A Esquerda Marxista lança, em português, a décima edição da América Socialista, revista teórica da Corrente Marxista Internacional para o continente americano.
Neste ano comemoramos o centenário do acontecimento mais importante da história da humanidade, a Revolução Russa de 1917, a primeira vez que a classe operária tomou o poder e o manteve.
Nesta edição especial, dedicamos três artigos a essa vitoriosa revolução proletária. Fonte de inúmeras lições para os que querem pôr fim à opressão e exploração capitalista, e seguir na luta por uma sociedade socialista.
O primeiro desses artigos, de autoria de Alan Woods, intitula-se O que a Revolução Russa realizou e por que degenerou. Alan combate as calúnias contra a revolução levadas a cabo pela campanha da burguesia para manchar a luta pelo socialismo. O texto apresenta os avanços econômicos, sociais e tecnológicos proporcionados por uma economia planificada. Ao mesmo tempo, combate a contrarrevolução política realizada pela burocracia stalinista na Rússia, que liquidou totalmente o regime de democracia soviética dos trabalhadores. Alan conclui: “O que fracassou na Rússia e na Europa Oriental não era comunismo ou socialismo, em qualquer sentido em que este era entendido por Marx ou Lênin, mas uma caricatura burocrática e totalitária”.
Já o artigo Revolução Russa: às vésperas da Revolução de Fevereiro, de Hamid Alizadeh, trata dos antecedentes da revolução que derrubou o já frágil regime czarista. A análise trata das divisões na classe dominante, a impotência e a covardia da chamada burguesia liberal, a deplorável situação da classe trabalhadora e do campesinato, consequência da guerra imperialista, ou seja, do conjunto que vai desembocar na explosão revolucionária que derrubará não apenas o regime czarista em fevereiro, mas que vai levar a classe trabalhadora ao poder em outubro.
Completa a série de artigos sobre o tema o texto de Francis Madlener, 100 anos da Revolução Russa e a luta das mulheres. O texto retoma a organização das mulheres trabalhadoras russas, seu papel decisivo no processo revolucionário e as conquistas obtidas, tais como direito ao aborto, ao divórcio, medidas para libertar a mulher da escravidão dos afazeres domésticos, com lavanderias, creches e refeitórios públicos. O texto trata também da reação stalinista que retirou várias destas conquistas e combate o feminismo burguês, que trata a luta pela libertação da mulher como uma luta entre gêneros e não como parte da luta de classes.
A revista segue com o artigo de Carlos Márques, do México, que analisa a Constituição do país de 1917, saída da Revolução Mexicana. O documento, apesar das conquistas sociais contidas, fruto da luta popular, constituiu as bases para um regime capitalista, ou seja, para o triunfo da burguesia no processo revolucionário.
O artigo seguinte trata do Acordo de Paz na Colômbia entre as FARC e o Estado. No texto Jorge Martín e Jonathan Fortich explicam as origens e a história dessa organização guerrilheira, a intervenção do imperialismo estadunidense através do Plano Colômbia, concluindo com uma análise detalhada do atual acordo de paz, seus motivos, suas limitações e as implicações que pode trazer para a luta de classes no país.
Da Espanha, David Rey faz uma contribuição ao debate interno no PODEMOS, que realizou sua segunda Asamblea Ciudadana (o Congresso) em fevereiro deste ano, com uma expressiva vitória da ala esquerda do partido. No artigo, são analisadas as posições em disputa e as estratégias para a construção do PODEMOS. Enquanto o setor liderado por Errejón advoga pela moderação da linguagem (e do conteúdo) para ganhar as camadas médias da sociedade, o setor liderado por Pablo Iglesias tem defendido maior radicalidade para conquistar estes mesmos objetivos. O artigo combate o reformismo, defendendo a visão marxista da luta de classes.
Os camaradas de Lucha de Clases, na Venezuela, escrevem um artigo bastante duro, mas muito necessário sobre a gravidade da crise econômica e política pela qual passa a Revolução Bolivariana. Esta crise é o resultado de uma combinação de fatores, mas em última instância tem suas raízes na falida tentativa reformista de regular o funcionamento do capitalismo. As conquistas da revolução estão ameaçadas e a única maneira de defendê-las é avançando em uma mudança drástica, com a expropriação das grandes empresas, bancos e latifúndios.
Por fim, publicamos extratos do livro de James Cannon, A luta por um partido proletário, um livro de combate a uma fração pequeno-burguesa no SWP. Tal obra foi escrita por Cannon sob inspiração e supervisão de Trotsky, que a aprovou inteiramente. Tal publicação é antecedida por uma apresentação do camarada Serge Goulart, que relaciona a obra com o surgimento de um pequeno grupo de oposição à maioria da direção da Esquerda Marxista, e que, recentemente, abandonou nossa organização.
Esperamos que este número da revista, nos 100 anos da Revolução Russa, seja do interesse de nossos leitores e colabore com a formação teórica dos militantes engajados na luta por uma revolução socialista mundial. Grandes batalhas se avizinham, novos Outubros virão!