Marcha da CUT? É preciso clareza no que queremos!

 

Marcha da CUT? É preciso clareza no que queremos!

Declaração da Corrente Sindical Esquerda Marxista para a marcha chamada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Brasília, no dia 6 de março de 2013.

Companheir@s,

Mais uma vez a CUT, em conjunto com outras centrais sindicais, está organizando uma marcha da classe trabalhadora. O objetivo central, segundo os organizadores, é chamar a atenção do governo para a pauta dos trabalhadores que se encontra travada no Congresso Nacional: fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho sem redução de salários, Reforma Agrária, entre outros.

Marcha da CUT? É preciso clareza no que queremos!

Declaração da Corrente Sindical Esquerda Marxista para a marcha chamada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), em Brasília, no dia 6 de março de 2013.

Companheir@s,

Mais uma vez a CUT, em conjunto com outras centrais sindicais, está organizando uma marcha da classe trabalhadora. O objetivo central, segundo os organizadores, é chamar a atenção do governo para a pauta dos trabalhadores que se encontra travada no Congresso Nacional: fim do fator previdenciário, redução da jornada de trabalho sem redução de salários, Reforma Agrária, entre outros.

Nós concordamos com toda iniciativa que mobilize os trabalhadores em busca das reivindicações e na defesa dos seus direitos. Entretanto, não podemos ter como consequência desse ato simplesmente uma conversa com a Presidenta Dilma, ou seja, o ato se tornar apenas algo “pra inglês ver”, sem fazer parte de um plano geral de mobilização e organização dos trabalhadores para pressionar o governo e os parlamentares pelo atendimento das reivindicações.

Na última reunião da CUT com a presidenta, o “grande compromisso” adotado foi que Dilma intercederia no G20 (cúpula que reúne chefes de Estado das 20 maiores economias do mundo) para que os governantes ouvissem uma delegação internacional de sindicalistas em sua próxima reunião. Além desse compromisso não representar nenhum passo concreto na resolução dos problemas, é o prosseguimento, em nível internacional, dos passos de integração dos sindicatos nos organismos da burguesia, o tripartismo, a conciliação de classe.

É evidente o aprofundamento da crise capitalista na Europa e o brutal ataque aos direitos e conquistas no velho continente, em especial na Grécia, Espanha e Itália. Mas é preciso observar que seus efeitos já começam a chegar ao Brasil. O governo tem tomado várias medidas ditas de “defesa dos empregos”, só que essas medidas têm beneficiado majoritariamente os empresários: a desoneração da folha de pagamento, as privatizações dos aeroportos, rodovias, ferrovias, etc. No ano de 2012, nos setores aonde a folha foi “desonerada” a produção e o emprego não aumentaram, caíram como em todos os setores.

Mais ainda, como consequência caiu a arrecadação da previdência social e os jornais clamam por mais “reformas” na previdência para “impedir a sua quebra”.

Em contrapartida, o governo trata os trabalhadores com rigor, as legítimas greves dos servidores públicos foram reprimidas, inclusive com a medida provisória “fura greve”. No orçamento, o governo corta verbas públicas em setores importantes para a população mais pobre do país, como saúde, educação e saneamento. Além dos novos ataques que se preparam, como mais mudanças na previdência pública que incluirá novas retiradas de direitos.

Não nos enganemos: a crise está chegando no Brasil, ainda que não possamos dizer ritmos e prazos. O emprego industrial caiu no ano passado. O consumo caiu em janeiro. A inflação está aumentando. E os sonhos do Ministro Mantega que a “nossa economia” (na realidade, uma economia dependente  e dominada pelas multinacionais e pelo agronegócio) seria maior que França e Alemanha (dez-2011) virou pó! Voltamos à nossa realidade do dia a dia, ao sofrimento do dia a dia.

Dilma não pode continuar favorecendo os patrões, empresários e banqueiros, eles criaram a crise: eles que a paguem.

Essa marcha deve colocar com clareza nossas bandeiras, as bandeiras da CUT:

– fim do fator previdenciário, volta da contribuição patronal sobre a folha de pagamento, os patrões que paguem pela crise

– reestatização de tudo o que foi privatizado, telefonia, energia, petróleo, ferrovias, portos, aeroportos, rodovias.

– estabilidade no emprego para todos os trabalhadores

– redução da jornada de trabalho sem redução salarial

– pagamento do piso salarial dos professores, que todos os governadores retirem as ações judiciais contra o pagamento do piso

– estatização das grandes multinacionais, dos bancos e de toda a saúde privada

– reforma agrária já sob controle dos trabalhadores

Sem esta clareza do que queremos qual o resultado? Achar que Dilma e o G-20 vão resolver qualquer coisa quando tudo o que fazem é exatamente o contrário do que precisa a classe trabalhadora.

E sabemos que a burguesia quer mais. Não contentes em prender o PT (e também o PCdoB) na tal “aliança governista”, eles querem o sangue da classe trabalhadora. Começou com o julgamento dos líderes do PT (Genoino, Zé Dirceu e João Paulo) no STF. Agora, toda greve, todo movimento, é criminalizado. A CUT deve exigir que este julgamento seja anulado, que os líderes do PT sejam anistiados (e Dilma tem o poder de fazer isso, o Congresso Nacional pode fazer isso) e que cesse toda perseguição ao movimento popular e sindical.

A Corrente Sindical Esquerda Marxista busca auxiliar os trabalhadores no caminho da independência de classes, para que eles se reagrupem contra a burguesia. Oferecemos como contribuição nossas ideias e métodos ligados à luta revolucionária do proletariado mundial. Para que estejamos à altura dos duros embates que se avizinham, dialogamos com todos os setores para construir uma força que recoloque a CUT e o movimento sindical brasileiro na luta por uma sociedade mais justa, fraterna e igualitária, onde democraticamente os produtores das riquezas possam de fato decidir os rumos da sociedade. Nós continuamos a luta pelo Socialismo. Some-se a nós nesta batalha.