Movimento Negro Socialista de São Paulo: As revoltas conquistaram a abolição!

No dia 13 de Maio, o Movimento Negro Socialista (MNS) de São Paulo fez uma importante atividade pública online discutindo as revoltas que conquistaram a abolição. A perspectiva de comemorar essa data não é pela lógica da elite dominante colonial à época que aprovou a Lei Áurea e sim pelas numerosas revoltas do povo negro, a resistência dos quilombos, de Zumbi dos Palmares e a solidariedade de classe que culminou no movimento abolicionista juntando brancos, negros, pequenos comerciantes, intelectuais e a jovem classe trabalhadora que se formava. Saudamos as revoltas que verdadeiramente colocaram abaixo o regime escravocrata no país!

A atividade debateu as várias insurgências como a Conjuração Baiana, a Revolta dos Malês, a Cabanagem, a Balaiada, a Guerra dos Farrapos, somados ao Movimento Abolicionista, o primeiro movimento social nacional, composto por comerciantes, escravos, ex-escravos, intelectuais, trabalhadores como sapateiros, ferroviários, tipógrafos, jangadeiros e contava com o apoio da população que se somou ao coletivo para fortalecê-lo, pois concordava com as ideias abolicionistas.

Os participantes da atividade também discutiram como a Revolução Francesa, a Revolução Haitiana e a abolição da escravidão nos EUA influenciaram as várias lutas e insurgências brasileiras.

Sabemos que há um discurso que percorre diversos espaços do movimento negro de que o 13 de Maio não deve ser comemorado, para não dar legitimidade à canetada da Princesa Isabel. Esse é um ponto de vista estreito sobre todo o processo de revoltas que culminou no 13 de Maio, não deixando escolha ao regime a não ser oficializar a abolição. E a demonstração de que é equivocado tal discurso foi que todas as organizações do movimento negro que defendem que o 13 de Maio não deve ser comemorado, se viram obrigadas a ir para a rua se manifestar contra a violência policial, no Rio e em São Paulo, justo no dia 13 de Maio.

Na atividade do MNS, o racismo, ideologia da burguesia fundamental para o estabelecimento do capitalismo, foi amplamente denunciado seja na herança maldita da escravidão, da qual sentimos reflexos até hoje com as condições de vida da população negra, jogada à margem da sociedade, precarizados em todos os aspectos, da exploração, do desemprego, da falta de serviços públicos, do assassinato e criminalização pelos aparelhos de repressão do Estado e que em meio à pandemia todos esses aspectos foram acentuados.

A atividade contou com a participação de um camarada do MNS do Rio de Janeiro, Felipe Araujo, que falou sobre a recente chacina do Jacarezinho. Lembramos também dos dois jovens, tio e sobrinho que foram espancados e mortos por seguranças do mercado Atacarejo em Salvador (BA) por estarem furtando pacotes de carne. A atividade debateu a Campanha que impulsionamos “Ser negro não é crime”, contra a violência policial e a justiça racista.

No sistema capitalista não há saída para a classe trabalhadora, em especial para os trabalhadores negros. Neste sistema estamos colocados para morrer de fome, ou de Covid, ou assassinados pela polícia. A resposta que devemos dar para pôr fim a tanto sofrimento, opressão e violência é pôr abaixo as instituições capitalistas, os aparelhos de repressão do Estado, o Parlamento burguês, o Judiciário racista, para formar uma nova sociedade, uma sociedade socialista. Temos muito claro que combater o racismo passa por combatermos o capitalismo, passa pela luta de classes. E temos muito claro que quem poderá cumprir essa tarefa é a classe trabalhadora unida – trabalhadores brancos, negros e de todas as cores unidos contra nossos inimigos de classe.

Por isso nós do MNS finalizamos a atividade chamando todos os presentes para somarmos forças no “Encontro Nacional de Luta: Abaixo Bolsonaro! Por um Governo dos Trabalhadores Sem Patrões Nem Generais!” convocado para 10 de julho. É preciso abrir uma perspectiva de mudança já! Não podemos esperar as próximas eleições burguesas!

Sabemos que as lutas e as revoltas do povo negro conquistaram a abolição, saudamos essas lutas, mas a verdadeira emancipação dos trabalhadores negros e brancos virá com a revolução socialista!

  • Viva as revoltas do povo negro que originaram o 13 de Maio!
  • Viva o MNS!
  • Viva a Revolução Socialista!
  • Ser negro não é crime!

*Renata Costa é militante do Movimento Negro Socialista