Três servidores públicos do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) morreram nos últimos meses. Eles retiraram suas próprias vidas.
Três servidores públicos do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (SP) morreram nos últimos meses. Eles retiraram suas próprias vidas. Duas das mortes ocorreram no próprio local de trabalho. A Esquerda Marxista presta solidariedade aos familiares e aos amigos dos trabalhadores, bem como manifesta seu repúdio não somente diante de tais tragédias, mas também diante da indiferença em face delas.
A lógica do cumprimento de metas, inserida no judiciário de forma mais aberta e agressiva pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), reproduz as modificações resultantes da reestruturação produtiva do capital em todo o mundo a partir dos anos 1980. Em diferentes dimensões, o que se aprofundou foi a precarização das relações de trabalho, tanto no setor privado quanto no setor público, nas formas de contratação, na remuneração e na jornada, nas diferentes formas de controle social do trabalho realizado.
É dramático, mas, fundamentalmente, sintomático, que essas três mortes ocorram em curtíssimo período de tempo no Tribunal que se orgulha de ser o mais “produtivo” do país.
Se o judiciário é cada vez mais demandado, o que temos visto é o aumento brutal da carga de trabalho para cada servidor. As condições de saúde dos servidores estão sendo denunciadas há anos pelos sindicatos, com sobrecarga de trabalho que acaba se refletindo no cotidiano da saúde e das vidas de cada um. No entanto, todos querem “tampar o sol com a peneira”, ainda mais nestes casos mais trágicos dos suicídios, reforçando-se a responsabilidade da vítima, apontando dezenas de outras questões pessoais e familiares, sempre para buscar ocultar o impacto da pressão agressiva nos postos de trabalho.
No caso do Poder Judiciário, não há busca pela celeridade processual que justifique a intensificação da exploração do trabalho. As metas destroem vidas em todos os ramos do capitalismo, sofrem com a pressão pela produtividade os trabalhadores de telemarketing, os bancários, os professores, os servidores em diferentes níveis, operários, etc.
Continuaremos na luta por melhorias nas condições de trabalho, pela garantia dos direitos conquistados, sempre sob a perspectiva de denunciar o significado da exploração do trabalho pelo capital. Para isso, devemos sempre nos pautar pelo lema de que a “emancipação da classe trabalhadora será obra dos próprios trabalhadores”, fortalecendo sua organização independente, sem subordinação e conchavos com governos e patrões.