Manifesto firmado por organizações de juventude de diversos países durante o Congresso do Sindicato de Estudiantes, realizado em Madrid (Espanha), nos dias 21, 22 e 23 de Novembro de 2008.
Em defesa da educação pública e contra os planos de privatização!
Que a crise seja paga por seus responsáveis, os capitalistas!
Operários e estudantes unidos na luta pelo socialismo!
O sistema capitalista se encontra afetado por uma crise de proporções históricas. A recessão econômica se estende como uma mancha de óleo por todo o planeta, afetando todos os países, todos os continentes e ameaçando o presente e o futuro de milhões de famílias trabalhadoras. Até o momento, todas as decisões adotadas pelos governos, independente da origem, só têm tido um beneficiado: os grandes bancos, os grandes monopólios, e os grandes especuladores, os mesmos responsáveis do caos econômico e da crise que sofremos. Em poucas semanas se tem aprovado planos de ajuda para destinar bilhões de dólares para os grandes bancos, ao mesmo tempo em que se destroem milhões de postos de trabalho e se adotam medidas para privatizar serviços públicos essenciais como a saúde e a educação.
Os assinantes deste manifesto, organizações revolucionárias de estudantes e jovens, consideraram que o responsável deste massacre tem nome e sobrenome: é o sistema capitalista, um sistema baseado na propriedade privada dos meios de produção e cujo motor é a busca pela máxima exploração. Todas as decisões adotadas para sair da crise têm revelado que a chamada “democracia” capitalista não é mais que a ditadura do capital financeiro e dos monopólios. Um punhado de grandes capitalistas em todo o mundo, que ninguém os elegeu e que ninguém os deu o mandato, regem o destino da humanidade. Esta oligarquia de intocáveis concentra um patrimônio equivalente à riqueza de 2/3 de toda a riqueza da população mundial. E é ela a responsável pela precarização geral que afeta a juventude trabalhadora, pela destruição massiva dos empregos, pelos ataques aos gastos sociais em educação, saúde e seguro desemprego e pela barbárie que condena milhões de pessoas em continentes inteiros. Para salvar seus lucros sagrados, este punhado de grandes bancos e multinacionais não respeitam nenhum limite: não se importam em organizar uma obscena e criminosa especulação alimentícia, ou em fazer guerras imperialistas que acabam com a vida de milhões de seres inocentes.
A crise do capitalismo, no entanto, também tem outro aspecto. Em todo o mundo estamos observando uma profunda sacudida na consciência de milhões de oprimidos, que irá abalar as bases do sistema. Milhões de trabalhadores, de jovens, de camponeses estão se perguntando hoje, neste momento, que sentido tem manter este sistema arruinado. A profundidade desta crise, que todos comparam ao crack de 1929, provocará efeitos políticos proporcionais ocorridos: uma autêntica explosão da luta de classes em todo o mundo. E nesses acontecimentos formidáveis, a juventude estudantil já esta ocupando seu lugar na vanguarda de luta. Na Itália, na Espanha, na Alemanha, na França, na Grécia, no Chile, no México, em El Salvador, em Marrocos… Os jovens estudantes estão travando uma dura batalha em defesa da educação pública, laica, democrática e científica, de seus direitos democráticos e de um futuro que valha a pena ser vivido.
Porém os problemas dos estudantes são comuns aos do conjunto da sociedade. Como organizações revolucionárias dos estudantes e jovens, consideramos que nossa luta forma parte de outra mais ampla, a luta da classe trabalhadora para defender seus empregos, seus salários, um presente descente para suas famílias e um futuro digno para todos. O motivo do fechamento de fábricas, da desregulamentação, das privatizações, dos ataques aos direitos, dos baixos salários, é o mesmo que privatiza a educação ou a saúde, que organiza a repressão contra os trabalhadores e os jovens que lutam. É a crise do capitalismo e a necessidade que tem a classe dominante em arrancar dos trabalhadores a qualquer custo a mais-valia necessária para assegurar sua taxa de lucro. Portanto, a causa dos estudantes é a mesma causa que a da classe trabalhadora e, se isso é assim, necessitamos unir nossas forças em uma frente de classe para combater os ataques dos capitalistas e as conseqüências de suas crises.
A luta para defender o emprego, os salários, os serviços públicos, os direitos democráticos… ameaçados hoje pela crise do capital, exige levantar um programa revolucionário e socialista. Não há saída para os problemas dos trabalhadores e da juventude no quadro do capitalismo. Todos aqueles que defendem um capitalismo com uma face mais humana, regulamentado e controlado, ao fim e a cabo não levantam a questão fundamental: nas mãos de quem está a riqueza que a classe operária mundial gera com o seu trabalho, quem a controla e com qual fim. A crise do capitalismo significa um autêntico pesadelo e é absolutamente desnecessário. Não tem justificativa para a destruição massiva das forças produtivas, de fábricas e postos de trabalho, quando a humanidade tem tantas carências, quando milhares e milhares de homens, mulheres e crianças enfrentam a luta cotidiana pela sobrevivência, afogados em um mar de misérias, destruição, violência imperialista, prostituição e analfabetismo.
Hoje mais do que nunca é necessário organizar a maioria da juventude de todo o planeta, e a classe trabalhadora, sob a bandeira da revolução socialista, sob as idéias de Marx, Engels, Lênin, Trotsky e Rosa Luxemburgo, que se têm demonstrado ser cem vezes corretas. Sim, existe uma solução para essa crise, mas não é a de um capitalismo com uma face mais humana, melhor gerido e mais “ético”. A alternativa é a luta organizada da classe trabalhadora e da juventude, de todos os oprimidos, até conseguir a expropriação dos banqueiros, dos grandes monopólios, dos latifundiários, e colocar a riqueza do mundo sob controle democrático da maioria da sociedade. Esta é a única alternativa realista, expropriar os expropriadores, e construir as bases de uma economia mundial planificada e socialista, onde a exploração, a propriedade privada dos meios de produção e o Estado nacional sejam enviados para a lata de lixo da história. Nestas condições seria absolutamente viável garantir o pleno emprego, o direito a uma vida digna, a uma saúde e a uma educação pública de qualidade e, naturalmente, uma autêntica democracia, a democracia operária. Sim, existe uma alternativa para utilizar toda a criatividade maravilhosa da qual é capaz a raça humana e essa alternativa chama-se SOCIALISMO MUNDIAL.
As organizações signatárias deste manifesto fazem um chamado a todos os jovens estudantes do mundo, a todas as organizações estudantis e de jovens que lutam contra o capitalismo, a unir nossos esforços e construir uma frente única para combater a privatização do ensino público, defender os empregos e os salários. E ainda nos comprometemos a coordenar os nossos esforços para mobilizar e nos defender frente a qualquer ataque repressivo contra nossas organizações e contra o conjunto do movimento estudantil.
Organizações signatárias:
• Bloque Popular Juvenil (BPJ), [El Salvador]
• Comitato in difesa della Scuola Pubblica – Coordinamento Studentesco Universitário (CSP-CSU), [Itália]
• Comité de lucha de Estudiantes del Politécnico- Comitê Estudiantil en Defensa de la Educación Pública (CLEP-CEDEP), [México]
• Juventude Revolução (JR) – Organização de Jovens da Esquerda Marxista, [Brasil]
• Sindicato de Estudiantes, [Espanha]
Firmado no XIV Congresso do “Sindicato de Estudiantes”
23 de novembro de 2008, Madrid/Espanha