Trabalhadores entram em greve contra a privatização dos correios

Luta dos trabalhadores dos Correios e da Petrobras

O Governo Bolsonaro iniciou as negociações com os trabalhadores das estatais com uma perspectiva: derrotar os trabalhadores e facilitar o processo de privatização. Isso é o que se nota na ECT (Correios) e na Petrobras. Os “acordos” propostos pela direção das empresas são verdadeiros acintes aos trabalhadores, forçando as direções a assumirem a greve.

No caso dos Correios, foram superadas as divergências entre as diversas direções e uma greve foi convocada. Na Petrobras, as duas federações foram forçadas a se unirem e, como resultado, a proposta do governo foi fragorosamente derrotada nas assembleias, com participação massiva dos trabalhadores.

O governo, com o beneplácito das direções, encaminha então a judicialização das negociações, dos acordos de trabalho das duas empresas. Tanto a direção da Petrobras quanto a dos Correios decidiram por solicitar a mediação do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Essa medida adiou a greve na Petrobras e suspendeu a greve dos Correios na terça-feira, dia 18, greve esta que havia começado forte no dia 11 de setembro com participação de 70% da categoria segundo os sindicatos.

Entendemos ter sido um erro das direções dos sindicatos dos Correios terem indicado a suspensão da greve, que estava forte. Elas deveriam continuar a negociação paralisados. A segunda proposta vinda do TST não será diferente da primeira, todos sabem de que lado o judiciário está. Além disso, não poderiam ter aceitado o fechamento de agências de correios, que após a greve não voltaram a reabrir, a direção dos Correios aproveitou o momento para encerrá-las definitivamente. Isto é fruto de ter se deixado, nas negociações, a privatização como uma questão “menor”. A direção da empresa e o Ministério da Economia perseguem uma derrota política dos trabalhadores e a direção dos sindicatos, com esta postura, ajuda o governo.

Entre os petroleiros não há nenhuma garantia de emprego para o próximo período. A proposta de mediação do TST para os petroleiros, apresentada dia 19 de setembro, não foi quase nada diferente da proposta da direção da Petrobras. Não deixaram outro caminho senão a greve. Mas, se a direção dos sindicatos petroleiros repetir os erros da direção dos sindicatos dos correios, a greve estará com graves riscos de derrota desde o início.

Nas duas negociações o objetivo é abrir terreno para a privatização e, para isso, retirar direitos conquistados ao longo de anos de lutas dos trabalhadores da Petrobras e dos Correios, indo até a redução dos salários. A privatização da Petrobras, aos pedaços, já é uma realidade presente. A venda dos gasodutos, das refinarias, de poços de petróleo mostra isso. Complementar o processo, com a venda das ações majoritárias do governo, é um pulo. Nos Correios a intenção de privatização é mais direta, sendo que no mês passado o Governo Federal incluiu os Correios no Plano Nacional de Desestatização (PND).

Paulo Guedes tenta impor à força as privatizações em um cenário muito diferente do cenário encontrado pelo Governo FHC, onde a campanha ideológica pela “globalização” tinha força. Hoje, as privatizações se revelaram um engodo total e a classe trabalhadora sente na pele o peso dos altos preços de serviços que deveriam ser básicos como os de telefonia, a distribuição de energia, uso das estradas etc. Atualmente, diversas pesquisas de opinião revelam que a maioria da população é contra as privatizações. Por outro lado, como as direções do PT, do PCdoB e do PSOL se recusam a levantar o Fora Bolsonaro, a entrar no caminho de derrubar este governo, a perspectiva de uma luta geral fica distante dos olhos dos trabalhadores. Esta é a força de Guedes e Bolsonaro: a falta de combate dos partidos políticos e das centrais sindicais ao governo Bolsonaro.

O General Augusto Helen, se pronunciou em artigo da Folha de São Paulo e disse temer uma onda de greves nas empresas estatais, que pode paralisar o país. Continuam monitorando através do Gabinete de Segurança Institucional o risco de greves nas estatais e os impactos na pífia “recuperação” econômica. Em outras palavras, muitos do governo e da burguesia temem a mobilização dos trabalhadores e a generalização das greves e paralisações.

Os trabalhadores dos Correios, os petroleiros e os trabalhadores das demais estatais podem deter os planos da equipe econômica de Paulo Guedes e colocar o Governo Bolsonaro contra a parede. Podem desta forma animar as demais categorias a entrar em movimento também e revelar a força da classe trabalhadora, que pode sim derrubar este governo. Mas não é uma tarefa fácil porque, além da repressão de Bolsonaro, vão encontrar pela frente o medo e a impotência das direções sindicais e políticas da classe trabalhadora.