No final do ano passado, Herman Voorwald, secretário de Educação de Alckmin, caiu após a vitória dos estudantes que ocuparam escolas em São Paulo. No lugar da carranca de Herman, entrou José Renato Nalini.
No final do ano passado, Herman Voorwald, secretário de Educação de Alckmin, caiu após a vitória dos estudantes que ocuparam escolas em São Paulo. No lugar da carranca de Herman, entrou José Renato Nalini.
As primeiras declarações do novo secretário já evidenciam o seu caráter sonhador, como podemos ver na entrevista realizada no Tribuna Independente, do canal Rede Vida: “Nada como as mães para acompanhar como é que está a merenda do seu filho. Eu sonho com uma escola em que houvesse uma horta, houvesse um galinheiro, e que a merenda fosse feita e elaborada pelas mães. Há comida feita com mais amor do que pelas mães?”. Nalini nos presenteou com essa declaração após ser questionado sobre as denúncias de estudantes sobre a falta de merenda nas escolas estaduais.
O secretário explica bem de onde vem esse sonho e como ele se realizaria. Ele afirma que a terceirização da merenda, como é realizada hoje, “além de nos trazer esses dissabores (dos desvios), priva a escola de ser uma extensão do lar. Não sei se é utopia, mas eu gostaria muito que nós voltássemos a isso, que já houve em São Paulo. Hortas, cozinhas dentro da escola, com as mães oferecendo, voluntariamente”.
Realmente a terceirização vem acompanhada de uma série de dissabores. Por exemplo, quando o Estado deixa de cumprir com suas funções mais básicas e começa a usar empresas privadas para prestar serviços que ele deveria oferecer. Quando permite a criação de máfias, como essa da merenda, que roubam o dinheiro público. Que terrível dissabor que é o corte de verbas em detrimento de uma dívida pública que não foi feita por alunos ou por seus pais. Só de imaginar que metade do orçamento da união vai para o bolso de banqueiros especuladores, já somos tomados por esse sentimento expresso pelo secretário sonhador.
Nalini não foi nomeado para resolver o problema da educação no estado de São Paulo. O que ele chama de utopia, chamamos de hipocrisia. Alckmin trocou um funcionário que lembrava um nazista por um que parece bom moço, mas sem mudar a política.
As palavras bonitas usadas por Nalini são acompanhas da defesa da reorganização escolar, que deverá ser aplicada por parecer uma “boa proposta” segundo o secretário. Na verdade, é uma proposta que visa atacar seriamente a educação pública.
Concordamos com Nalini quando ele critica a terceirização. Mas porque ela é um instrumento de ataque aos direitos trabalhistas, que é utilizada quando o Estado busca cortar gastos e atacar a educação pública. Não queremos escolas em que as mães dos estudantes fazem as refeições. Queremos funcionários concursados e preparados para exercer essa função. Não queremos “reorganização” escolar, queremos educação pública e gratuita para todos!
Por fim, se eu estudasse em uma escola estadual de São Paulo, não me agradaria concretizar o sonho de Nalini. Meu pai cozinha melhor que a minha mãe.