Foto: Mídia 1508

Não houve engano, foi uma família executada na guerra de classes

A execução de Edvaldo Rosa, 51 anos, negro, trabalhador, músico e segurança, praticada por militares do exercito em 7 de abril por volta das 14 horas em Guadalupe, bairro da cidade do Rio de Janeiro, é uma das principais estratégias utilizadas pelos órgão de segurança, sejam eles municipais, estaduais ou federais.

O carro em que estava Edvaldo, sua esposa, seu filho de sete anos e seu sogro foi atingido por 80 tiros de fuzil segundo a policia civil, sem que houvesse a indicação de nenhum confronto com as forças militares.

A primeira versão do Comando Militar Leste, divulgada por nota, dizia que o carro havia furado uma blitz, atirado contra os militares que responderam a agressão. Uma nota padrão utilizada pelos órgãos de repressão quando assassinam pobres e negros por este país a fora.

A versão oficial do exército não se sustentou por 24 horas, em razão dos vários vídeos que filmaram a ação. Isso não permitiu como nos anos de chumbo que os assassinatos praticados pelos militares em instituições das forças armadas fossem vendidos como confronto entre “terroristas e forças de segurança”.

Na segunda feira de manhã, o Exército informou que os 10 militares que participaram execução de Edivaldo foram presos em flagrante, e de acordo com GLO (Garantia da Lei e da Ordem) serão apurados pela Justiça Militar, mesmo que o crime tenha sido praticado contra civis desarmados. Com certeza esta investigação será efetuada sem nenhuma transparência, como se estivéssemos num regime de exceção oficial.

Guerra de classes

A burguesia há muito tempo declarou uma verdadeira guerra contra a classe trabalhadora, os pobres e os negros. Para este combate ela mobiliza todo aparato de seu Estado Democrático de Direito (Judiciário, Legislativo, Executivo, todos os aparatos militares e repressivos). Conta também com aliados importantes como os grandes veículos de comunicação que propagam toda a ideologia do terror, para justificar o estado permanente de guerra aberta para preservar os interesses da burguesia.

O racismo estrutural é um destes pilares que sustenta esta guerra, pois o assassinato da população negra, principalmente de jovens negros que ocorrem todos os dias foi naturalizado, e sempre encontra uma justificativa junto à “opinião pública” formada pelo senso comum.

A intervenção militar no Rio de Janeiro não resolveu nenhum dos problemas de segurança do Estado, ampliando o número de mortes praticadas diretamente por agentes do Estado, que levaram o terror e o banditismo oficial com suas operações às populações que residem nas favelas cariocas.

Esta política de guerra aberta é o que permite que o atual governador defenda a execução sumária como o fato ocorrido na comunidade da Falett, na região Central da cidade, que deixou 13 mortos, a esmagadora maioria, inclusive, sem passagem pela polícia.

O Exército treina seus militares para a guerra e o Haiti foi onde o realizou um papel criminoso contra a população pobre e negra do país. O exercito levou 36 mil militares para treinarem no laboratório instalado no Haiti, e agora usam este treinamento contra o Haiti que existe aqui.

A aplicação de políticas de segurança pública reclamadas inclusive por setores de esquerda para serem aplicadas no país não resolverá nenhum problema. Ao contrário se voltarão cada vez mais contra a classe trabalhadora, os pobres e negros, pois elas são centradas na proteção ao patrimônio como determina a lógica capitalista.

Dentro deste regime não tem solução para nenhuma cidade brasileira. Vivemos o estágio de degradação do sistema, de destruição de direitos, de barbarização das relações sociais para garantir a manutenção da taxa de lucro dos capitalistas, de destruição dos serviços públicos. Nessas circunstâncias, falar em aplicação de políticas estruturantes de fundo com aplicação de recursos educação, saúde, moradia, geração de empregos, cultura, esportes, entre outras áreas, mas sem denunciar o sistema capitalista e seu Estado, é propagar uma mentira. Ela ajuda a reforçar o preconceito e a criminalização da pobreza, e alimenta da falsa ideia de que outro mundo é possível dentro do sistema capitalista.

Precisamos, devemos e vamos continuar lutando contra toda sorte de violência praticada pela burguesia e seu Estado, mas colocando no centro da luta a necessidade da organização independente da classe trabalhadora e do povo contra o sistema capitalista onde são paridas todas elas.

“Se o capitalismo é incapaz de satisfazer as reivindicações que surgem infalivelmente dos males que ele mesmo engendrou, então que morra!” Leon Trotsky