Em 30 de novembro, a notícia de um colapso de solo em Maceió chocou o país e aterrorizou os trabalhadores da cidade. A Defesa Civil emitiu alerta considerando a possibilidade de um afundamento de solo na capital alagoense, problema este, que já se estende desde 2018. Os moradores das proximidades de uma mina da Braskem foram evacuados e a situação tende a piorar.
Mas o que de fato está acontecendo? Desde 1970 a Braskem possui autorização para a extração de sal-gema, utilizado para a fabricação de soda cáustica e PVC. O solo é perfurado, em torno de 1,2 mil metros, para a retirada do sal e posteriormente, é preenchido com um material líquido, que tem por intuito garantir a estabilidade. No entanto, a negligência ambiental nos mostra exatamente o contrário. O líquido de parte dessas minas vazou e trouxe instabilidade ao solo, criando diversas cavidades e causando também o afundamento do solo.
Os primeiros tremores foram sentidos em 2018 e somente um ano depois o Serviço Geológico do Brasil confirmou que a mineração causou tal instabilidade. Desde 2019 a empresa encerrou suas atividades e está “trabalhando” para encerrar as 35 minas (previsto para meados de 2025), porém somente neste mês já ocorreram cinco tremores, mais que o suficiente para a emissão de alerta. A partir desse momento, mais de 50 mil pessoas já foram evacuadas de suas residências. O município decretou situação de emergência e os profissionais já sinalizam o pior. Acredita-se que a cratera que deve se formar pode se equiparar ao tamanho do estádio do Maracanã.
A Defesa Civil divulgou um mapa atualizado de ações prioritárias na região de risco:
A Braskem se limitou a informar através de uma nota que está realizando o monitoramento da região e disponibilizando todas as informações necessárias para os órgãos envolvidos. Mas e quanto a responsabilidade? O desespero das famílias que perderam seus imóveis, bem como por sentirem suas vidas em constante risco tem reparação? Mais de 40 anos de serviços mal fiscalizados podem gerar uma catástrofe e quem está verdadeiramente sendo punido? A extração desenfreada dos recursos naturais, que visa apenas o lucro não é surpresa no sistema capitalista em que vivemos, que sempre coloca a moeda acima de qualquer bom senso, entretanto, não podemos nos habituar com a falta da condenação dos reais responsáveis, que agem sem medo, pela certeza de que seu (des)serviço é essencial para a humanidade.
Abaixo o “posicionamento” dos capitalistas responsáveis pela possível tragédia:
“POSICIONAMENTO
MACEIÓ, 01/12, 11H00
A Braskem continua mobilizada e monitorando a situação da mina 18, localizada no bairro do Mutange, tomando todas as medidas cabíveis para minimização do impacto de possíveis ocorrências. Referido monitoramento, com equipamentos de última geração, foi implementado para garantir a detecção de qualquer movimentação no solo da região e viabilizar o acompanhamento pelas autoridades e a adoção de medidas preventivas, como as que estão sendo adotadas no presente momento.
Os dados atuais de monitoramento demonstram que a acomodação do solo segue concentrada na área dessa mina e que essa acomodação poderá se desenvolver de duas maneiras: um cenário é o de acomodação gradual até a estabilização; o segundo é o de uma possível acomodação abrupta.
Todos os dados colhidos estão sendo compartilhados em tempo real com as autoridades, com quem a Braskem vem trabalhando em estreita colaboração.
A área de serviço da Braskem nas proximidades da mina 18 está isolada desde a tarde de terça-feira. Ademais, a região onde está localizada referida mina (área de resguardo) já está totalmente desocupada desde 2020.
Desde a noite da quarta-feira, a empresa também está apoiando a realocação emergencial dos moradores de 23 imóveis que ainda resistiam em permanecer na área de desocupação determinada pela Defesa Civil em 2020. Essa realocação emergencial foi determinada judicialmente na tarde da quarta-feira e está sendo coordenada pela Defesa Civil. Até o momento, 22 desses imóveis já foram desocupados e os trabalhos prosseguem.
A realocação preventiva de toda a área de risco foi iniciada em dezembro de 2019 e 99,3% dos imóveis já estão desocupados (dados de 31 de outubro de 2023).”
Fonte: https://www.braskem.com.br/atualizacaomaceio
Não temos ilusões no Judiciário burguês, que sempre busca inocentar os criminosos de sua classe. As inúmeras tragédias ambientais no Brasil, como as de Mariana e Brumadinho (MG), causadas por essas empresas privadas, demonstram o papel jogado pela Justiça burguesa. Mas, em unidade, é tarefa dos comunistas e de toda a classe trabalhadora, em face da calamidade emergente, cobrar e exigir que os verdadeiros responsáveis não sejam isentos de sua culpa, sofrendo todas as medidas punitivas cabíveis, tanto à empresa quanto ao ente fiscalizador. Essa situação demonstra a necessidade de uma fiscalização rigorosa das empresas de forma a prevenir tragédias que acarretem danos físicos, emocionais e financeiros aos trabalhadores. A Braskem e outras empresas que destroem o meio-ambiente devem ser estatizadas sob o controle operário, com um plano para reparar os estragos que realizaram.
O Estado burguês, balcão de negócios da classe dominante, arrocha fiscalizações e impedimentos às ações e negócios dos trabalhadores, enquanto afrouxa diante dos donos e altos administradores do grande capital. Por isso, a única saída para, de uma vez por todas, dar fim às tragédias ambientais e climáticas, aos ataques à nossa classe, é a alternativa revolucionária e comunista. Se os capitalistas produzem nossas tragédias, nós produziremos o fim dos capitalistas! Junte-se à Organização Comunista Internacionalista!