Imagem: IRNA, Fotos Públicas

Lucro acima de tudo: o conluio genocida entre o Estado sionista de Israel e corporações imperialistas

O genocídio na Faixa de Gaza não é apenas um projeto político de dominação colonial do Estado de Israel, é também um negócio bilionário. Alimentado por dezenas de corporações imperialistas e sustentado por governos das principais potências capitalistas, o massacre do povo palestino movimenta uma verdadeira “economia da destruição”, onde o sangue derramado vira lucro para gigantes da tecnologia, da indústria armamentista e até mesmo da “ajuda humanitária”. Em um novo relatório divulgado pela ONU, empresas como Microsoft, Amazon, Lockheed Martin, Caterpillar e BCG são apontadas como diretamente envolvidas na engrenagem genocida sionista, expondo a face mais brutal e lucrativa do imperialismo moderno.

O Estado sionista de Israel possui uma base ideológica que visa substituir todos os moradores nativos do Oriente Médio, tendo a Palestina como ponto de partida, por colonos sob o controle israelense. Esse objetivo está em curso desde antes de a ONU, com o apoio de Stalin, legalizar esse Estado genocida em 1948. O projeto de tomada do Oriente Médio funciona como uma garantia de longo prazo, gerando lucros para inúmeras empresas que atuam com o objetivo imperialista de faturar bilhões sob o pretexto de que ocorre uma “guerra” na Palestina.

Todos conhecem o aspecto mais óbvio, e lucrativo, das munições e armas utilizadas, mas mesmo esse lucro direto com a destruição na Faixa de Gaza serve como laboratório para o desenvolvimento e a comercialização de tecnologia militar de ponta, com o uso de inteligência artificial, armamentos modernos, robótica etc. Essa tecnologia é posteriormente vendida globalmente, como no caso das startups israelenses alimentadas por capital de risco, que hoje garantem lucros a diversas Big Techs.

Mas muito mais acontece por baixo dos panos: mais de 60 corporações estão envolvidas no genocídio, sustentado com dinheiro proveniente dos impostos pagos pelos trabalhadores dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e de todos os países cujos Estados burgueses enviam recursos para Israel. A lista de empresas é extensa, o portal Al Jazeera publicou matérias detalhadas mostrando que até funcionários da própria ONU, a mesma organização que legalizou o genocídio sionista, denunciam esses lucros manchados de sangue e destruição.

Francesca Albanese, agente da ONU, está no papel indigno de investigar se ocorreu genocídio na Faixa de Gaza, exatamente o que toda a classe operária do mundo observa, estarrecida. Todos que acompanham o que se passa na Palestina estão com sangue nos olhos. O massacre acontece há décadas, e Netanyahu tenta, a todo custo, consumar um genocídio total. Vale lembrar que o confronto atual com o Hamas é muito posterior à construção do muro ao redor da Faixa de Gaza e ao regime de apartheid total vivido pela região desde 1948, com a criação do Estado de Israel.

Albanese relata que “as empresas não estão apenas implicadas, mas imersas” no que ela chama de “economia de genocídio”, pois seus contratos dependem da continuidade da chamada guerra. A lista inclui Lockheed Martin, Caterpillar, Volvo, Microsoft, Amazon, IBM, Palantir e muitas outras, segundo relatório divulgado e agora repercutido na mídia internacional.

As empresas lucram não apenas com a venda de armas e com a logística da guerra, mas também com a chamada “ajuda humanitária” e com promessas futuras, por mais surreais que pareçam. Por exemplo, a empresa BCG já faturou milhões com “pacotes de realocação” para refugiados e com planos de reconstrução ligados a interesses empresariais, exatamente o plano faraônico promovido por Donald Trump, em vídeo com uso de IA, de transformar a Faixa de Gaza em um resort após expulsar todos os palestinos, sob o nome de “Trump Riviera”. A BCG também lucra enquanto o governo dos EUA recruta segurança privada para seus agentes por meio da Gaza Humanitarian Foundation, uma fundação de intervenção política disfarçada de ajuda humanitária.

Pressões por boicotes e retirada de investimentos de fundos como BlackRock, BNP Paribas, Barclays e Vanguard ocorrem a todo momento. Mas a lógica do capitalismo é a lógica do lucro e, por mais que ocorram boicotes, estes apenas substituirão uma empresa por outra, um investidor por outro. A indústria do genocídio continuará lucrando.

Pelo funcionamento do sistema capitalista, demonstrado acima com provas de que o lucro está acima de tudo, não podemos subestimar o plano dos membros do governo de Netanyahu de fundar uma “Grande Israel” e de prolongar, por mais décadas, o que ocorre desde que os sionistas começaram a assassinar seus opositores, como no dia 30 de junho de 1924, quando o judeu holandês Jacob Israël de Haan foi assassinado por Avraham Tehomi, sob ordens do líder da milícia sionista Haganah, Yitzhak Ben-Zvi.

Jacob de Haan foi morto por suas atividades políticas antissionistas e seus contatos com líderes políticos árabes. Assim se desenvolve a criação de Israel: com milícias sionistas ocupando o território, enquanto os árabes palestinos foram “cuidadosamente desarmados” pelas autoridades britânicas em 1939. Os sionistas, no entanto, não foram desarmados, o que garantiu a continuidade dos ataques palestinos. Essas milícias mais tarde se tornaram as forças armadas de Israel.

Por isso, quando falamos do projeto sionista, nos referimos a um projeto político imperialista de longo prazo, que utiliza destruição e ocupação total, viabilizadas apenas pelo extermínio dos que vivem nesses locais, para substituí-los por colonos que construirão novas cidades e garantirão a destruição das forças produtivas em grande escala, visando à posterior reconstrução sob controle repressivo de Israel. Esse processo faz parte de um projeto mais amplo de dominação econômica de diversos países — o qual, se puder ser realizado via capital diretamente, será mais eficiente, mas, caso necessário, se impõe pela força policial ou militar.

Resumindo as características principais do imperialismo, Lênin explica:

“O capital financeiro aspira à dominação, e não à liberdade. A reação política em toda a linha é uma característica do imperialismo. Venalidade, suborno em proporções gigantescas, um Panamá de todos os tipos. Em quinto lugar, a exploração das nações oprimidas, indissoluvelmente ligada às anexações e, particularmente, à exploração das colônias por um punhado de grandes potências, transforma cada vez mais o mundo ‘civilizado’ num parasita no corpo de centenas de milhões de pessoas dos povos ‘não civilizados’.”

O plano de Israel é tomar mais territórios e vender tudo, inclusive a morte, para garantir o lucro das empresas. Só há uma forma de impedir isso: acabar com o capital em todos os países. A luta internacional é a única maneira de barrar o imperialismo, um movimento global do capital financeiro. Por isso, a ICR possui seções nos maiores números possíveis de países, trabalhando para construir organizações e partidos operários revolucionários. O objetivo é atuar, no futuro, junto à classe trabalhadora, que, consciente do controle objetivo que já exerce sobre as forças produtivas, possa, de forma organizada e em escala mundial, pôr fim a essa matança e transformar a guerra imperialista em seu contrário: uma guerra de classes pelo fim total da classe capitalista.