O ânimo era de júbilo e de euforia no centro de Londres, no sábado, 1 de julho, enquanto cânticos de “Oh, Jeremy Corbyn” ecoavam nas ruas de Whitehall e Westminster.
Diferentemente de algumas manifestações do passado, este protesto – com um número estimado de 100 mil sindicalistas, ativistas e jovens marchando – parecia menos uma procissão fúnebre e mais um desfile de vitória. A partir da manifestação, tornou-se evidente que, na sequência do choque do êxito do Trabalhismo na eleição geral, um sentimento dominante de otimismo agora permeia o movimento trabalhista. “Que momento estamos vivendo, que momento emocionante estamos vivendo”, proclamou Matt Wrack, secretário-geral do Sindicato de Bombeiros. “Para vocês, jovens, que privilégio é estar vivo neste momento”.
Embora a manifestação nacional tenha sido convocada pela Assembleia do Povo sob a palavra de ordem Nem mais um dia: #Tories Fora, o protesto foi tanto uma manifestação a favor do Trabalhismo quanto anti-Tory, refletindo-se no número de camisetas, banners e cartazes a favor do Trabalhismo e de Corbyn – sem mencionar os cânticos espontâneos do nome do líder Trabalhista que irrompiam intermitentemente com a melodia do hino dos White Stripes, Seven Nation Army [Sétimo Exército Nacional].
Os oradores, em ambos os extremos da marcha, incluindo John McDonnel, Diane Abbot e Len McCluskey, falaram da importância de se mobilizar e organizar agora para a luta por um governo Trabalhista com um audaz programa de esquerda. Owen Jones, o jornalista de The Guardian, resumiu com precisão: “agora não é mais uma questão de quando ou se: o Trabalhismo estará de volta ao poder e Jeremy Corbyn será Primeiro Ministro”.
Depois de sua apresentação em Glastonbury, foi o líder Trabalhista Jeremy Corbyn quem mais entusiasmou a todos na manifestação que concluiu o evento, com a multidão na Praça do Parlamento esperando ansiosamente pelo político mais popular da Grã-Bretanha. Inclusive quando foi apresentado, Corbyn mal podia pronunciar uma palavra, tal era o volume dos aplausos, saudações e cânticos.
Corbyn, como muitos outros oradores, referiu-se à hipocrisia fedida e à insensibilidade do governo Tory e de seus lacaios da mídia sobre todas as questões, desde a limitação dos salários do setor público à tragédia do incêndio de Grenfell. “Vimos a hipocrisia absoluta dos ministros e de outros do governo”, afirmou Corbyn com firmeza à multidão reunida, “que elogiaram os serviços de emergência só para – no dia seguinte – reduzir seus salários negando-se a remover a limitação aos salários do setor público”.
Em outros locais, houve muitas menções à “árvore mágica de dinheiro” que May e os Tories conjuraram do nada para subornar seus novos aliados do DUP. Tendo nos dito durante a campanha eleitoral que não havia dinheiro disponível para aumentar o salário dos trabalhadores do setor público, vemos agora a Primeiro Ministro e seus negociadores capazes de retirar 1 bilhão de libras extras do chapéu em troca do apoio dos deputados do DUP ao governo “débil e vacilante” de May.
Com uma enorme e dinâmica multidão de jovens na manifestação, ficou claro com a marcha do sábado que o futuro se encontra no Partido Trabalhista de Corbyn. As pesquisas de opinião mais recentes dão ao Trabalhismo uma vantagem de seis pontos sobre os Tories, de 45% a 39%, respectivamente. Enquanto isso, Corbyn começou a fazer campanha nas circunscrições eleitorais marginais que se tornaram recentemente mais favoráveis de ganhar, falando na Praça do Parlamento, no sábado, depois de chegar diretamente de um comício em Hastings – atualmente controlado por Amber Rudd, a secretária Tory da Habitação. Em outros lugares, ativistas de Momentum estão se organizando em locais como Chingford e Uxbridge para pedir o escalpo de Conservadores eminentes, tais como Duncan Smith e Boris Johnson.
O vento agora está soprando firmemente nas velas do movimento de Corbyn. Como ficou evidenciado no protesto de sábado, toda uma nova geração se lançou na política, participando ativamente pela primeira vez no esforço para colocar Corbyn em Downing Street e transformar a sociedade. Com mais um empurrão, utilizando a força total do movimento trabalhista, poderíamos ver o fim de May e de seu apodrecido governo Tory. O cenário, então, estaria definido para a próxima luta – levar o Partido Trabalhista ao poder com um programa socialista.
Artigo publicado em 4 de julho, no site da Corrente Marxista Internacional, sob o título “100,000 march in London to say: Tories out! Corbyn in!”.
Tradução de Fabiano Leite.