Foto: Sindmetau

LG anuncia fechamento de fábricas de celulares: como os trabalhadores podem salvar os empregos?

 “E como triunfa a burguesia das crises? Por um lado, pela aniquilação forçada de uma massa de forças produtivas” (O Manifesto do Partido Comunista, Karl Marx e Friedrich Engels)

Em abril deste ano, a sul-coreana LG anunciou que não irá mais produzir celulares no Brasil e no mundo, além do fim da produção de notebooks e monitores em Taubaté (SP) e, consequentemente, o fechamento da fábrica situada no interior paulista, levando mais de 700 trabalhadores, em plena pandemia, a uma situação de desemprego. Outras empresas que produziam partes dos celulares também foram afetadas pela decisão da empresa, impactando cerca de 430 funcionários.

Sabemos que toda vez que isso acontece a burguesia já tem uma lista de desculpas, principalmente sobre a lucratividade da empresa (a LG alega que irá fechar sua fábrica de Taubaté em razão dos prejuízos que a empresa acumula desde 2015) e a necessidade manter seus acionistas recebendo seus dividendos.

Outras empresas do setor de celulares passaram por processos parecidos, como a Ericsson, que teve sua divisão de celulares comprada pela Sony, a Nokia, que foi comprada pela Microsoft e a Blackberry fechou suas fábricas e atualmente vive de patentes.

Mas o que explica o atual fechamento dessas fábricas? O fato é que esses não são casos isolados ou ações individuais de alguns grupos empresariais, pois trata-se de uma das consequências da crise sem fim em que está inserido o capitalismo. A empresa que não adere a esse movimento de destruir forças produtivas não consegue manter sua taxa de lucro, no final o que a LG diz não é de todo mentira, mas é causado por algo que ela não pode lutar contra.

O desemprego como forma de baixar salários

“Toda a forma de movimento da indústria moderna deriva, portanto, da transformação constante de uma parte da população trabalhadora em mão de obra desempregada ou semiempregada.” (O Capital, Capítulo 23: A lei geral de acumulação Capitalista)

O acordo entre a LG e o Sindicato dos Metalúrgicos (Sindimetau) deve encerrar a greve com o pagamento de uma indenização para cada um dos seus ex-funcionários que pode chegar a R$ 73 mil. As empresas terceirizadas também serão impactadas e por isso os trabalhadores pleiteiam a mesma indenização da LG.

Com o desemprego aumentando no setor e não tendo outras fábricas abrindo na região, os operários vão utilizar a indenização até o fim, e após esta terminar não terão mais como pagar suas contas até conseguir um novo emprego. Muitos desses trabalhadores demitidos sustentam sozinhos a própria família e necessitam de um salário permanentemente para poder ter suas necessidades como alimentação e moradia.

Em um cenário de aumento da inflação e encarecimento dos alimentos e habitação que tem sido crescente, essa indenização será rapidamente corroída e perderá seu valor de compra enquanto a burguesia destrói os empregos, desmonta as fábricas destruindo forças produtivas, e cada vez menos trabalhadores estão ocupados.

O papel do Sindimetau está longe de ser de uma entidade que defende os interesses da classe trabalhadora. Em seu site, a entidade comemora o “acordo por indenizações na LG” por ser “quase 90% maior que proposta inicial da empresa” e coloca declaração de trabalhadores satisfeitos com a negociação. O Sindimetau deveria organizar desde o início o combate em defesa da manutenção dos postos de trabalhos, de organizar uma greve combativa, buscar a solidariedade entre os trabalhadores de outras empresas e categorias e apresentar a solução real para a atual situação: se os patrões não querem mais manter a empresa, que os trabalhadores a ocupem e produzam por conta própria.

Ocupar para manter os empregos

Para salvar os empregos a única saída desses trabalhadores é a ocupação das fábricas sob o controle operário. Esse é o primeiro passo para a luta pela estatização dessas empresas. Esse é o exemplo que nos deixou o importante Movimento das Fábricas Ocupadas iniciado em 2002 quando diversas fábricas na América Latina foram ocupadas por seus trabalhadores e mantiveram seu funcionamento.

Como as fábricas de celulares precisam de seus componentes fabricados nos países asiáticos, principalmente na China, uma solução duradoura não pode ser conseguida com uma fábrica isolada. Devemos debater o tema em todos os níveis, nos locais de trabalho, nos sindicatos etc.

Convidamos a todos os trabalhadores, sejam de fábricas ameaçadas de fechamento ou não, para conhecerem a Esquerda Marxista, seção brasileira da Corrente Marxista Internacional. Somente a mobilização e organização dos trabalhadores pode apresentar um caminho que não seja o do desemprego ou da miséria para nossa classe. Por isso, nós atuamos em dezenas de países e chamamos todos os trabalhadores a se unirem à nossa causa, por uma sociedade em que a produção seja planejada mundialmente, sem mais demissões e com fábricas controladas não pelos patrões que exploram e depois simplesmente descartam os trabalhadores, mas sim pelos próprios operários.

Referências:

https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2021/04/26/trabalhadores-da-lg-retomam-greve-na-fabrica-em-taubate-sp.ghtml

https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2021/04/29/funcionarios-da-lg-encerram-greve-apos-acordo-por-indenizacao-em-demissoes-na-fabrica-de-taubate.ghtml

https://www.lgnewsroom.com/2021/04/lg-to-close-mobile-phone-business-worldwide/