Foto: Cristiano Estrela, Secom

Nota sobre a “Greve Sanitária” do Sinte-SC

Na terça-feira, 8 de março, aconteceu a terceira assembleia estadual do ano sobre o retorno presencial das aulas. Na primeira assembleia, em 12 de fevereiro, foi deliberada, por cerca de 550 participantes, uma “greve sanitária” a iniciar no dia 18 de fevereiro, dia do retorno às aulas. Às vésperas, no dia 16 de fevereiro, após o governo ter desmarcado uma mesa de negociação, foi aprovada na segunda assembleia da categoria a proposta, defendida pela direção estadual, de fim da greve que ainda nem havia começado.

Passadas duas semanas do início das aulas presenciais, com o colapso do sistema de saúde, a infecção e morte de vários trabalhadores em educação, foi realizada mais uma assembleia, com cerca de 500 participantes (aproximadamente 1% da categoria). Uma média simples mostraria que menos de 15 trabalhadores por regional participaram da assembleia. Nada foi organizado da última assembleia até a nova assembleia, fomos e estamos abandonados por completo.  A direção do Sinte presta-se a organizar a derrota da categoria.

Em suma, todos que fazem parte da categoria sabem que a mobilização dos trabalhadores da educação não foi construída pela direção sindical e passa ao largo das discussões nos locais de trabalho.

Como se não bastasse tudo isso, houve a votação de duas propostas:

  1. Greve Total da categoria
  2. Greve Sanitária

Só existia uma proposta possível, greve total, pois na greve sanitária a categoria imediatamente é dividida, visto que os que são grupo de risco já estão em trabalho remoto, assim como aqueles que atuam em cidades que, por conta de decretos municipais, estão trabalhando à distância.

Nas assembleias online a votação é feita por meio de uma enquete da plataforma Zoom, sem qualquer lisura, controlada pela direção. Nesta última assembleia, na primeira tentativa de enquete venceu a proposta de greve total. Em seguida, com a desculpa de um problema técnico, com 60% dos votos foi aprovada a greve sanitária, que era a posição da direção. Portanto, nada naquela assembleia tem legitimidade.

Não era possível durante a assembleia pedir uma questão de ordem ou esclarecimento, pois o chat e o microfone são fechados e somente a direção estadual tem acesso. À categoria foi dado somente o direito de assistir a assembleia e se alvoroçar para concorrer às restritas falas abertas aos participantes. Da última vez, o militante da Corrente Sindical Esquerda Marxista teve seu direito de fala negado pela direção, em um aparente “descuido”. Apesar de termos informado a regional de Joinville, nossa inscrição não foi acolhida.

Encerrada a assembleia os participantes não conseguiam nem mesmo ter certeza do que foi aprovado tamanha fraude a que fomos subordinados.

Em Joinville, o “primeiro” dia da greve, 9 de março, é feriado municipal. O Sinte-Joinville apenas no decorrer do dia de ontem (09) informou que realizará hoje (10/3) às 16h uma assembleia regional. E nas outras sete cidades que pertencem à regional de Joinville, o que a direção regional orientou os professores a fazer ontem? Ou seja, a greve é uma mentira, tal qual se fez em São Paulo, uma tentativa de desmobilizar por completo a categoria.

Os motivos para entrarmos em greve imediatamente são inúmeros: os protocolos de contingência, mesmo cumpridos à risca, não garantem a segurança sanitária da comunidade escolar; a plataforma de ensino remoto não funciona, as contratações não acontecem, a equipe administrativa está sobrecarregada. Ainda poderíamos mencionar nas questões salariais da nossa categoria, totalmente esquecidas pela direção estadual.

No entanto, o sindicato acaba de organizar uma derrota da categoria e não uma greve. Do outro lado, o governo, encerrada a assembleia, colocou em todos os locais de trabalho a ameaça aos que aderirem. No documento explica que o não cumprimento da aula presencial implica em desconto imediato e no final do dia de ontem já conseguiu na justiça uma multa de 50 mil reais por hora de greve ao sindicato.

Diante de tudo isso, a Corrente Sindical Esquerda Marxista convida todos os trabalhadores em educação a discutirem conosco o que fazer, a necessidade de parar as atividades, a necessidade de dialogar com a comunidade sobre a situação insana que estamos vivendo. Estamos por nós mesmos e precisamos nos organizar para além da derrota organizada pela direção sindical.

Convidamos a todos a construírem debates e deliberações em seus locais de trabalho, fortalecendo o movimento, ocupando os espaços do sindicato e tomando a defesa das nossas vidas em nossas mãos.