A atual crise do sistema capitalista tem aprofundado os cortes e ataques à ciência e educação pública. É possível observar a estagnação dos números de acessos às universidades presencias e como nos últimos anos a busca pelo Ensino a Distância (EaD) tem se tornado um paliativo aos que buscam continuar estudando.
Os dados apresentados pelo Instituto Semesp apontam um crescimento em 2019 de 1,9% por vagas em cursos presencias nas universidades. Enquanto na modalidade EaD o crescimento foi de 19,1%. O crescimento do EaD se concentra na rede privada de ensino, aumentando ainda mais os bolsos dos barões do ensino como os grupos Uniasselvi, Lemann e Kroton/Cogna, entre outros.
Mostrando a disparidade pela busca do EaD, alguns elementos devem ser observados. A maioria das motivações para matrículas na modalidade a distância apontam para as questões financeiras. Muitos dos cursos não precisam de uma estrutura muito complexa deixando os valores das mensalidades menores comparadas com as comunitárias/privadas.
Outro elemento para se observar é o crescimento do custo de vida para a classe trabalhadora, com o desemprego em alta (14,7%) e os ataques frequentes aos direitos trabalhistas, muitos estudantes não têm como manter a rotina de ensino cotidiano por razões de trabalho e outros afazeres, tornando o EaD uma alternativa aos que buscam estudar.
A precariedade do EaD
A didática aplicada cria uma série de profissionais inseguros e despreparados para atuarem em suas profissões, precisando buscar por outros meios os conhecimentos práticos e teóricos que não são aprofundados.
Na maioria dos cursos EaD e semipresenciais encontram-se métodos pouco efetivos para preparar os estudantes de acordo com o necessário para a dinâmica do trabalho. São disponibilizados vídeos e cartilhas para serem estudadas para provas, entre rotinas semanais de matérias que duram um mês em média.
Tratando apenas do superficial dos temas abordados, as questões práticas são deixadas de lado e foca-se apenas na manutenção da dinâmica que a instituição aplica, como palestras e entregas de trabalhos específicos semestrais.
Quem ganha com o EaD?
Por conta da pandemia, defendemos que o ensino remoto deveria ser disponibilizado em todos os meios de ensino para garantir a segurança e integridade dos profissionais da educação e dos estudantes, mas de uma maneira planejada, garantindo uma quantidade adequada de professores por turma e com todo o dinheiro necessário em equipamentos e estruturas para que professores e alunos pudessem acompanhar as aulas sem nenhum tipo de problema.
O que vemos na pandemia são os tubarões da educação se aproveitando da situação para avançar sobre o ensino público, que estava despreparado para lidar com a pandemia. Logo, muitas fundações empresarias como o grupo Lemann ofereceram parcerias com a rede pública em troca de divulgações e acordos com secretarias de educação para disponibilizarem seus aplicativos e “tecnologias”.
O projeto que a burguesia tem apresentado é respaldado pela Unesco que aponta através da “Coalizão Global pela Educação” medidas para aprofundar o EaD nas redes de ensino. O uso de metodologias prontas para a educação tira a função geral do professor e busca colocar em xeque sua necessidade na sala de aula, colocando tutores para repassar o cronograma das cartilhas das instituições.
A luta no EaD
A previsão para 2021 é de um crescimento de 9,8% nas instituições EaD. Nesses polos de ensino se encontram trabalhadores e jovens que buscam continuar seus estudos mesmo diante de todas as mazelas que o capitalismo impõe.
É urgente ajudar esses companheiros, que muitas vezes encontramos nas fábricas e locais de trabalho, a se organizarem nos seus sindicatos ou mesmo construindo CAs e DCEs nesses polos, e a combater toda a destruição e exploração que os barões do ensino junto ao Ministério da Educação aplicam. Negando as privatizações do ensino público, exigindo condições e materiais adequados para as universidades e que todos tenham acesso para se matricular sem vestibulares em qualquer modalidade!
Dinheiro para tudo isso nós sabemos que existe. Afinal, o pagamento da dívida pública recai sobre as costas dos trabalhadores.
Por isso, convocamos todos a levantarem essas bandeiras juntos com a Liberdade e Luta:
- Defesa das vidas proletárias! Vacinação para todos! Retorno às aulas presenciais somente com vacina!
- Direito à educação! Garantia de condições de estudo para todos os estudantes continuarem seus cursos: tablets, computadores, internet, bibliotecas virtuais e todo tipo de apoio pedagógico!
- Garantia de condições de trabalho nas universidades! Readmissão de todos os demitidos e aumento dos salários!
- Tecnologia para a educação sim, EaD não! Não a superlotação de salas, correção robótica, redução da grade e demissões!
- Anulação das dívidas dos inadimplentes! Pela garantia de conclusão do curso!
- Não aceitamos empréstimos do capital que apenas visam mais endividamento dos estudantes! Fim das mensalidades! Fora mantenedoras privadas! Federalização das universidades pagas que recebem dinheiro público sob controle dos que nela estudam e trabalham!
- Em defesa da educação pública, gratuita e para todos, em todos os níveis! Abaixo o orçamento de guerra do governo Bolsonaro! Devolução imediata das verbas da saúde, educação e ciência!
- Em defesa da pesquisa e da ciência! Reposição e ampliação das bolsas da CAPES e CNPq!
- Pelas liberdades democráticas nas universidades pagas! Construção de verdadeiros sindicatos de estudantes!
- Abaixo o governo Bolsonaro! Por um governo dos trabalhadores sem patrões nem generais! Abaixo o pagamento da dívida pública!
- Pelo socialismo, para que a educação e a produção cientifica sejam voltadas aos interesses da humanidade e não do lucro!
Referências: