A Petrobras distribuiu dividendos extraordinários aos acionistas, mas não reconheceu os trabalhadores, responsáveis pelos recordes de produção. Após mais de 100 dias de negociação, a proposta apresentada no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) tampouco recompõe as perdas acumuladas nos últimos governos, além de aumentar a jornada de trabalho, aprofundar a terceirização e a privatização, deteriorar as condições de saúde e segurança nas plataformas e estabelecer salários mais baixos para novos trabalhadores, entre outros retrocessos. Diante desse cenário, convocados tanto pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) quanto pela FNP, os sindicatos de petroleiros iniciaram, em 15 de dezembro, uma greve nacional com forte adesão nas refinarias e nas áreas de produção. Trata-se de uma greve por tempo indeterminado, até que a Petrobras atenda às principais reivindicações.
A Petrobras tem operado como geradora de lucros para grandes acionistas privados, em especial o capital estrangeiro. A participação estatal, embora ocupe formalmente a direção da empresa, é minoritária, representando apenas 37% do capital total e 18% das ações preferenciais, justamente aquelas que recebem dividendos prioritariamente. Ainda assim, a maior parcela desses recursos é direcionada ao financiamento do Arcabouço Fiscal, o que, na prática, também atende aos interesses do mercado financeiro internacional e sustenta o mesmo sistema que impõe cortes e ajustes aos serviços públicos, com o objetivo central de garantir o pagamento da dívida interna e externa. É também contra essa política que os trabalhadores se mobilizam.
Os sindicatos denunciaram ainda a repressão policial violenta na REDUC, em Duque de Caxias (RJ). Duas lideranças sindicais — Marcello Bernardo, secretário-geral do Sindipetro Caxias, e Fernando Ramos, membro titular da CIPA — foram detidas por várias horas. Em uma operação truculenta, a Polícia Militar arrancou e destruiu faixas e bandeiras do sindicato, agrediu grevistas, rasgou suas roupas, lançou spray de pimenta, jogou manifestantes ao chão e algemou os dois dirigentes, que foram levados em um camburão à delegacia. Trata-se de uma ação articulada entre a Petrobras e a polícia, com o claro objetivo de intimidar o movimento, justamente em um momento em que a greve começou conquistando ampla adesão no chão de fábrica.
A OCI manifesta todo apoio e solidariedade à greve dos petroleiros! Defendemos uma Petrobras 100% estatal, com monopólio total do petróleo e do gás, sob controle dos trabalhadores, abrangendo todas as etapas da produção — do poço ao posto —, incluindo pesquisa, exploração, transporte, refino e distribuição do petróleo e de seus derivados.
Ao presidente Lula, reafirmamos: atender às reivindicações dos petroleiros não é concessão, é dever. Quem afirma governar com o povo não pode virar as costas para quem produz a riqueza do país. Atender aos trabalhadores é escolher de que lado da história se quer estar.
Organização Comunista Internacionalista (Esquerda Marxista) Corrente Marxista Internacional