Foto: Mídia Ninja

Marielle executada por seu papel na luta de classes do RJ

O assassinato de Marielle Franco demarca o grau de decomposição do regime político brasileiro. A vereadora do PSOL no Rio de Janeiro havia recém assumido a relatoria da Comissão da Câmara Municipal que iria acompanhar a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro. Nas redes sociais vinha criticando a atuação das forças policiais e denunciando abusos e assassinatos.

Esse crime ocorre em um Rio de Janeiro em profunda crise econômica, com o governo estadual falido e uma tensão social crescente. Algumas das manifestações dessa situação são o aumento da violência urbana e o fortalecimento de organizações criminosas. Suas raízes estão na condução do regime por parte dos governos de todas as esferas nas últimas décadas.

A execução de Marielle foi realizada pelo papel que ela estava desempenhando na luta de classes do Rio de Janeiro: Sua atuação estava em franca oposição tanto aos interesses da ala dominante expressa pelo Governo Federal quanto aos de alas minoritárias como as ligadas às milícias e organizações criminosas.

Esse assassinato político foi condenado pelos veículos de comunicação burgueses imediatamente ao anúncio da morte, seguido de declarações do próprio Michel Temer. Essas afirmações, no entanto, estão carregadas de cinismo. Agem e falam como se o uso sistemático de assassinatos não fosse uma prática de controle social nos bairros proletários das grandes cidades e no interior do país.

O clima político que encorajou os executores de Marielle Franco foi preparado pela burguesia como um todo, seus políticos e ideólogos. Os que cantam as virtudes da democracia burguesa são os que coexistem com a corrupção do aparelho policial, toleram o estado de exceção nos bairros proletários, incentivam a repressão às organizações e militantes políticos e permitem a impunidade dos ricos e poderosos.

A execução de Marielle está inserida na luta das classes dominantes contra os trabalhadores e jovens, e dela devemos tomar parte para não deixar que nossos exploradores fiquem impunes de mais esse atentado contra nossa classe.

Neste sentido, temos acordo com a nota da Associação de Juizes pela Democracia:

“As mortes de Marielle e Anderson foram, repita-se, mortes de ódio, ódio à democracia. A falsa democracia brasileira permite que uma pessoa como Marielle seja eleita, mas não que exista e muito menos que resista.

Pela real possibilidade de participação de agentes estatais no extermínio de Marielle e Anderson, e suas famílias e amigos: a AJD, Associação Juízes para a Democracia, exige uma investigação independente”.