Morte de Mc Reaça, Bolsonaro e a sociedade de classes

O movimento Mulheres pelo Socialismo e a Esquerda Marxista, vêm em nota manifestar o seu repúdio às declarações publicadas pelo presidente Jair Bolsonaro, no último dia dois de junho, em alusão à morte de Tales Volpi. Entretanto, nossa indignação vai muito além dessa atitude infeliz praticada com total naturalidade por Bolsonaro. Nosso repúdio está relacionado ao fato de o presidente ter lamentado a perda de um “grande talento”, ao mesmo tempo em que ignora o comportamento violento e agressivo deste seu apoiador.

Mc Reaça, como ficou conhecido por apoiar Bolsonaro, antes e durante a sua candidatura à presidência em 2018, compunha músicas com temáticas que contribuíram para disseminar o codinome de “mito” entre seus admiradores e por exaltar e estimular a opressão e a degradação das mulheres, em especial, aquelas consideradas por ele como de esquerda.  Além de outros temas centralizados de apoio à classe dominante, como o antagonismo sustentado em suas letras, que também expuseram como é a sociedade capitalista.

Nesse contexto, a violência e o assassinato de mulheres, estimulado pelo bolsonarismo, e colocado em prática pelo funkeiro, demonstrou, mais uma vez, o caráter hipócrita e demagogo de Bolsonaro. Isso especialmente por sempre apresentar-se como defensor da dita “moral e dos bons costumes” da família tradicional burguesa. Mas ao mesmo tempo twitta seu apoio ao agressor de uma mulher, que inclusive pensava estar grávida, que mantinha relações com ele extra conjugalmente. Isso só demonstra a hipocrisia da burguesia em defender tal moral. Na verdade, essa tal moral que pretendem esconder é a de tratar as mulheres como propriedade e ferramenta de procriação e delas fazer o que querem. Vale bater, abusar, estuprar, agredir, cercear, desmoralizar, matar e etc. Essa é a moral e os bons costumes que nós chamamos a derrubar!

Diante de todos os ataques que virão desse governo e de todas as demonstrações de falta de respeito com a classe trabalhadora, com as mulheres, negros e todas as pessoas LGBTs, o Mulheres pelo Socialismo e a Esquerda Marxista propõem a palavra de ordem “Fora Bolsonaro”. Apontam essa reivindicação como a única saída para colocar abaixo este sistema capitalista e este governo misógino e de ataque à classe trabalhadora.

Imediatamente, a partir do momento em que são pautadas todas as causas da violência que nos compele e nos mata, com base no materialismo histórico dialético, chegamos sempre à mesma conclusão: foi a divisão social entre homem e mulher, desenvolvida na história a partir da produção de excedentes e do surgimento da sociedade dividida em classes, que foi determinado à mulher uma condição de submissão em relação ao homem.

A partir dessa conclusão, compreendemos que somente a luta de classes colocará abaixo este sistema que oprime a maioria trabalhadora e em especial, nós mulheres. Somos nós enfrentamos questões específicas de exploração e assédio de todos os tipos e em quase todos os lugares. Desse ponto de vista, como marxistas, lutamos pela real emancipação das mulheres, que só será possível com a abolição da sociedade dividida em classes, com o fim da opressão de uma nação ou povo por outro e, naturalmente, a opressão da mulher pelo homem. Portanto, nossa luta está conectada com a luta de classes. Bem como na construção do coletivo Mulheres pelo Socialismo para combater a opressão contra as mulheres e preparar o caminho para a derrubada de Bolsonaro e do capitalismo.

Dessa forma, lutamos por direitos nessa sociedade, através de uma plataforma de reivindicações transitórias, buscando reduzir as agressões pelas quais passa a maioria das mulheres no mundo. Por fim, é importante que mulheres trabalhadoras e homens trabalhadores, estejam organizados, conscientes, e pensando em coletivo, para o aprofundamento da luta de classes que se avizinha e pela revolução socialista.