Foto: Elineudo Meira

Justiça para Marielle e Anderson. Investigação Independente! 

O dia 14 de março tornou-se uma data histórica para todos que lutam contra o sistema capitalista e todas sua formas de opressão. Foi o dia em que a militante e vereadora do PSOL, Marielle Franco, e seu motorista Anderson Gomes, foram executados a tiros na cidade do Rio de Janeiro, quando o estado estava sob intervenção federal, com coordenação do Exército.

Marielle, nascida na Favela da Maré, exercia seu primeiro mandato de vereadora, para o qual levou toda sua luta e combate contra a violência praticada pelo Estado e as milícias nas favelas e bairros operários do Rio de Janeiro.

Em março de 2019, a Polícia Civil do Rio de Janeiro apresentou os executores dos assassinatos. O policial militar Ronnie Lessa que teria atirado e o ex-PM Élcio de Queiroz. Os assassinos possuem ligações estreitas com a família do presidente da República. Ronnie Lessa morava ao lado da casa de Bolsonaro, no Residencial de Alto Luxo Vivendas da Barra, o que deu outra dimensão para os assassinatos. Ambos os acusados irão a júri popular este ano.

As investigações para se chegar aos mandantes dos assassinatos seguem em sigilo e fizeram florescer conflitos entre o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, o presidente da República, Jair Bolsonaro, e o Ministério Público do Rio de Janeiro.

As execuções de Marielle e Anderson mostraram que no estado do Rio de Janeiro o crime organizado conseguiu entrar nas suas instituições, constituindo um “Estado Bandido”, onde as milícias têm um grande poder, sendo que muitas delas seriam comandadas por quem ocupa cargos importantes na estrutura do Estado.

A família Bolsonaro foi levada a um estado de apreensão em virtude das investigações terem descoberto um grupo de assassinos de aluguel, denominado pela Promotoria de “Escritório do Crime”, que seria comandado pelo ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) Adriano da Nóbrega, intimamente ligado ao senador Flávio Bolsonaro.

Adriano da Nóbrega, que era considerado foragido da justiça, depois de quase um ano foi encontrado morto na Bahia, em fevereiro deste ano. A atuação da polícia baiana em conjunto com policias do Rio de Janeiro foi considerada queima de arquivo, pois Adriano teria informações que poderiam levar ao mandante ou mandantes dos assassinatos.

Em 2005, o ex-capitão havia sido homenageado por Flávio Bolsonaro com a Medalha Tiradentes no mesmo ano em que havia sido condenado por homicídio – absolvido dois anos depois – e chamado recentemente de herói pelo presidente Jair Bolsonaro. 

Hoje existe um pedido de federalização das investigações dos assassinatos, que será apreciado provavelmente em 31 de março. Existe uma disputa entre os órgãos federais e estaduais para ver quem deve assumir as investigações. Ocorre que existe uma desconfiança generalizada, de que tanto os órgãos federais, quanto os estaduais, não têm interesse de aprofundar as investigações para se chegar ao mandante ou mandantes da execução. 

Estamos convencidos que os órgãos da justiça burguesa não são confiáveis e não têm interesse em aprofundar esta investigação para se chegar aos mandantes, o que os manterá na impunidade. Somente uma investigação independente pode encontrar, de fato, os mandantes da execução e dar justiça à Marielle Franco e Anderson Gomes.