Lançada no Brasil a revista América Socialista número 2!

A revista América Socialista, publicada em diversos países do continente pela CMI (Corrente Marxista Internacional), acaba de ter sua segunda edição lançada no Brasil. Publicamos aqui o texto de apresentação da revista.

O número dois da revista América Socialista se publica num momento em que internacionalmente se agudiza a crise do capitalismo e começa a dar sinais de que atingirá brevemente o Brasil. Como os marxistas brasileiros da Esquerda Marxista já explicaram diversas vezes o Brasil não é uma ilha, não está “blindado” será atingido, mais cedo ou mais tarde pela crise do capital. Afinal, se não é possível, como a história demonstrou, socialismo num só país muito menos capitalismo (sadio!) num só país.

É nesta situação internacional que de diferentes formas e com diferentes ritmos importantes acontecimentos se operam no terreno da consciência das massas. Há um questionamento cada vez maior de um sistema que não oferece nenhum futuro à maioria da população, nem mesmo nos países mais ricos do mundo. O capitalismo e seus arautos, burgueses ou agentes no interior do movimento operário, não se cansaram de prometer crescimento, mais e mais capitalismo, mais consumo, mais felicidade e um futuro luminoso para todos. O que conseguiram, entretanto, foi organizar uma monstruosa fraude sobre a base de montanhas de papeis, de bolhas de crédito e de uma alucinada ciranda financeira, causando a maior crise de superprodução desde 1929. Sabemos como terminou aquela crise. Com a Segunda Guerra Mundial onde os capitalistas buscavam re-dividir o mercado mundial e como explica o Manifesto Comunista, tentavam sair da crise destruindo forças produtivas da Humanidade.

Naquela época contaram com a força dos partidos estalinistas e socialdemocratas para conter e desviar a revolução. Hoje em dia esta força de controle e contenção não existe mais com aquela potência. Se bem que estes partidos continuem existindo e cada vez mais são abertamente apresentados como gerentes do capitalismo putrefato, eles não têm mais o controle do movimento operário que tinham então. Hoje, este papel vergonhoso está muito mais concentrado nas mãos dos dirigentes sindicais das grandes organizações operárias de massa. Estas organizações sindicais, por seu próprio caráter, por sua vez são mais suscetíveis à pressão das massas do que os partidos operários passados para o lado do capital. Mas, mesmo estes dirigentes têm dificuldades em controlar a revolta da classe trabalhadora. É neste sentido que se operam internacionalmente importantes mudanças na consciência das massas. É o que explica a profusão de movimentos massivos no Oriente Médio, na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo.

Apesar da confusão, da ingenuidade e das tentativas de conter estes movimentos eles expressam uma situação onde as massas começam a se livrar do cabresto dos velhos partidos, mas ainda não encontraram o caminho para construir novos partidos operários de massa capazes de abrir o caminho e tomar o poder. Esta é a tarefa urgente dos marxistas.

Sabendo que exatamente pela atual situação da luta de classes e da correlação de forças internacional entre as classes que este será um longo período doloroso para as massas que aprenderão no meio de imensas batalhas, com vitórias e derrotas. É neste período de tremenda resistência das massas, crise e desnorteamento da burguesia que a consciência socialista, de independência de classe das massas trabalhadoras renascerá. Os marxistas forjarão junto com este processo os instrumentos de construção da Internacional Marxista de massas tão necessária para livrar o mundo da barbárie capitalista.

A revista América Socialista em português passa a ser publicada semestralmente com os textos da edição em espanhol e incluirá outros textos e documentos políticos e teóricos produzidos no Brasil. Passando assim a ocupar o lugar de uma revista teórica e política internacional e brasileira.

Nesta edição publicamos uma homenagem à Comuna de Paris, mais atual do que nunca. Foi este “assalto aos céus” a primeira tentativa de revolução proletária e que inspirou o movimento operário em todo mundo. Que militante revolucionário sério não olha hoje o Oriente Médio ou a Europa e não vê o cadinho revolucionário de uma necessária nova Comuna de Paris em cada país?

Trazemos também um artigo sobre a crise europeia e uma analise dos programas dos partidos de esquerda, que obviamente não estão à altura da situação, ou melhor, funcionam de fato como freios para a revolução.

Relacionado com isso publicamos um extenso artigo sobre o movimento Ocupa nos EUA e sua ligação com o movimento operário e o futuro da revolução naquele país que é o coração do dragão capitalista.

Este movimento expressa um mal estar profundo na sociedade norte-americana. Começou em Nova York e se estendeu pelo país. Nossos camaradas participando diretamente da mobilização nos dão um relato importante de como ele atraiu o movimento operário, sendo defendido pelos sindicatos, e sob o chicote da repressão em Oakland, Califórnia, o movimento foi levado a um plano superior colocando a questão da convocação da Greve Geral na cidade.

Esta greve se ligava com a experiência dos trabalhadores na derrota de Bem Ali na Tunísia e de Mubarak no Egito e é de certa forma a continuação do magnífico movimento de Wisconsin que levou à ocupação da Assembleia Legislativa pelos trabalhadores em luta contra os cortes do governo estadual.

Só nos anos 30 com as greves de Minneapolis, San Francisco, Toledo, é que se viram discussões como estas nos EUA.

Publicamos ainda um artigo sobre as próximas eleições do México neste ano onde Lopez Obrador é o candidato das massas contra o regime e sua política.

A criação da CELAC, impulsionada por Chávez provocou muita discussão na esquerda latina. David Rey analisa o que é e qual o significado da CELAC desde o ponto de vista marxista mostrando seus limites e discutindo qual o verdadeiro caminho para uma autenticação liberação dos povos da opressão imperialista.

Um artigo de Patrick Larsen desvela como o imperialismo EUA maneja sua mão peluda na América Latina. Um artigo que parte da situação da Venezuela e do golpe em Honduras, em 2009, e que mantem toda atualidade, ainda mais neste ano em que as eleições na Venezuela colocam enormes perigos para a revolução.

O magnifico movimento da juventude chilena é analisado por José Pereira num artigo que destaca esta luta de repercussão internacional em defesa da educação pública e gratuita em todos os níveis. O artigo faz um balanço deste movimento e dos problemas enfrentados.

As reformas em Cuba e as ameaças de restauração capitalista são temas ligados à renúncia de Fidel e que são analisados de forma excelente nestes artigos de Wanderci Bueno e Frank Cabrales. Este último em especial em situação nada fácil por ser comunista, cubano, e viver sob o regime dirigido pelo Partido Comunista cubano. Frank retoma os ensinamentos de Marx, Engels, Lenin e Trotsky de que não é possível construir o socialismo num só país, mas que é preciso lutar pelo socialismo em escala internacional.

Finalmente, dois artigos sobre Lula e o PT. Um deles é sobre Lula e seu grande projeto, o PAC, definido, e comprovado pelos marxistas como uma grande “mudança de pele” na economia brasileira adaptando-a e modernizando-a como uma potente plataforma de exportação agro-mineral e que por consequência amplia a subordinação do Brasil aos interesses capitalistas e a opressão e a exploração dos trabalhadores. Uma explicação com dados e fatos na contramão da propaganda oficial de que se está construindo aqui uma potência mundial capaz de rivalizar com os países imperialistas.

O outro é um artigo de análise e balanço do surgimento e do desenvolvimento do PT. Do seu surgimento, no bojo das maiores mobilizações da história do Brasil, como um partido operário independente mesmo que com um programa incompleto e as vezes confuso, mas revolucionário, até sua desfiguração e metamorfose em partido operário-burguês adotando as falsas teorias de programa democrático e popular até sua chegada ao governo e aplicação direta do programa capitalista de salvação da burguesia.

É um artigo essencial para entender o que foi e o que é o PT hoje e sua existência ainda como o partido que as massas trabalhadoras e exploradas consideram ainda como o “seu partido”. É desta situação que derivam tarefas e tática de construção revolucionária no Brasil. Pelo significado do PT e sua história este artigo evidentemente tem amplitude internacional.

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