Fomos em 4 pessoas, de carro, até a empresa metalúrgica IESA, localizada no limite de município entre Araraquara e Américo Brasiliense. Postamo-nos perto de um viaduto e na entrada da empresa, por volta das 6h40 com panfletos. Entregamos os mesmos e conversamos com cerca de seis operários, que relatavam a situação dos trabalhadores da empresa. Eles diziam que havia atrasos de meses no pagamento dos salários e confirmavam que tinham havido demissões massivas na semana anterior, inclusive de pessoas que estavam esperando a aposentadoria, pessoas em situação de licença-saúde e trabalhadores com estabilidade sindical. Situações que configuram um flagrante desrespeito às leis trabalhistas.
Por diversos operários, foi citado que viria uma “verba de FURNAS”, que a empresa tinha ganho na Justiça e que serviria para pagar os salários. Eles relatavam que tudo na empresa é mantido sob sigilo absoluto, nenhuma informação é pública e nem lhes é prestado os devidos esclarecimentos. Isso nem por parte da diretoria e nem por parte do Sindicato dos Metalúrgicos/CUT – para que possam compreender a verdadeira situação financeira da empresa. Nos foi dito que a empresa não depositara o FGTS, o que configura fraude e roubo, uma vez que o dinheiro do trabalhador foi descontado. Num determinado momento, por volta das 7h10, os seguranças da empresa nos mandaram embora, mesmo que nós estivéssemos do lado de fora das dependências da empresa.
Quando estávamos indo em direção ao carro, vimos uma aglomeração de pessoas em frente a uma empresa. Paramos para conversar e descobrimos que se tratava de uma greve que acabara de começar. Neste local estavam sindicalistas do Sindicato dos Metalúrgicos/CUT, que fizeram falas para os trabalhadores e diziam que deviam evitar que a empresa Metalbrás, que tem por volta das 150 operários, chegasse à situação da vizinha IESA. Em situação análoga, o patrão perseguia e não depositava os direitos trabalhistas, como FGTS e havia também a questão do dissídio coletivo de 2015 e o de 2016. Panfletos foram entregues para os trabalhadores e contatos foram anotados.
Em relação à IESA, os sindicalistas disseram que uma empresa chamada Hedrix estava pagando operários na empresa para completar uma obra, que duraria até janeiro de 2017. Após esse prazo, a empresa Hedrix teria interesse em “comprar” a IESA, só que com 300 trabalhadores somente. Os outros 400, que ainda estão no quadro da empresa, teriam que ser demitidos. A IESA, que tinha 1.100 funcionários até a primeira semana de outubro, passou para 700 e passaria para 300 no primeiro trimestre de 2017.