No texto que segue, estão expressas as posições do Movimento 15 de Maio que luta em defesa dos serviços públicos, que na Espanha vem também sofrendo ataques frontais do governo.
Ontem, domingo, 18 de setembro, em Málaga, assim como em outras cidades, houve diferentes manifestações que aglutinaram em seu conjunto várias dezenas de milhares de pessoas ao longo do território ibérico. Em Málaga, na convocatória oficial do 15 de Maio1, todos os políticos foram tratados como iguais. Militantes operários distribuíram um panfleto na manifestação explicando seu ponto de vista.
Como enfrentar os ataques que estamos sofrendo: quem são os mercados e seus aliados, quais são os nossos aliados
A subordinação do governo do PSOE aos interesses dos grandes empresários e banqueiros está sendo completa em seus atos, como demonstra sua ação política desde o início das crises econômicas.
São as reformas trabalhistas levadas a cabo nos últimos anos contra os direitos dos trabalhadores, o corte nos gastos públicos, a contra-reforma das aposentadorias, as medidas privatizadoras nas empresas públicas (AENA, autoridades portuárias), a diminuição de impostos dos ricos, a privatização das poupanças, o recheio de seus rombos com dinheiro público…
Tudo isto coroado finalmente com a reforma súbita da Constituição para contentar os credores da economia espanhola, com o perdão de suas dívidas, perdão este que se fará às custas de reduzir muito mais a qualidade dos serviços públicos e o bem estar da imensa maioria da sociedade.
Nos próximos meses e anos vamos enfrentar um aumento, muito maior ainda, das agressões sociais contra a imensa maioria da sociedade, essa que se levanta cedo todos os dias para criar riquezas com seu trabalho; que se esforça em adquirir uma educação e um futuro melhor graças ao esforço de seus pais e familiares, mas que, no entanto, se encontra hoje desempregada; esta que, definitivamente, busca uma referência a que agarrar-se para, desgraçadamente, dar-se conta de que muitos, uma vez chegando ao poder máximo, no fundamental não se diferenciam da direita e acabam sucumbindo às pressões.
Transformou-se em lugar comum dizer que “todos os políticos são iguais” e, desde logo que há fortes razões para pensar assim. Realmente isso também quer dizer em muitos casos: “eu queria que todos os políticos NÃO fossem iguais”. Agora, bem, nem todos os políticos são iguais: sim, existem os que se distinguiram por defender publicamente os interesses da imensa maioria, como pudemos ver nas últimas semanas.
O grito de rebeldia, de descontentamento e indignação que lançamos desde o 15 de Maio, desde então tem servido para agitar de cima abaixo o conjunto da sociedade, e para que todos se organizem em torno dele. Surgiram muitos amigos. Um dos exemplos é Rosália Mera, fundadora da INDITEX2 e a mulher mais rica do país, que se declarou “indignada” e solidária com o 15M. Temos que falar claro: mulheres e homens como ela, de sua classe social, são os que pressionam os governos de plantão para que legislem a favor dos ricos; são os que promoveram o boom imobiliário para triplicar ou quadruplicar o valor das terras, fazendo gordos negócios, endividando os mais pobres.
Pela unidade do movimento operário com o cidadão
Os principais dirigentes sindicais da UGT e CCOO também foram obrigados a mudar sua atitude conciliadora anterior, pressionados por seus filiados e sua base social. Em muitas reuniões nas províncias com delegados e filiados, depois de que Toxo e Méndez levaram a cabo o pacto da previdência no início de fevereiro, os principais dirigentes sindicais encontraram uma atitude hostil por parte de seus filiados, quando não de aberta rebelião.
Hoje, há um ambiente cada vez maior dentro da UGT e CCOO de aberto questionamento da estratégia seguida por seus dirigentes no período anterior. Portanto, é muito positiva e necessária a convergência entre nossos movimentos, o 15M, e as mobilizações as mais unitárias possíveis, do maior número de sindicatos de trabalhadores, como se viu na manifestação de Madri na quarta-feira passada na defesa do ensino público, onde participaram cerca de 50.000 pessoas, a mais numerosa desde setembro.
Pela unidade do movimento operário com o movimento cidadão!
Que os ricos paguem pela crise!
Traduzido por Maritânia Camargo e Chico Lessa
O original está em: Lucha de Clases
Citações
1-Movimento político espanhol de oposição às medidas governamentais de ataque aos serviços públicos
2 Grupo empresarial espanhol, maior vendedor mundial de roupas com a marca Zara