O movimento Mulheres Pelo Socialismo realizou atividade dia 16 de junho com o tema “Trabalho Igual, salário igual” no auditório do Sindicato dos Servidores Públicos de Joinville. O informe contou com a presença de cerca de 30 convidados e foi apresentado pelos militantes da Esquerda Marxista Deise de Lima e Tiago de Carvalho.
A história da humanidade é a história da luta de classes
Tiago iniciou o informe enfatizando que a desigualdade a que a mulher está submetida no presente é fruto da divisão da sociedade em classes e, embora esta condição seja historicamente anterior ao capitalismo, é nele que sentimos e observamos os seus maiores danos. Nesse sentido, destacou o papel do machismo como produtor de desigualdade entre mulheres e homens explicando que com um conjunto de outras formas de opressão, entre elas o racismo, o machismo mantém e retroalimenta a estrutura de dominação dentro do sistema capitalista.
O informante reforçou, que sob a lógica do capital com o desenvolvimento das forças produtivas, a força física tornou-se algo secundário e as relações sociais de produção mudaram sua configuração. Com a entrada de mulheres e crianças no mercado de trabalho, com salários mais baixos, inicia-se não só a concorrência, mas o rebaixamento geral dos salários e o consequente desemprego. Todavia ao passo que é proveitoso ao sistema dividir os explorados, quando o capitalismo tirou a mulher do embrutecimento da vida do lar, trazendo-a para as fábricas, trouxe-a também para as fileiras do proletariado, abrindo para as mulheres a única arma capaz de derrotá-lo: a organização de classe.
A mulher na sociedade capitalista
Se a história da humanidade é a história da luta de classes, pode-se dizer que a história das mulheres na luta de classes tem sido uma história repleta de batalhas cotidianas por melhores condições vida, igualdade de direitos e superação de um modelo de família e de sociedade que tem o objetivo claro de utilizar todas as formas possíveis de divisão para manter a classe trabalhadora dominada em detrimento do desenvolvimento e bem estar de uns poucos.
Nessa perspectiva, o informe da camarada Deise trouxe um retrato por meio de levantamentos estatísticos de órgãos governamentais burgueses, do lugar da mulher na sociedade capitalista, tanto do ponto de vista do acesso à educação, quanto ao espaço que ocupa no mundo do trabalho.
É fato, que dentro da classe trabalhadora, são as mulheres em sua esmagadora maioria, que enfrentam os desafios e a carga de uma dupla ou tripla jornada de trabalho, Deise explicou que dentro desse quadro, de acordo com dados do IBGE (2016/2017) as mulheres continuam a ganhar menos e gastar mais tempo com cuidados de familiares. As tarefas domésticas que fazem parte do cotidiano de qualquer família estão 73% sob a responsabilidade das mulheres, são em torno de 18 horas semanais para as mulheres e 10 horas para os homens, dedicadas a essas tarefas.
Em relação à remuneração as mulheres recebem cerca de ¾ do que os homens recebem, mesmo que o nível de escolaridade delas seja superior. Do ponto de vista da saúde, há o agravante da recorrência de gravidez na adolescência sem o apoio do Estado para uma possível interrupção. Nessa situação, desde muito cedo são sempre elas que têm que equacionar a dura realidade das “escolhas” entre a maternidade, os estudos e o trabalho.
O “Fio de Ariadne” para emancipação da classe
Nesse quadro histórico de crise do sistema capitalista e consequente crescimento da desigualdade social, com políticas de austeridade, cortes de direitos e dilapidação do ensino público, se alimenta o fosso existente entre homens e mulheres. O “Fio de Ariadne” para a saída desse labirinto chamado capitalismo se chama REVOLUÇÃO. Superar as contradições, os preconceitos e o conservadorismo característicos da sociedade burguesa entre o proletariado, é tarefa diuturna de todos nós. Não será possível mudar isoladamente a condição da mulher na sociedade capitalista, sem que suplantemos a sociedade de classes.
A metamorfose interna, a que Trotsky se refere em seu texto sobre a Teoria da Revolução Permanente, defende que uma revolução passaria necessariamente pelos aspectos mais difíceis de transformar, que são aqueles preconceitos e hábitos inculcados pela exploração capitalista. A organização de uma pauta transitória que expresse os anseios e dificuldades da mulher trabalhadora, serve essencialmente para que os temas sejam discutidos, enxergados dentro do processo histórico que os alimentou e conduzir à reflexão de que só a construção de um partido revolucionário com programa definido pode conduzir à emancipação do conjunto da sociedade.
A consigna, “Trabalho igual, salário igual” consiste numa importante reivindicação transitória, que costura junto de si todas as demais consignas desse movimento, que podem ser conhecidas detalhadamente no documento “Plataforma política de luta pela emancipação da mulher trabalhadora“.
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