%C3%B5es-,D%C3%B3lar%20fecha%202020%20em%20alta%20acumulada%20de%2029%2C33%25%2C,%3B%20Bolsa%20sobe%202%2C92%25&text=Ap%C3%B3s%20cair%20mais%20de%201,venda%20(%2B0%2C11%25)>

<https://www.bbc.com/portuguese/brasil-50631302>

<https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/03/em-um-ano-de-pandemia-preco-dos-alimentos-sobe-quase-tres-vezes-a-inflacao.shtml?origin=folha>